Depois de um semestre vendo a articula��o pol�tica do presidente Lula apanhar, � preciso reconhecer que os resultados foram muito melhores do que at� mesmo os mais otimistas podiam supor. O primeiro semestre do terceiro mandato de Lula termina sem que o governo tenha ficado ref�m de Arthur Lira ou de qualquer grupo do Congresso, e ainda assim com bons resultados entregues.
Os problemas ocorreram, em especial na libera��o de emendas, distribui��o de cargos e em trazer pautas sem cabimento para a agenda. Mas s� com um time experiente foi poss�vel resistir � press�o de Lira e companhia e n�o entregar o governo ao Congresso, como fez Bolsonaro. Lula sabe que n�o teria condi��es de retomar o poder se cedesse demais agora. Mostrou sangue frio.
De fato, o primeiro semestre foi um jogo de quem piscava primeiro: Lira segurou at� o �ltimo dia antes do recesso branco, mas no final terminou tendo que apoiar (de forma decisiva, inclusive) tanto a reforma constitucional dos tributos quando o projeto de lei que tratava do voto de qualidade no Carf. Faltou somente o arcabou�o fiscal para que Lula pudesse pedir “m�sica no Fant�stico”.
At� pode-se argumentar que os l�deres usaram o regimento para passar a PEC da reforma tribut�ria na frente da vota��o do Carf e do arcabou�o, passando o recado de quem manda na pauta. Mas, no final, de qualquer forma, o que foi entregue pela C�mara foi crucial para que Lula possa continuar com sua agenda sem virar ref�m.
N�o � por acaso que a articula��o pol�tica de Lula cedeu pontualmente os cargos mais cobi�ados, mas guardou os melhores somente para depois que a C�mara entregasse as vit�rias da semana passada. Por isso, � bem prov�vel que venha uma reforma ministerial em breve.
Mesmo a mudan�a na pasta do Turismo, dada como certa h� mais de um m�s, foi cuidadosamente posta na gaveta para que todas as mudan�as no primeiro escal�o ocorram sem que pare�a haver qualquer “corda no pesco�o do presidente”.
� bem prov�vel que os partidos Republicanos e Progressistas ganhem um minist�rio cada, talvez Esportes e Desenvolvimento Social. Tamb�m foi aventada a mudan�a na presid�ncia da Caixa Econ�mica Federal. Por enquanto, s�o apenas especula��es. � importante entender que n�o existe nada de errado em ceder espa�o para aliados no Executivo. N�o existe democracia no mundo que seja diferente. Por aqui j� existe maturidade para separar isso de corrup��o.
De qualquer forma, nenhuma dessas vit�rias nem mesmo a entrada de nomes dos partidos de centro no Executivo parecem iludir o governo no sentido de que ter� vida f�cil nos pr�ximos meses. Lula n�o ter� nunca uma base confort�vel. � como se fosse uma partida de futebol, s� que todo jogo � na “casa do advers�rio”.
Isso valoriza ainda mais o trabalho dos ministros que lideram a articula��o pol�tica: Alexandre Padilha (Secretaria de Rela��es Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil), al�m do l�der do governo na C�mara, Jos� Guimar�es (PT-CE).
Por fim, � digno de nota que Lula ainda deixou Bolsonaro isolado falando sozinho e aumentou ainda mais a press�o para que o Banco Central de Campos Neto inicie o ciclo de redu��o da taxa de juros. A foto no Pal�cio da Alvorada de Lula festejando com v�rios lideres da C�mara n�o deixa d�vida que a rela��o com o Congresso termina o primeiro semestre do governo muito melhor do que come�ou o ano.