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Estado de Minas COVID-19

Doen�as psicodermatol�gicas podem se agravar durante isolamento social

Tendo em vista o aumento dos casos depressivos e/ou ansiosos durante a pandemia, quadros cl�nicos de patologias na pele relacionadas a sintomas mentais podem se agravar


11/10/2020 13:00 - atualizado 15/10/2020 15:10

Natalia sentiu os impactos do isolamento social em sua saúde mental se refletirem em suas manchas do vitiligo(foto: Daniel Stone/Divulgação)
Natalia sentiu os impactos do isolamento social em sua sa�de mental se refletirem em suas manchas do vitiligo (foto: Daniel Stone/Divulga��o)

Pesquisa feita pela Associa��o Brasileira de Psiquiatria (ABP) mostra que cerca de 89,2% dos especialistas entrevistados apontaram para um agravamento dos quadros psiqui�tricos durante a pandemia causada pelo novo coronav�rus, o que pode ser um alerta, tamb�m, do ponto de vista dermatol�gico. Isso porque algumas doen�as manifestadas na pele est�o diretamente relacionadas com o emocional do paciente, estando, assim, sujeitas ao agravamento.

A dermatologista Michele Diniz, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que isso se d� pela rela��o constante entre pele e sistema nervoso, fator que se estende desde o per�odo embrion�rio. Dessa forma, segundo a dermatologista, os dois �rg�os tendem a ser afetados pelos mesmos horm�nios e neuropept�dios, desencadeando o surgimento e/ou agravamento de manifesta��es patol�gicas na pele.

“Em situa��es de estresse, podemos ter um aumento de produ��o de cortisol, horm�nio que pode piorar o quadro de acne, por exemplo. Al�m disso, neuropept�dios como a subst�ncia P e outras prote�nas inflamat�rias, chamadas de citocinas, liberadas em quadros de ansiedade e depress�o, podem piorar a inflama��o na pele, coceira e at� mesmo favorecer a entrada do cabelo na fase de queda”, afirma a dermatologista.

A psic�loga M�nica Nascimento Mafra frisa essa liga��o entre o organismo humano e o sistema nervoso para destacar a forma como esses sintomas ansiosos e depressivos podem resultar em ocorr�ncias cut�neas. “Podemos dizer que h� um n�mero grande de doen�as de pele com intera��o entre sentimentos, conflitos e estado emocional. Isso ocorre porque somos seres integrados. Assim, aspectos biol�gicos, sociais e psicol�gicos se interagem. Nossa pele recebe sinais do ambiente em que vivemos, transmite a informa��o ao nosso sistema nervoso, e assim nossas emo��es interagem com o corpo”, diz.

A dermatologista Michele Diniz diz que o estresse pode desencadear ou piorar doenças de pele(foto: Arquivo pessoal)
A dermatologista Michele Diniz diz que o estresse pode desencadear ou piorar doen�as de pele (foto: Arquivo pessoal)
M�nica pontua ser exatamente neste contexto que a pandemia tende a influenciar o aparecimento ou agravamento de doen�as psicodermatol�gicas. “O isolamento social e a pandemia ocasionaram o afastamento do contexto social, familiar e at� do ambiente de trabalho. A rotina habitual das pessoas foi totalmente modificada e sem previs�o de um retorno. Muitos quadros emocionais podem surgir, como depress�o, estresse e ansiedade, desencadeando manifesta��es cut�neas.”

Foi o que aconteceu com a modelo e bailarina Natalia Deodato, de 20 anos. A jovem conta que o isolamento social decorrente da necessidade de preven��o contra a COVID-19 a deixou mais ansiosa. E, por consequ�ncia, os sinais apareceram, tamb�m, no corpo, com o agravamento do vitiligo. Conforme relata Natalia, “tudo que nosso corpo sente por dentro ele manda sinais por fora”.

“Foi algo dr�stico para mim. Desde o in�cio me senti aflita, ansiosa, cabisbaixa e at� incapaz. Afinal, � algo que n�o est� ao nosso controle, e tudo que nos foge do controle nos causa medo. Com a ansiedade, minhas manchas ficaram mais sens�veis. Tive, ainda, um quadro de dermatite em raz�o da ansiedade.”

Al�m do vitiligo, Michele destaca que doen�as manifestadas na pele, como psor�ase, dermatite at�pica, acne e queda de cabelo, podem se agravar a partir de casos de estresse, ansiedade, depress�o ou demais patologias mentais. No entanto, a preocupa��o n�o consiste somente em pessoas que j� t�m o quadro cl�nico identificado. Isso porque pessoas que nunca tiveram nenhuma manifesta��o cut�nea podem estar sujeitas em fun��o do contexto mental.

TRATAMENTO 

Michele explica que os pacientes t�m que ser tratados em sua totalidade e que as doen�as de pele podem ser o primeiro sinal de que h� algo em desajuste no organismo. Portanto, a dermatologista pontua que essa abordagem integral tem import�ncia para o sucesso e a necessidade de o tratamento adequado ser procurado ainda no aparecimento dos primeiros sinais, visto que a identifica��o precoce da doen�a � fato crucial para a efic�cia da recupera��o da pele.

“Em caso de agravamento ou surgimento de doen�as psicodermatol�gicas, o dermatologista deve ser procurado para que o tratamento adequado possa ser institu�do o mais rapidamente poss�vel. E n�o podemos nos esquecer, tamb�m, do suporte psicol�gico, devido � capacidade de interfer�ncia dos sintomas mentais. Se necess�ria, uma abordagem multiprofissional pode ser inserida para a melhora dos sintomas psicol�gicos”, diz.

Do ponto de vista dermatol�gico, Michele explica que cada paciente recebe um tratamento diferente, considerando a especificidade das doen�as apresentadas, bem como a gravidade do quadro cl�nico. Por�m, a dermatologista reitera que o diagn�stico de associa��o entre as patologias e os quadros cl�nicos mentais � de extrema import�ncia para o resultado positivo do tratamento dermatol�gico.

“De acordo com o diagn�stico m�dico, ser� dado in�cio �s interven��es terap�uticas por um psic�logo para ajudar a prevenir, tratar e conhecer os fatores emocionais que desencadearam a doen�a. Al�m disso, alguns pacientes apresentam baixa autoestima em decorr�ncia das desfigura��es ou les�es produzidas pela doen�a. E � importante ressaltar que, em alguns casos, se faz necess�rio o acompanhamento psiqui�trico para indicar medica��es para tratar as quest�es emocionais”, explica a psic�loga M�nica.

E � justamente essa assist�ncia psicol�gica que vem ajudando Natalia a se aceitar com as manchas de vitiligo pelo corpo, bem como durante o per�odo de isolamento social, em que os sintomas mentais da modelo se intensificaram. “N�o fa�o uso de medicamentos, apenas acompanhamento terap�utico. Para mim, a real batalha est� dentro da nossa cabe�a e a cura tamb�m vem dela”, relata.

CUIDANDO DA MENTE 

Tendo em vista as complica��es desencadeadas tamb�m � pele em fun��o do isolamento social, Michele destaca que algumas atitudes podem ser tomadas com base na rotina do paciente, a fim de aliviar os sintomas de estresse, ansiedade e depress�o. “A pr�tica de atividades f�sicas regularmente, a leitura de bons livros, hobbies, medita��o e alimenta��o saud�vel s�o algumas formas de atenuar esses sinais e levar uma vida mais saud�vel f�sica e clinicamente”, afirma a dermatologista.

M�nica, al�m de recomendar a realiza��o de exerc�cios f�sicos di�rios e uma boa alimenta��o, aponta para uma “f�rmula” capaz de ajudar em momentos de tens�o, principalmente em meio ao isolamento social: procurar n�o viver somente em fun��o da doen�a.

“Os problemas emocionais podem desencadear doen�as f�sicas, mas as doen�as do corpo podem tamb�m propiciar o aparecimento ou agravamento de quadros cl�nicos mentais. Portanto, desde o princ�pio, � importante que o paciente procure integrar � vida uma rotina saud�vel, que englobe atividades f�sicas, boa alimenta��o, sorrir, trabalhar e tamb�m meditar. Ou seja, uma vida n�o limitada a viver somente para a doen�a.”

Natalia faz uso dessa filosofia, tanto que, para a modelo, o paciente tem uma escolha a fazer, entre se lamentar, pela doen�a ou seu agravamento, ou buscar por uma solu��o. “Eu escolhi reagir e ser melhor a cada dia. Fa�o minhas medita��es, ora��es, dou boas risadas e me cerco de energias boas, pois acredito que tudo isso espanta os problemas e energias ruins”, diz a modelo e dan�arina.

O que fazer?

Dicas para manter a sa�de mental e dermatol�gica em dia:

» Fa�a atividades f�sicas regularmente
» Alimente-se melhor
» Medite, leia, sorria e fa�a coisas de que goste
» N�o se lamente caso j� tenha o diagn�stico; aja 
 
*Estagi�ria sob supervis�o da editora Teresa Caram


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