Rosh Hashan�: 5783 anos depois, judeus continuam lutando por suas vidas

Do p�r do sol de hoje, domingo, dia 25 de setembro, at� o p�r do sol da pr�xima ter�a-feira, dia 27, judeus em todo o planeta celebram a chegada de um novo ano, o Rosh Hashan� de 5783, de acordo com o calend�rio judaico, que � diferente do calend�rio gregoriano (2022), j� que conta com menos dias (seguindo o chamado calend�rio lunar), 354 contra 365 luas, ou dias, e que se iniciou no momento da cria��o do mundo, de acordo com a f� judaica.

� um per�odo de reflex�o e ora��o, sim, bem como de celebra��o e de sincero desejo de um ano novo “doce e bom”, simbolizado pela ma�� mergulhada no mel, onde espera-se que todos “sejam inscritos no livro da vida”. Portanto, antes de prosseguir, deixo aqui meu Shan� Tov� Umetuk� a toda a comunidade judaica brasileira e mundial, e a todos os brasileiros, de todas as religi�es, por todo o mundo, em especial meus amigos e familiares.

O Rosh Hashan� tamb�m inaugura o per�odo das grandes festas, onde as fam�lias re�nem-se para comer, beber, ouvir m�sicas t�picas, rezar, manter as tradi��es herdadas de gera��o em gera��o, at� atingir o �pice, ao fim do Yom Kipur, o dia mais sagrado do juda�smo. Como “judeu puro sangue”, de pai e m�e, de av�s e bisav�s, ainda que n�o praticante, me sinto parte e, � minha maneira, celebro o momento e o significado.

A despeito do que segue acima: tradi��es, celebra��es, bons desejos etc., n�o posso deixar de destacar, justamente pela import�ncia da data, ainda que seja um assunto desagrad�vel, o assustador recrudescimento do antissemitismo nos �ltimos anos, em todo o mundo, conforme o Relat�rio Mundial sobre Antissemitismo, da Universidade de Tel Aviv, que aponta um crescimento “dram�tico” de incidentes contra os judeus em 2021. 

Divulgado em abril passado, no Yom HaSho� - Dia Nacional em Mem�ria �s V�timas do Holocausto -, o estudo mostrou severo aumento de casos em praticamente todos os pa�ses. Segundo o levantamento, grupos ultrarradicais nacionalistas de direita e de esquerda juntaram-se a grupos antissemitas, sobretudo ap�s o in�cio da pandemia do novo coronav�rus, para, mais uma vez, pregar o exterm�nio de Israel e a extin��o dos judeus.

Por causa da Covid-19, acusa��es falsas de que os judeus criaram e espalharam o v�rus surgiram fartas e pulverizadas. Com cinquenta p�ginas, o estudo tamb�m mostrou como o conflito ocorrido em maio de 2021, contra o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, levou a picos de antissemitismo generalizado. O Ir�, principalmente, foi um dos grandes respons�veis, j� que n�o apenas dissemina desinforma��o, como financia o terror.

Uriya Shavit, chefe do Centro de Estudos Judaico-Europeus Contempor�neos da Universidade de Tel Aviv, afirmou: "H� algumas d�cadas, era necess�rio um esfor�o para ser exposto a essas ideias. Hoje, � muito f�cil acess�-las”, disse, por conta da internet e das redes sociais, que espalham mensagens falsas e de �dio contra Israel, impulsionadas pelos milh�es de d�lares que as autocracias radicais isl�micas investem contra os judeus.

Os n�meros s�o chocantes e falam por si. Na Fran�a, houve ao menos 589 atos antissemitas no �ltimo ano, um aumento de 75% em rela��o a 2020. A viol�ncia f�sica cresceu 36%, e, de todos os atos racistas registrados no pa�s, 73% foram contra judeus. Sem contar que a nega��o do Holocausto vem se tornando assunto cada vez mais frequente, inclusive em semin�rios abertos, muitos deles ocorridos em universidades.

Desde o surgimento do juda�smo, a persegui��o ao povo de Abra�o jamais deixou de existir. Judeia, Alexandria, Imp�rios Romano, Otomano e Russo, Alemanha Nazista… N�o h� era ou regi�o em que os judeus n�o tenham sido rejeitados, discriminados, perseguidos, expropriados e expulsos. N�o fosse a cria��o do Estado de Israel, pela ONU, em 1948, com a respectiva Independ�ncia, possivelmente n�o haveria mais juda�smo no mundo.

Hoje, estima-se em pouco mais de 13 milh�es o n�mero de judeus na Terra. Pouco importam as realiza��es e contribui��es para a humanidade, nas ci�ncias, nas artes, na m�sica, na medicina e na tecnologia. Pouco importa ser a �nica democracia no Oriente M�dio. Pouca importa ser um povo que jamais, repito, jamais atacou qualquer outro povo ou na��o; apenas - e sempre! - se defendeu, perseguindo e garantindo sua autodetermina��o.

N�o h� nada que fa�amos, pois, sen�o lutar, militarmente, politicamente e intelectualmente contra o antissemitismo, para garantirmos nosso ch�o (Israel) e nossas vidas. Por isso este longo e cansativo, mas necess�rio, texto, ainda que em uma data festiva. Mas se querem saber, meus caros leitores, mesmo nas festas, um judeu mant�m um olho no gato e o outro, no peixe. A Guerra do Yom Kipur nos forjou e nos mant�m, at� hoje, assim: vigilantes.

Mais uma vez, desejo a todos um ano novo bom e doce, repleto de alegrias, sa�de, amor, paz, prosperidade e boas not�cias. Que sejamos inscritos no Livro da Vida e que, passado este ano conflituoso por causa da pol�tica, la�os afetivos sejam refeitos e a harmonia volte a imperar entre fam�lias e amigos de longa data. Que 5783 inaugure, j�, os novos e bons dias que 2023, se Deus quiser, nos trar� em breve. Forte abra�o!