
consenso entre as elites ou lideran�as pol�ticas, empresariais e acad�micas a respeito desse caminho. O uso de d�ficits p�blicos e da expans�o monet�ria por parte do Banco Central contraria o pensamento convencional e encontra forte oposi��o, embora tenha se tornado o padr�o na Europa, nos Estados Unidos e na China, entre outros. A opini�o ainda dominante entre n�s � que, passado o pico da pandemia, � hora de voltar �s medidas de ajuste fiscal. Se assim fizermos, estaremos voluntariamente escolhendo o caminho da estagna��o permanente.
No entanto, para que o Estado possa de fato exercer este papel estrat�gico s�o necess�rias pelo menos duas condi��es. Primeiro � preciso que se forme um m�nimo de Al�m desse consenso, � necess�rio um clima pol�tico de coopera��o e confian�a entre governo, Congresso e tribunais superiores, para que o Executivo receba os poderes econ�micos extraordin�rios para executar um programa forte de investimentos em infraestrutura e um programa de grande escala de transfer�ncia de renda para os desempregados e os chamados invis�veis, num per�odo de transi��o de dois a tr�s anos. Consolidado o processo de recupera��o e de controle dos danos sociais, podemos e devemos iniciar uma trajet�ria de elimina��o paulatina dos excessos fiscais tempor�rios.
Realisticamente, ser� que temos como alcan�ar essas duas condi��es? N�o ser� f�cil, mas na hist�ria dos homens muitas vezes o imposs�vel foi ultrapassado. A iniciativa de forma��o de um novo pensamento majorit�rio sobre o papel, ainda que emergencial, do Estado, deve partir do governo e de sua equipe econ�mica. Acontece que a nossa equipe econ�mica foi predominantemente recrutada no mercado financeiro e seu tra�o comum � a fidelidade ao liberalismo e a desconfian�a nas pol�ticas p�blicas ativas. Em sua cultura, o Estado n�o pode ser uma solu��o, porque ele � o verdadeiro problema.
"� dever de qualquer presidente zelar pela prosperidade de seu pa�s e pela defesa da estabilidade social"
Dogmas e princ�pios d�o conforto ao esp�rito, mas n�o resolvem os problemas reais. Nosso presidente foi eleito por motivos muito variados e por circunst�ncias peculiares e n�o est� preso a nenhum compromisso com pol�ticas liberais na economia. Independentemente de seus eleitores, � dever de qualquer presidente zelar pela prosperidade de seu pa�s e pela defesa da estabilidade social. Cabe ainda a ele determinar as linhas do governo e n�o se sujeitar � linha dos seus subordinados. N�o � hora de resist�ncias ideol�gicas, porque o que est� em jogo � o pr�prio destino do pa�s. Por isso, ou mudam-se as ideias ou devem se mudar os homens.
Quanto � coopera��o entre os poderes e os diversos atores pol�ticos, temos que reconhecer que o governo n�o tem ajudado neste prop�sito.� um governo irregular, liderado por um homem sem a necess�ria experi�ncia intelectual ou pol�tica para comandar um pa�s complexo numa hora t�o extrema. No entanto, este � o governo que temos. Para o bem comum, ele deve ser preservado por todos os que colocam as institui��es acima dos homens.
At� agora, o presidente tem apostado na divis�o dos brasileiros e no incentivo aos extremos, o que o tornou minorit�rio na sociedade. No entanto, a quest�o mais cr�tica � seu relacionamento com o sistema pol�tico. A maioria dos pol�ticos, no Congresso e nos partidos, tem grande desconfian�a do presidente e receia apoiar medidas extraordin�rias que tornariam seu governo um grande sucesso, apesar dele mesmo. O espectro da reelei��o paira sobre tudo e o governo nada faz para exorciz�-lo. Com isso, caminhamos para a in�rcia ou o impasse.
S� o pr�prio presidente poder� desfazer este temor e esta desconfian�a. Ter� ele esta grandeza?
EX-MINISTRO DA PREVID�NCIA. ESCREVE QUINZENALMENTE �S SEGUNDAS -FEIRAS