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Estado de Minas VITALidade

As v�rias formas de viol�ncia contra o idoso

O problema n�o � assunto novo e � rom�ntico imaginarmos que em tempos passados isto n�o ocorria


11/07/2022 12:29 - atualizado 11/07/2022 12:44

idoso sentado na cama
O Estatuto do Idoso, seguindo os moldes da Organiza��o Mundial de Sa�de, considera viol�ncia contra o idoso qualquer a��o ou omiss�o praticada em local p�blico ou privado, que lhe acarrete a morte, dano ou sofrimento f�sico ou psicol�gico (foto: PxHere)
A todo tempo assistimos cenas de viol�ncia em nosso cotidiano: � uma grosseria desnecess�ria e sem qualquer explica��o ou at� mesmo uma briga de tr�nsito que acaba levando a �bito algu�m que s� pretendia chegar at� o trabalho. E de tanto assistirmos � barb�rie corremos o risco de come�armos a achar normal aquilo que de fato n�o o �. 

N�o � novidade para ningu�m que, a depender do grau de vulnerabilidade do idoso, sua fragiliza��o f�sica e cognitiva e preju�zo na capacidade de gerir a pr�pria vida, os cuidados com essa popula��o podem se tornar mais exigentes e o idoso necessite cada dia mais de outras pessoas a ajudarem na manuten��o de suas atividades b�sicas da vida di�ria, por�m em muitas situa��es isso n�o acontece, ficando o velho desguarnecido de cuidados b�sicos, como higiene, alimenta��o, medica��o e at� moradia. 

A viol�ncia contra o idoso n�o � assunto novo e � rom�ntico imaginarmos que em tempos passados isto n�o ocorria. Sempre ocorreu, no entanto, somente a partir da d�cada de 70 � que os maus- tratos contra os idosos mereceram algum destaque em pesquisas m�dicas e sociol�gicas. No Brasil, somente nos �ltimos trinta anos � que come�amos a discutir com verdade a viol�ncia que os idosos sofrem, dentro e fora de casa.

Foi por meio da assinatura de Tratados e Conven��es Internacionais que o tema foi tomando corpo social e hoje j� contamos com in�meros instrumentos, tanto nacionais quanto internacionais para prote��o da popula��o idosa. Segundo a Organiza��o Mundial de Sa�de, a viol�ncia contra o idoso ocorre por meio de a��es ou omiss�es, que prejudicam a integridade f�sica e emocional da pessoa idosa, impedindo o seu desenvolvimento social. 

O Estatuto do Idoso, seguindo os moldes da Organiza��o Mundial de Sa�de, considera viol�ncia contra o idoso qualquer a��o ou omiss�o praticada em local p�blico ou privado, que lhe acarrete a morte, dano ou sofrimento f�sico ou psicol�gico. O mesmo documento considera a viol�ncia contra o idoso caso de notifica��o compuls�ria pelos servi�os de sa�de p�blico ou privado, que dever� ser comunicado a autoridade policial, ao Minist�rio P�blico, ao Conselho Municipal do Idoso, ao Conselho Estadual do Idoso ou ao Conselho Nacional do Idoso. 

Estudos demonstram que a viol�ncia contra o idoso pode ser oriunda de diversos meios, que v�o desde maus tratos f�sicos, passando por abusos psicol�gicos, sexuais e financeiros, al�m de abandono, neglig�ncia e autoneglig�ncia. Os maus tratos f�sicos v�o desde os nada inocentes belisc�es at� mesmo surras, priva��o de comida, de higiene e de cuidados b�sicos do dia a dia, n�o deixando de mencionar, os casos em que o idoso � levado a �bito em decorr�ncia dos maus tratos f�sicos ou neglig�ncia em oferecer-lhes o b�sico para a sua sobreviv�ncia.

Os abusos psicol�gicos, muitas vezes travestidos de simples xingamentos, podem trazer para o idoso um decl�nio de sua autoestima e da vis�o positiva que tem sobre a vida. Estudos demonstram que quanto menor a renda e maior o grau de depend�ncia econ�mica e social possui o idoso, maiores s�o as chances de ele ser v�tima de dessa esp�cie de abuso. Novamente quem passou a vida na pen�ria � penalizado quando do seu envelhecimento. 

Ao contr�rio do que podem pensar os mais desavisados, os idosos n�o est�o imunes a serem v�timas de abusos sexuais. Nesses casos, eles podem ser v�timas de viol�ncia f�sica, verbal ou amea�as caso n�o cumpra o favor sexual solicitado pelo agressor. Um estudo nacional conduzido por Melo demonstrou que cerca de 1% dos idosos sofrem viol�ncia sexual e destes, 95% s�o mulheres.

Uma outra esp�cie de viol�ncia, ainda pouco estudada, mas que merece destaque � a financeira. N�o s�o poucos os idosos arrimos de fam�lia que veem seus sal�rios servirem integralmente ao sustento do lar, faltando-lhes, inclusive, medica��o de uso di�rio. Muitas vezes o sal�rio do idoso � o �nico rendimento fixo daquele n�cleo familiar e n�o � incomum que os familiares “administrem” integralmente seus ganhos, deixando pouca ou nenhuma margem para que os idosos deem a destina��o que bem entenderem para o dinheiro. 

E, por fim, a pior esp�cie de viol�ncia que pode sofrer o idoso � aquela que acontece no seio de sua pr�pria fam�lia, j� que ali era o lugar no qual imaginamos idilicamente que estariam protegidos e abrigados dos males que a vida em sociedade pode trazer. O triste em tal realidade � que os casos de den�ncia ainda s�o raros, seja por vergonha, por medo da exposi��o ou por temor de n�o ter com quem contar nos dias finais da vida: os idosos ainda se calam diante de familiares que usam da viol�ncia sua linguagem comunicativa. 

N�o se tem d�vida dos males que a viol�ncia pode ocasionar para os idosos, que tem na vulnerabilidade sua condi��o existencial, cabe a n�s, membros da sociedade que est� em franco processo de envelhecimento, buscarmos por implanta��o de pol�ticas p�blicas capazes de mitigar as causas da viol�ncia, criando meios e oportunidades para que as nossas sociedades possam ser, de fato, partilhadas entre jovens, adultos e velhos, com o reconhecimento rec�proco uns dos outros.

Lutar contra a viol�ncia em qualquer faixa et�ria � um compromisso de uma sociedade civilizada e lutar contra esta viol�ncia praticada contra os idosos � ainda mais necess�rio, n�o s� pela vulnerabilidade desta popula��o, mas tamb�m porque todos na sociedade envelhecer�o e se este problema n�o for adequadamente abordado e solucionado, todas as pessoas correr�o o risco de serem v�timas desta crueldade. Fazer mal a quem n�o tem como se defender, principalmente os mais fragilizados n�o � uma atitude humana. Cuidemos de nossos idosos. Amanh� seremos n�s que seremos os velhos. 

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