
Tem quem passe pela vida fazendo jus a cada minuto do tempo que nos foi dado por aqui. Jos� Eug�nio Soares, ou simplesmente, gigantemente J�, foi um cara assim. N�o s� aproveitou seus dias, que pareciam infinitos, como desfrutou cada um deles e nos deixou um legado art�stico e humor�stico imortal.
Freddy Mercury, Einstein, Newton, Garrincha, Maradona, Frank Sinatra, Darwin, Golda Meir, Freud… sempre que me deparo com seus nomes penso na verdadeira imortalidade humana. H� quem viva pouco, como Cazuza, e n�o morra nunca. Se isso n�o � ser imortal, que diabos � ent�o?
J� Soares fez parte de ao menos duas gera��es inteiras de brasileiros que gargalharam, se emocionaram, choraram com seus livros, pe�as, programas e personagens. Trouxe para o Brasil o formato de talk-show, tradicional nos Estados Unidos, precursor dos atuais videocasts, assistidos diariamente por milh�es de pessoas no Youtube.
Fez o J� Soares 11h30, o Programa do J�, a Fam�lia trapo, o Viva o Gordo, o Planeta dos Homens, escreveu cinco livros, atuou em vinte e dois filmes, criou e interpretou mais de 250 personagens, muitos deles lembrados at� hoje, como o Reizinho, o Capit�o Gay, o Z� da Galera, al�m de bord�es como ‘me tira o tubo’ e ‘cala a boca, Batista’.
J� nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de janeiro de 1938. Aos doze anos foi mandado � Su��a para estudar em col�gio interno. Ficou at� os 17 anos e contou que sofria e chorava muito por causa da solid�o, da sua apar�ncia (j� era muito gordo), dos seus modos extremamente educados e da sua aptid�o art�stica.
Eu precisaria de 50 colunas gigantescas para descrever 10% da obra deste gigante das artes. E depois de tudo, ainda estaria cometendo injusti�as, me esquecendo de alguma coisa. Encerro apenas com l�grimas nos olhos e com uma mem�ria afetiva sem fim, agradecendo pelas gargalhadas e reflex�es que me proporcionou.
Na trilogia Senhor dos An�is, Gandalf, o mago do bem, ensinou: 'N�o nos cabe decidir quanto tempo viveremos, mas sim o que faremos com esse tempo que nos � dado'. Jos� Eug�nio Soares soube como poucos o que fazer com ele. Valeu demais, J�! Voc� foi e ser�, por muitos anos ainda, 'o cara'.