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Estado de Minas

Crise econ�mica n�o afeta com�rcio de peixes ornamentais em Minas

Produ��o de esp�cies decorativas cresce no estado, com demanda firme, principalmente, no mercado pet. Animal j� � o segundo mais vendido, depois dos gatos, e mant�m rentabilidade


postado em 25/04/2016 06:00 / atualizado em 25/04/2016 08:58

Fábio Ramos, gerente da Eco Fish. Empresa está há seis anos no mercado de Belo Horizonte (foto: Edésio Ferreira/EM/F.A Press)
F�bio Ramos, gerente da Eco Fish. Empresa est� h� seis anos no mercado de Belo Horizonte (foto: Ed�sio Ferreira/EM/F.A Press)

A salvo da correnteza econ�mica e pol�tica que se arrasta pelo pa�s, a produ��o de peixes ornamentais cresce a passos largos no Brasil, tendo Minas Gerais como o maior fornecedor nacional. O neg�cio contabiliza, por ano, 12 milh�es de unidades, em m�dia, vendidas no estado, o que mostra o potencial que a atividade tem para se tornar refer�ncia mundial, segundo especialistas ouvidos pelo Estado de Minas. Contra a mar� da crise que afeta v�rios setores da economia brasileira, piscicultores est�o satisfeitos com o retorno do investimento.

A explica��o est� na rentabilidade. O valor unit�rio dos animais cresceu mais de 700% nos �ltimos anos e, de acordo com o Minist�rio da Agricultura e Pecu�ria (Mapa), h� muito espa�o para ser explorado no ramo. Em 2012, levantamento feito pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) indicava no Brasil a exist�ncia de 4, 8 mil criadores comerciais de peixes ornamentais, sendo que 80% deles ficavam na zona rural, onde os tanques se espalham em �reas com extens�o entre 3 mil e 10 mil metros quadrados (m2). Nas cidades, os criat�rios s�o bem menores, com no m�ximo 200m2. Entre as esp�cies mais procuradas est�o beta (ou peixe-beta), guppy, kinguio, as carpas douradas e o acar�-disco.

Em Minas, 60% da produ��o est� concentrada na Regi�o de Muria�, na Zona da Mata, onde a atividade come�ou h� 25 anos com a chegada de muitos peixes de fora do estado, principalmente os asi�ticos, como � a esp�cie beta. Muria� tem a melhor cria��o dessa esp�cie no Brasil. Atualmente, h� na regi�o cerca de 120 esp�cies.

� ali que, segundo produtores, est�o os peixes nacionais de maior qualidade, o que atrai consumidores do pa�s inteiro. “N�o estamos falando de captura, que � mais representativa no Amazonas. Aqui nossa refer�ncia � a cria��o”, esclarece o t�cnico do Sebrae Muria� Jefferson Dias Santos.

De acordo com o especialista, a regi�o abrange sete munic�pios produtores de peixes ornamentais e a estimativa � de que 400 piscicultores trabalhando diretamente no neg�cio. Deidson de Barros Rosa � um deles. Em 2006, ele iniciou a produ��o de peixes beta em Patroc�nio de Muria�, como uma brincadeira. “Vi que o pessoal estava produzindo e resolvi entrar nesse neg�cio. Hoje, vivo da minha produ��o”, conta.

Barros Rosa vende cerca de 2 mil unidades por semana. Como a esp�cie deve ser criada individualmente, j� que um macho mata o outro quando criados juntos, ele os armazena em garrafas PET. “S�o 25 garrafas interligadas e colocadas em um po�o. No ch�o h� uma lona, e meu tanque � feito de barro”, revela. A estufa usada para aquecimento do ambiente para os animais foi ampliada de 15m2 para 700m2 para dar conta da demanda. “Para este neg�cio � preciso esperar mais ou menos um ano pelo retorno financeiro, mas vale a pena. � preciso, tamb�m, ter peixes de qualidade”, afirma.

Por mais que os custos estejam subindo, em raz�o da crise econ�mica, as vendas se mant�m. “Tanto � que os produtores de leite est�o passando a investir no ramo. O que tem segurado a vida na zona rural � a produ��o de peixes ornamentais”, ressalta Deidson de Barros.

Nos c�lculos do Sebrae, o piscicultor chega a ganhar cerca de R$ 10 mil por semana com a venda dos animais. “Se voc� compara um criador desses animais com produtores de caf� e leite, vai ver que os de peixe est�o expandindo o terreno, t�m moto e carro na garagem”, comenta Jefferson Santos. Na estrutura��o do neg�cio, ainda segundo a entidade, s�o necess�rios cerca de R$ 10 mil para a constru��o de tanques e tamb�m estufas, uma vez que o clima quente � fundamental para a cria��o de algumas esp�cies. “H� peixes que valem de R$ 0,10 a R$ 30. O beta, por exemplo, tem sido comercializado a R$ 1”, diz.

DEMANDA Cerca de 70% dos compradores dos animais no Brasil est�o em S�o Paulo e, segundo Santos, s�o tr�s mercados bem definidos: “H� aqueles que compram por hobby e investem muito para ter um aqu�rio em casa ou estabelecimento; h� aqueles que compram um aqu�rio comum e aqueles que criam em copo de pl�stico”, enumera Santos. De acordo com o assistente intermedi�rio do Minist�rio da Agricultura e Pecu�ria, Renato Cardoso, trata-se de um mercado com alto potencial. Ele j� fez levantamento sobre o assunto e conta que h� muitos produtores espalhados por Minas, por�m, a maior concentra��o � na Zona da Mata, nas cidades com divisas com o Rio de Janeiro. “Tanto � que o segundo polo produtor do pa�s � o Rio. Os peixes ornamentais necessitam de �gua e, como muitas esp�cies s�o asi�ticas, precisam de �reas quentes”, afirma.

Ele conta que estat�sticas mais detalhadas sobre o neg�cio em Minas ainda s�o um desafio, j� que muitos produtores n�o sabem informar corretamente sobre o seu ramo. “Quando fiz meu mestrado nesta �rea, vi que muitos produtores n�o sabem o quanto produzem e, como muitos trabalham ainda com hortifrutigranjeiros, acabam se confundindo”, diz. Ele diz que a demanda pelo peixe � crescente. No mercado pet, por exemplo, j� � o segundo animal mais adquirido, perdendo apenas para os gatos. “� um bicho que tem muitas facetas. Por isso, dizemos que � um mundo � parte. E h� peixes sendo comercializados com altos valores”, diz.

Em Belo Horizonte, s�o muitas as lojas especializadas na venda de peixes. A Eco Fish � uma delas e, de acordo com o dono, Vanilson Gon�alves, a venda atualmente n�o est� a mil maravilhas, mas o seu neg�cio est� conseguindo se manter em meio � turbul�ncia da crise econ�mica. Com uma loja na Pampulha, no �ltimo s�bado ele inaugurou novo espa�o, na Avenida Catal�o. “Trata-se de um neg�cio em que o conhecimento sobre peixe � o diferencial. Estou no ramo h� seis anos, e vejo que � um com�rcio em constante crescimento”, afirma, dizendo n�o contabilizar suas vendas. Um peixe Beta na Eco Fish, por exemplo, custa a partir de R$ 4,90.

 

Um mar de burocracia

Dos 400 produtores mineiros estimasse que 60% estejam na formalidade. Isso porque o grande desafio do ramo est� na burocracia dos �rg�os ambientais. “O primeiro passo para se tornar um criador na formalidade � licenciar a propriedade. Como a regi�o de Muria� passa por rios, a maioria dos terrenos � cortada por esses cursos d'�gua, enquanto a legisla��o ambiental n�o permite a cria��o dos peixes com uma dist�ncia de at� 30 metros desse leito. Ou seja, n�o pode criar uma estufa ou cavar um tanque nessas �reas de prote��o ambiental. A n�o ser que o propriet�rio, como contrapartida, plante uma �rvore, por exemplo”, explica o t�cnico do Sebrae Muria�, Jefferson Dias Santos. Ele diz que para conseguir o documento, � preciso a contrata��o de um engenheiro ambiental, que faria, por exemplo, o desenho da estufa e dos tanques a serem usados no neg�cio. “� um custo alto e, por isso, muitos n�o fazem isso”, esclarece Santos.

Al�m disso, em Minas Gerais s�o necess�rias licen�as do Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam), o uso correto da �gua para o armazenamento dos peixes, e tamb�m autoriza��o do Instituto Mineiro de Agropecu�ria (IMA) para o transporte dos animais. “Um peixe mal transportado pode ter alguma doen�a, seja nas br�nquias ou na corrente sangu�nea”, diz Santos. O produtor Deidson de Barros Rosa diz que a legisla��o � r�gida demais e que, em 2010, ele fez seu cadastro para documenta��o, na �poca havia o Minist�rio da Pesca. “Como houve a jun��o do minist�rio com o da Agricultura, at� hoje o meu documento est� pendente”, reclama.

Como grande parte est� na informalidade, em Muria� os produtores vendem seus peixes a um grande produtor regulamentado, chamado por eles como atravessador. “Assim, ele fica respons�vel pelas vendas e transporte e cobra um percentual para esse trabalho”, afirma Rosa. Segundo explica o assistente intermedi�rio do Minist�rio da Agricultura e Pecu�ria, Renato Cardoso, um dos entraves para a �rea � justamente o cadastro. “Antes do Minist�rio da Pesca ser incorporado ao da Agricultura, havia um cadastro que o produtor deveria preencher, por�m, muitos n�o faziam. O governo trabalha com n�meros at� mesmo para desenvolver pol�ticas e planos para determinado ramo”, afirma.

Ele ressalta que o Sebrae tem feito um bom trabalho para conscientizar os produtores sobre a import�ncia da formalidade. Sobre a fiscaliza��o, ele diz que, no Minist�rio da Pesca, tinha sido criado um setor respons�vel por esse trabalho que n�o saiu do papel. “Atualmente, estamos passando por essa transi��o e muitas coisas v�o ocorrer”, garante.

EXPORTA��O
A burocracia tamb�m esbarrar na exporta��o. De acordo com o Sebrae, produtores mineiros t�m potencial de sobra para enviar peixes a outros pa�ses, por�m, segundo Santos, por causa dos �rg�os fiscalizadores e a burocracia que isso exige, isso n�o � a realidade. “Por causa do clima quente que temos, a Europa seria um grande mercado comprador”, diz, acrescentando que Minas pode se torna um exportador mundial de peixes ornamentais.

� o que defende tamb�m o criador de Guppy e engenheiro civil Rodrigo Ziviani. H� quase 30 anos no mercado ele � o fundador do primeiro clube de aquarismo do Brasil e desenvolve a gen�tica dos guppies.


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