
No mais recente levantamento de dados da Pesquisa Agropecu�ria Municipal, do IBGE, Minas contribuiu com 22 mil toneladas de peixes para a produ��o nacional. Avan�ar no ranking nacional � poss�vel, na avalia��o da Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), uma vez que potencial existe para que o estado chegue ao quarto lugar em 2016. “Minas � um estado com tudo favor�vel � produ��o de peixe. Tem riqueza h�drica, a temperatura � adequada”, afirma Ana Carolina Euler, diretora de aquacultura da Secretaria de Estado de Agricultura.
Ainda sobre a til�pia, Ana Paula considera que o peixe tem condi��es de se destacar ainda mais no mercado produtor. Ela conta que a carne branca e pouca quantidade de espinhos fazem com que o consumidor se interesse pelo animal e at� prefira consumir a esp�cie. Principal concorrente nos pontos de venda, a merluza briga tamb�m pelo consumidor com o apelo dessas mesmas caracter�sticas.
O manejo de til�pias se beneficia de outra tend�ncia, que � mundial. “Pela primeira vez no mundo a produ��o de peixes superou a de bovinos”, destaca Ana Paula. Ela acrescenta que o produtor, ao optar pela esp�cie, n�o enfrenta muitas dificuldades para conseguir bons resultados. “Existe um pacote tecnol�gico, gen�tico e de produ��o j� bastante desenvolvido. Isso, al�m de log�stica com equipamentos frigor�ficos planejados para a til�pia”, afirma.
Dados da Emater mostram que a maioria dos produtores dedicados � atividade s�o pequenos e m�dios. A cria��o de peixes � desenvolvida por mais de 3.435 agricultores familiares e outros 1.218 n�o familiares, totalizando 4.653 produtores no estado, em mais de 200 munic�pios. Estimativas da institui��o superam em larga margem as estat�sticas do IBGE, indicando que s�o produzidas cerca de 40 mil toneladas de til�pia por ano em Minas, volume que representaria cerca de um quinto do seu potencial de aproveitamento.
Segundo Leonardo Romano, coordenador da c�mara t�cnica setorial de aquicultura da Secretaria de Estado de Agricultura, a capacidade de suporte – quantidade de peixe por metro c�bico que n�o prejudique o ecossistema –, permite que sejam produzidas 150 toneladas por ano. “A produ��o de til�pia � uma atividade relativamente nova e precisa ser incentivada”, considera.
Exig�ncias demais
A falta de cr�dito e as dificuldades para que o produtor consiga licenciamento da atividade, principalmente dos �rg�os estaduais, s�o problemas que travam o aumento da produ��o e impedem que Minas assuma at� mesmo a lideran�a da produ��o. Leonardo Romano classifica de pesadas demais as exig�ncias ambientais. “� necess�rio que se tenha licen�a at� da Marinha, por exemplo, porque o produtor pode estar usando uma �rea naveg�vel. Al�m das licen�as federais, estaduais e municipais.”, afirma.
Romano cita que at� levantamento arqueol�gico � exigido para se conseguir a licen�a ambiental. A diretora de aquacultura da Secretaria de Agricultura, Ana Carolina Euler, concorda com Romano e aponta esse aspecto como o principal desafio. “O que segura o crescimento � o licenciamento ambiental. O entrave � a falta de equil�brio entre o setor produtivo e o meio ambiente. A legisla��o exige demais e o meio ambiente tem olhar muito conservacionista”, pontua.
A inten��o dos produtores agora � batalhar para que os procedimentos sejam simplificados e, assim, terem acesso a linhas de cr�dito e financiar os investimentos. Com isso, poderiam dar impulso � produ��o. “A gente est� igual um jogador aquecido na beira do campo prontinho para entrar”, disse Romano.
O aumento da produ��o que vem ocorrendo nos �ltimos anos, mesmo com as dificuldades no licenciamento e a inexist�ncia de uma portaria que regulamente o setor, n�o tem sido suficiente para atender ao consumo da popula��o. O pa�s importa, atualmente, cerca de 400 mil toneladas de pescado por ano para conseguir suprir a demanda, segundo dados da Confedera��o Nacional da Agricultura (CNA). A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) recomenda que cada pessoa coma 12 quilos de peixe por ano. Entretanto, o consumo brasileiro per capita anual � de apenas nove quilos.
Quem se dedica � atividade tamb�m est� sofrendo com as incertezas econ�micas. “A gente vinha numa onda crescente de produ��o, mas o pre�o do peixe caiu muito na regi�o”, conta Neilson Teodoro, da associa��o de piscicultores do parque de aquicultura Guap� 1, na cidade mineira de mesmo nome, no Sul do estado.
O produtor revela que a margem de lucro tamb�m caiu. Entre os vil�es do custo nos criat�rios est� o pre�o de insumos, como a ra��o. O pre�o do saco com 25kg subiu de R$ 32 para cerca de R$ 45, de acordo com Neilson. Esse cen�rio afeta as boas perspectivas para a atividade, o que pode fazer com que a quantidade de toneladas disponibilizadas para o mercado sofra impacto. “Eu n�o coloquei peixe (para produ��o). Vou esperar um pouco mais. Acredito que s� come�o nova safra no come�o do ano que vem”, revela. A til�pia demora cerca de oito meses para alcan�ar o ponto da comercializa��o.
Sa�de
O peixe � rico em vitaminas, minerais, s�dio, pot�ssio, ferro, magn�sio e c�lcio, e � fonte de vitaminas do complexo B. O consumo regular age no controle da press�o arterial, colabora com a coagula��o do sangue e auxilia na prote��o da pele contra os raios UV, recomendam os nutricionistas. A CNA observa que o aumento do consumo de pescado � positivo tamb�m para a melhoria da sa�de da popula��o: ele � rico em prote�nas de alto valor nutritivo, tem menos gordura e menos calorias, entre outras vantagens.