
Os transtornos mentais, dentre eles a depress�o, s�o citados por autores desde a Antiguidade, contudo, foi Hip�crates que cunhou o conceito de melancolia, propondo um crit�rio diagn�stico baseado na presen�a persistente da tristeza e perda do prazer em viver.
De acordo com o Manual Diagn�stico e Estat�stico de Transtornos Mentais (DSM-5), criado pela Associa��o Americana de Psiquiatria, a depress�o pode ser classificada como a presen�a de humor rebaixado, vazio ou irrit�vel, acompanhado de altera��es som�ticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indiv�duo.
� importante ressaltar que depress�o se diferencia de tristeza. A primeira � uma doen�a e que exige tratamento. A segunda � uma manifesta��o “normal” dos indiv�duos que enfrentam determinadas dificuldades no seu caminhar da vida. Enquanto a segunda se manifesta e passa, a primeira perdura, caso n�o seja adequadamente tratada.
A sa�de mental nos idosos est� intimamente ligada � sua qualidade de vida, j� que os quadros depressivos alteram sua percep��o sobre a realidade, trazendo preju�zos na funcionalidade, preju�zos sociais e econ�micos, dificuldades de relacionamentos interpessoais e consigo pr�prio, trazendo impactos tanto para o que vive este sofrimento mental quanto aos seus familiares, al�m de redu��o da autonomia e da independ�ncia funcional deste idoso, que torna-se mais arredio, isolado, irritadi�o, al�m de trazer preju�zos evidentes na cogni��o.
� sabido que cada epis�dio depressivo maior traz perdas na capacidade cognitiva de forma expressiva. De fundamental import�ncia quando se analisa a depress�o nos idosos � a presen�a de eventos estressores e de dif�cil assimila��o nesta fase da vida, tais como o luto, a presen�a de doen�as cr�nicas, a aposentadoria, a limita��o para as atividades di�rias, a mudan�a de resid�ncia e a percep��o da finitude.
Trata-se de um sofrimento mental que traz grande impacto na qualidade de vida e que precisa ser adequadamente abordado e tratado. Muitas vezes apresenta diagn�stico dif�cil, j� que este isolamento e irritabilidade podem ser confundidos com “coisas da idade”. Mas n�o � bem assim.
Os idosos, apesar de terem mais dificuldade de falar sobre os seus sentimentos, j� que n�o foram treinados para isso, podem manifestar sua sintomatologia depressiva atrav�s do que se denomina “depress�o mascarada”, ou seja, a depress�o manifesta-se com sintomas som�ticos, como dores no corpo, dificuldades de mem�ria, perda de energia, altera��es gastrointestinais, dentre v�rios outros sintomas, que apenas um olhar treinado ir� evidenciar, j� que n�o se trata de altera��es som�ticas e sim ps�quicas.
A correta identifica��o diagn�stica e abordagem terap�utica s�o fundamentais para melhoria da qualidade de vida destes idosos.
Os idosos, apesar de terem mais dificuldade de falar sobre os seus sentimentos, j� que n�o foram treinados para isso, podem manifestar sua sintomatologia depressiva atrav�s do que se denomina “depress�o mascarada”, ou seja, a depress�o manifesta-se com sintomas som�ticos, como dores no corpo, dificuldades de mem�ria, perda de energia, altera��es gastrointestinais, dentre v�rios outros sintomas, que apenas um olhar treinado ir� evidenciar, j� que n�o se trata de altera��es som�ticas e sim ps�quicas.
A correta identifica��o diagn�stica e abordagem terap�utica s�o fundamentais para melhoria da qualidade de vida destes idosos.
Estima-se que 85% dos idosos residentes em pa�ses em desenvolvimento n�o tem acesso a tratamento de sa�de adequado para o tratamento da depress�o. Isto ocorre tanto em raz�o do estigma social que a doen�a acarreta, quanto pelo subdiagn�sticos e pela dificuldade de acesso � tratamentos medicamentosos e psicol�gicos adequados. Evidencia-se que as pol�ticas p�blicas n�o s�o capazes de identificar precocemente o problema e mesmo quando identificados, de adequadamente conduzi-los.
A taxa de preval�ncia da depress�o entre os idosos n�o � homog�nea, variando de acordo com a faixa et�ria, grau de escolaridade, condi��o socioecon�mica, al�m da varia��o das ferramentas utilizadas para a classifica��o de idoso deprimido. Como exemplo de como as taxas variam, quando o par�metro avaliado � a faixa et�ria em que o idoso se encontra, assim os parametriza: 17,1% para os maiores de 75 anos, 20 a 25% para os maiores de 85 anos, 30 a 50% para os maiores de 90 anos e de 0 a 29% nos centen�rios, por�m estes n�meros variam consideravelmente conforme a metodologia empregada para o seu diagn�stico e classifica��o.
Segundo Nezilour Lobato e M�nica Hupesel, s�o in�meros os fatores de risco para a preval�ncia da depress�o entre os mais velhos e os estudos demonstram que at� os 75 anos, as mulheres est�o mais suscet�veis � doen�a do que os homens. Todavia, estas publica��es demonstram que isso n�o � a regra. Talvez a preval�ncia da depress�o seja maior entre as idosas que os idosos porque as mulheres sejam mais capazes de falar sobre seus sentimentos e procuram servi�os de sa�de de modo mais rotineiro, ao contr�rio dos homens que enfrentam grandes barreiras para expressar o que sentem e n�o s�o t�o atentos com sua sa�de.
O status conjugal tamb�m pode trazer forte influ�ncia na depress�o entre os mais velhos, j� que a viuvez � apresentada nos estudos como sendo a situa��o que mais predisp�e o idoso � depress�o, talvez pela solid�o e isolamento que o luto acarreta. � dif�cil continuar a tocar a vida sem o companheiro(a) que fez parte do seu existir por v�rias d�cadas. A perda do companheiro(a) de vida influencia a percep��o do indiv�duo sobre sim mesmo, altera a din�mica familiar e a vida social e a econ�mica do idoso.
Tudo contribui para que a tristeza evolua para um quadro realmente depressivo.
Tra�os da personalidade do idoso podem ser determinantes para a ocorr�ncia da depress�o. H� idosos que se acostumaram durante a vida a conviver com estados emocionais negativos, com o apego excessivo � mat�ria e com sintomas obsessivos, o que predisp�e que na maturidade tais tra�os se fortale�am e sejam causa de depress�o. O envelhecimento acentua os sintomas e as suas manifesta��es, j� que a reserva ps�quica para os driblar fica reduzida, permitindo que eles sejam evidentes e infelizmente, mais dolorosos.
Se de um lado s�o in�meros os fatores que predisp�e � depress�o na velhice, de outro, h� tamb�m mecanismos para sua mitiga��o, tais como a percep��o positiva sobre a vida, a pr�tica de atividades f�sicas, a conviv�ncia familiar e com amigos, a presen�a de um hobby e a conviv�ncia com um companheiro, independente do status civil.
Assim � importante que o idoso seja estimulado a falar sobre o que sente, de forma acolhedora, sens�vel, emp�tica e positiva. Aos familiares cabe o papel de serem atentos a modifica��es no humor e no comportamento do idoso. Aos m�dicos a sensibilidade de n�o se aterem somente �s dores do corpo, ouvindo tamb�m ao sofrimento ps�quico destes gerontes.
� sociedade cabe proporcionar condi��es mais dignas do existir nesta fase da vida, trazendo acolhimento a estas gera��es, e ao poder p�blico a idealiza��o e condu��o de pol�ticas p�blicas para atendimento desta popula��o que tem uma incid�ncia elevada de sofrimento ps�quico. Isso deve ser adequadamente abordado, planejado, racionalizado e conduzido de forma efetiva. � fundamental que o individuo que envelhece tenha adequado tratamento para as suas dificuldades existenciais e suas dores emocionais.