
O produto tem encorpado as possibilidades da bebida, ganhando em sabor e valor de mercado. Dados do Conselho dos Exportadores de Caf� do Brasil (Cecaf�) mostram que as exporta��es brasileiras de caf�s diferenciados alcan�aram 5,637 milh�es de sacas, entre janeiro e novembro de 2018. Um crescimento de 27,16%, comparado com o mesmo per�odo do ano passado, quando foi apurado 4,433 milh�es de sacas. No entanto, especialistas da �rea afirmam que os resultados poderiam ser ainda maiores, se os produtores tivessem melhores pol�ticas para o setor.
O ganho nas exporta��es � fruto da inten��o e necessidade dos produtores de caf� de se profissionalizarem cada vez mais e melhorarem as condi��es de cultivo. Segundo a presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Campo Belo e vice-presidente da comiss�o t�cnica de caf� da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg), Denise Garcia, o padr�o do caf� tem ficado, de forma geral, cada vez melhor. Principalmente devido � percep��o da necessidade de investir em tecnologia, o que tem resultado em produtos melhores. “A produ��o est� cada vez maior por hectare, com mais investimento na colheita, no que sai do p� de caf�. O produtor tamb�m tem buscado mais conhecimento, tecnologia. Tem tido mais acesso � informa��o e isso acaba sendo usado em favor do seu produto e agregando valor”, afirma.
PREST�GIO Para ser classificado como caf� especial, � necess�rio que uma s�rie de crit�rios sejam verificados. De acordo com a Metodologia de Avalia��o Sensorial da Speciality Coffe Association (SCA), adotada na maioria dos pa�ses, s�o observados nove pontos: Fragr�ncia ou aroma, uniformidade, aus�ncia de defeitos, do�ura, sabor, acidez, corpo, finaliza��o e harmonia. O caf� deve atingir pelo menos 80 pontos de uma escala que vai at� 100 e que observa os atributos citados.
Ainda sobre a produ��o, Denise afirma que a boa produ��o de 2018, al�m de se justificar pela melhora das condi��es t�cnicas, ainda se ancora na dualidade da safra, que � sempre melhor a cada dois anos. Isso porque, segundo ela, no ano seguinte a uma boa safra a colheita tende a ser menor, pois est� no per�odo em que os p� de caf� se prepararam para nova safra. Para este ano, a tend�ncia � que o volume seja menor devido a essas caracter�sticas.
DIFICULDADE A produ��o apesar de fazer vista aos olhos poderia ter n�meros ainda mais vultosos, segundo Denise Garcia. Ela lamenta que n�o haja uma pol�tica mais eficiente por parte do poder p�blico para garantir que o produtor n�o tenha tantas perdas. Denise afirma que o pre�o ainda est� aqu�m do que poderia. Mas as quest�es a serem melhoradas v�o al�m do valor de comercializa��o. “Falta pol�tica de governo e expertise para negociar, liberar financiamento em �poca certa. Al�m conseguir que o financiamento chegue a m�o do produtor”, enumera. Denise considera que a boa fase da produ��o n�o alcan�a o produtor. “O produto est� melhor, mas a vida do produtor est� pior”, conta.
O Brasil � o maior produtor de caf� do mundo, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) com produ��o de 60.200 sacas de 60kg, com participa��o de 35,2% no mercado mundial. J� Minas Gerais � a maior contribuinte desse montante j� que o maior estado produtor do pa�s (veja arte). A vice-presidente da comiss�o t�cnica de caf� da Faemg destaca que, apesar da lideran�a, os custos por aqui s�o maiores. “Em sua maioria s�o pequenos produtores. A topografia no Sul de Minas, �rea mais produtiva, dificulta a mecaniza��o e isso impacta na produ��o”, explica. Ela lembra que � preciso que fa�a o controle do estoque para evitar que o pre�o caia muito e o pre�o m�nimo corresponda a realidade. “Da porteira pra dentro temos muita expertise, mas da porteira para fora, o produtor n�o tem controle”.
Receitas subiram 17,8% em 13 anos
A receita total das lavouras de caf� no Brasil, medida pelo Valor Bruto da Produ��o, alcan�ou R$ 25,05 bilh�es, segundo estimativa da Secretaria de Pol�tica Agr�cola do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa). O caf� ar�bica respondeu por 80% desse valor, tendo movimentado R$ 20,10 bilh�es no ano passado, enquanto a variedade conilon proporcionou faturamento de R$ 4,95 bilh�es. Os n�meros constam de relat�rio divulgado pelo Observat�rio do Caf�, grupo que resultou de cons�rcio de pesquisas sobre o setor coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu�ria (Embrapa Caf�).
Estudo comparativo da s�rie do Valor Bruto da Produ��o desde 2005 mostra que a receita dos cafezais brasileiros evoluiu apenas 17,8% nos 13 anos comparados, ao passo que a produ��o cresceu 87,5%. Em 2005, o valor apurado nas lavouras foi de R$ 21,26 bilh�es, para 32,9 milh�es de sacas de 60 quilos produzidas. No ano passado, a produ��o estimada atingiu 61,7 milh�es de sacas.
A safra de 2018 consistiu no melhor desempenho da hist�ria do caf� brasileiro. Ainda de acordo com o Observat�rio do Caf�, o pa�s registrou avan�o significativo da produtividade e da qualidade do produto. Foram colhidas 33,07 sacas por hectare em �rea de cultivo estimada em 1,86 milh�o de hectares. A conclus�o � de pesquisa feita junto a 280 cafeicultores dos principais estados produtores: Minas Gerais, Esp�rito Santo, S�o Paulo, Bahia, Rond�nia e Paran�.