(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas M�DIA E PODER

Entrada de Sergio Moro estreita as margens e a zona de conforto de Lula

Mesmo parado, ex-juiz encarna tudo o que pode se dizer de ruim do petista e, mesmo perdendo, tem potencial de fazer mais estragos do que j� fez � sua biografia


09/11/2021 06:00 - atualizado 09/11/2021 07:18

Moro e Lula
S�rgio Moro e Lula (foto: Ag�ncia Brasil )

J� escrevi em algum lugar que seria melhor que Lula tivesse ficado escrevendo artigos para o New York Times, como quando deixou o governo, ou fosse defender a libera��o da  maconha como Fernando Henrique Cardoso. Ou abra�ar �rvores, com a Marina Silva.

Poderia aceitar uma candidatura a vice figurativo, como fez Cristina Kirchner em situa��o semelhante � sua na Argentina, na campanha vitoriosa de Alberto Fernandez.

Ideal � que Gilmar Mendes n�o tivesse  anulado todas as suas condena��es na Lava-Jato . Com pelo menos uma, seria impedido de ser candidato e poderia passar o resto da vida fazendo lembrar os tempos de bonan�a do seu governo, que animam seus n�meros eleitorais.

Participaria de todas as campanhas futuras como articulador privilegiado nas sombras e iria tirar mais fotos na praia com Janja, numa velhice c�moda de eterno salvador da p�tria que s� n�o a salvou dessa vez porque a Lava-Jato n�o deixou.

O presente de grego do STF tem a ver com a campanha sangrenta que vai enfrentar, para lembrar tudo o que quer esquecer, num cen�rio mais intolerante do que nunca com a esquerda, suas pautas e sua vis�o de mundo. E diante de uma milit�ncia de direita beligerante que nunca enfrentou,  como digo neste artigo .

E agora, para piorar, confirmando suas piores expectativas, tem Sergio Moro como candidato.

Era natural que a  margem estupenda a seu favor nas pesquisas  fosse desidratada no processo natural de decanta��o da campanha e do crescimento de inten��es de outros candidatos, ainda que p�fias. Um m�nimo de pulveriza��o de candidaturas iria desinflar seus n�meros.

Ele tinha explodido nas indica��es, desde que teve seus processos da Lava-Jato anulados, como alternativa quase autom�tica a Jair Bolsonaro, muito pelo fervor da sua milit�ncia, mas tamb�m pelo deserto de outros nomes com alguma chance.

O quadro j� havia mudado bem, pelo menos desde setembro, com a subida de Ciro Gomes para a terceira posi��o e o sil�ncio de Bolsonaro, que sempre lhe traz mais votos nas pesquisas do que a fala.

De tal forma que a �ltima do PoderData, que transpira o que se sente no panorama das outras, indica que o petista bateu no teto das indica��es espont�neas, quando n�o se apresenta o disco com os nomes dos candidatos, que sugere certa fidelidade do eleitor.

Voltou para sua margem hist�rica de 33% do eleitorado, de onde historicamente n�o cai nem que saia pelado na rua. 

� o ter�o que se contrap�e ao outro ter�o que vota em seu oposto e ao ter�o do meio, que vota em qualquer um diferente dos dois extremos, onde Moro vai catar voto. Seus 42 a 45%, de quando se apresenta o disco com os nomes, tem cara de teto tamb�m, de onde tem mais chances de desinflar do que de inchar.

Mas a  chegada de Sergio Moro na disputa , por�m, � seu inferno particular. Ele abala as pretens�es da maioria dos candidatos da terceira via, de Ciro Gomes particularmente, de quem j� toma o terceiro lugar, e em especial as suas, mais do que de Bolsonaro.

N�o � um caso de inten��o de votos, que ser� menor que a de Lula at� as elei��es, mas o retrato parado de um contraponto que � absolutamente desconfort�vel para o petista. 

Sua presen�a mesmo muda na cena, nas pesquisas, no notici�rio ou no hor�rio eleitoral, faz mais pela campanha contra ele do que tudo que poderia ser dito pelos outros advers�rios.

Costuma-se dizer que Lula o destruiria num debate, do que n�o duvido. Mas mesmo seu sil�ncio num debate eventual e improv�vel com Lula iria plasmar no inconsciente coletivo tudo o que o petista fez no ver�o passado.

N�o se descarte nunca o malabarismo de Lula, que pode chegar �s elei��es com um arrast�o de apoios pol�ticos que Moro nem sonha alcan�ar e arrastar a campanha para os pontos vulner�veis de Moro. 

Que n�o s�o poucos. O menor � a alegada imparcialidade com que a milit�ncia de seu partido, de parte da imprensa, do Congresso e do STF o massacraram.  Sua inexperi�ncia e seu salvacionismo  podem soar meio ingenuidade numa elei��o que busca candidatos experientes que saibam do que est�o falando.

Mesmo no caso do liberalismo econ�mico, que Sergio Moro vai encarnar como sua ant�tese na sombra do espectro pol�tico mais � direita e mais Bolsonaro, Lula poder� dar aulas de que o mundo j� n�o funciona mais bem assim. Que o capitalismo de estado que professa, de prote��o ao capital e esmolas para os pobres, � o �nico vi�vel neste pa�s atrasado. Como de fato tem sido.

Seu problema maior continua sendo se confrontar com um espelho que � p�ssimo para a sua biografia. Vai para a elei��o com muito mais a perder do que a ganhar.

Se ganhar no voto, tem um pa�s inadministr�vel em que,  como tamb�m j� escrevi aqui , vai ter que fazer tudo o contr�rio do que pregou em campanha. Vai ter fazer cortes, reformas e, como sempre, alian�as com o diabo.

Vai ganhar perdendo, cercado de desconfian�a e m� vontade da minoria derrotada, entrincheira com a nova milit�ncia de direita nas redes sociais. E se arrepender amargamente de n�o ter ido para a praia com a Janja. 

O que n�o ocorre com Moro, que n�o precisa ganhar. Est� nisso para dar uma higienizada na biografia, enlameada mas tamb�m projetada  pela campanha furibunda de lulistas e bolsonaristas , que n�o soube enfrentar. 

Est� para ganhar, mesmo perdendo. N�o quer dizer que n�o v� chegar l� com projeto, equipe e mais jogo de cintura do que tem agora. A hist�ria j� provou, como admitem seus maiores advers�rios, que de bobo n�o tem nada.

Mais textos meus  no Facebook .

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)