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Estado de Minas SANDRA KIEFER

Cr�nica de talentos

"� uma met�fora da vida, esse grande mosaico de pessoas, situa��es, sonhos e cora��es partidos"


12/06/2022 09:00 - atualizado 12/06/2022 09:03

ilustração para coluna da SANDRA KIEFER
(foto: Ilustra��o)

No c�u, respinguei uma forma��o de andorinhas, voando para longe. Levei menos de 15 minutos para terminar"



Na �ltima coluna, convers�vamos sobre o ano de 2022, altamente favor�vel � abertura de talentos art�sticos. J� chegamos � metade do prazo. Restam seis meses, portanto, para descobrir o nosso Michel�ngelo interior, libertar o lado bet�nia, deixar transbordar ver�ssimos, drummonds e meirelles, represados no fundo das gavetas. Que tal arriscar? 

Na cr�nica anterior, eu contava o caso da minha amiga, que se identificou com a t�cnica do mosaico. Ela conseguiu utilizar a sua forma��o em engenharia, racional, para construir o seu lado l�dico, criativo. Abriu um ateli� de arte, onde d� aulas e produz pe�as por encomenda: vasos, mandalas e at� porta-celulares recobertos de pastilhas coloridas. S�o pe�as lindas.

� curioso v�-la trabalhando com ferramentas pesadas, como martelos e chaves de fenda, capazes de quebrar azulejos e cer�micas em peda�os menores. O trabalho requer for�a nos bra�os. Depois, � preciso manejar cada quadradinho, montando os quebra-cabe�as de cores e formas. As pe�as s�o coladas com cimento, se n�o me engano. 

� uma met�fora da vida, esse grande mosaico de pessoas, situa��es, sonhos e cora��es partidos, que nem sempre d�o liga ou se completam, mas convivem lado a lado, por d�cadas.   Isso n�o � para mim, infelizmente. J� tentei come�ar a fazer diversas oficinas de artesanato, mas sou uma nega��o em trabalhos manuais. 
 Juro que tentei despertar minha Monalisa interna, mas ela n�o me levou a s�rio. Ficou olhando de soslaio para mim, com aquele sorrisinho ir�nico. Meus dedos n�o obedecem aos meus comandos. Fogem das agulhas, t�m pavor de fog�o, desentendem-se com tintas e pinc�is. S� sabem teclar.

Na pandemia, meu marido tomou a iniciativa de comprar guaches, aquarelas, removedores. Fez esbo�os, testou diversas t�cnicas, assistiu a tutoriais, estudou. Ele pintou v�rias telas, enquanto eu tentava fazer uma s�.  Sonhei alto demais, tentando reproduzir as cores do p�r do sol na Serra do Rola Mo�a. 

A tal mo�a corou de vergonha ao me ver pintar. Saiu um sol borrado em vermelho e amarelo, saindo atr�s de montanhas verdejantes. No c�u, respinguei uma forma��o de andorinhas, voando para longe. Levei menos de 15 minutos para terminar. O resultado lembrou o meu primeiro quadro, da �poca do maternal I, que ficou pendurado durante anos na parede da casa da minha m�e. 

Nunca tive aptid�o para desenhar, admito. Fa�o eternas garatujas, com bonecos de pernas palito, duas bolinhas no lugar dos olhos, meia-lua na boca e um tracinho no nariz. Tenho horror a desenhar narizes, que saem sempre tortos ou desproporcionais em rela��o ao restante do rosto. Na vida escolar, eu gostava, no m�ximo, de colorir, fazendo sombreados e degrad�s. Os l�pis ficavam no toco.

Minha esperan�a s�o os quadros geniais do Mir�. Ao visitar a Funda��o Joan Mir�, em Barcelona, fiquei estacada diante de uma tela branca, com um ponto preto no centro. N�o conseguia sair do lugar. Pelo que entendi, era a primeira vez que algu�m reduzia a arte a um �nico ponto. 

A obra fazia todo o sentido na trajet�ria do pintor catal�o, dos maiores do s�culo 20. Nas paredes do museu, est�o expostas as v�rias fases da trajet�ria do artista, que iniciou a carreira com pinturas realistas, bel�ssimas por sinal. Foi comprimindo as figuras at� chegar �s famosas pinceladas na tela. 

Cada s�mbolo dos quadros abstratos de Mir�, com suas formas e cores abusadas, vivas, tem um significado l�gico.  Se voc� acha pouca coisa, experimente pintar uma tela abstrata. � mais indicado come�ar pelos arranjos de flores e frutas, mais b�sicos; mesmo assim, o p�ssego pode ser desafiador. 

Meus desenhos continuam t�o prec�rios que se tornaram motivos de riso nas partidas do jogo de Imagem & A��o, em fam�lia. Ningu�m consegue adivinhar do que se trata os meus rabiscos. Meu parceiro de dupla, cansado de tanto perder no jogo, inventou de me dar aulas de desenho. 

Achei divertido aprender com meu ca�ula a ousar novos modelos de olhos e bocas. Ele ficou todo orgulhoso da aluna. No entanto, quando estou sozinha, ainda prevalecem os tra�os minimalistas, por assim dizer. Devo ser uma esp�cie de Mir� incompreendida.

Obs.: Estou participando de um c�rculo de pr�ticas energ�ticas femininas. Convido todas as leitoras a conhecerem. Informa��es: (31) 99116-9858. 

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