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Estado de Minas SA�DE

'Variante brasileira': Entenda a cepa de COVID-19 encontrada em Manaus

Especialistas alertam para a necessidade de mais estudos para conclus�o sobre riscos de transmiss�o e gravidade da nova cepa que tem assustado o Brasil


15/01/2021 15:47 - atualizado 15/01/2021 16:23

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

O Minist�rio da Sa�de informou, nesta sexta-feira (15), que um caso de reinfec��o pelo novo coronav�rus pela cepa descoberta em Manaus, no Amazonas, foi confirmado. Uma mulher de 29 anos, que j� havia testado positivo para COVID-19 em mar�o, voltou a ser infectada nove meses depois, mais precisamente em dezembro, dessa vez pela variante brasileira.

Segundo o �rg�o de sa�de nacional, as muta��es encontradas s�o compat�veis com uma outra variante, essa encontrada no Jap�o. 

A descoberta da nova variante j� fez, inclusive, que pa�ses proibissem a entrada de voos brasileiros, como foi o caso do Reino Unido, a fim de conter a dissemina��o da nova cepa e evitar mais casos pelo mundo, conforme alerta Estev�o Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), coordenador do servi�o de infectologia do Hospital Madre Teresa e membro do Comit� de Enfrentamento � COVID-19. 

Segundo um estudo conduzido por pesquisadores da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), essa nova variante, de linhagem B.1.1.28, evoluiu de uma linhagem viral presente no Brasil, que, conforme visto, circula no estado do Amazonas, no Norte do pa�s.

Essa cepa cont�m pelo menos tr�s muta��es (K417N, E484K e N501Y), que provocaram mudan�as nos genes que codificam a esp�cula, a conhecida prote�na Spike, estrutura que fica na superf�cie do v�rus e permite que ele invada as c�lulas do corpo. 

Ainda, de acordo com a investiga��o feita pelo laborat�rio, h� dois clados principais – agrupamentos que incluem um ancestral comum e todos os descendentes –, que evolu�ram localmente sem apresentar muta��es incomuns na prote�na Spike, recentemente, mais precisamente, segundo dados da pesquisa, entre abril e novembro de 2020.  

Mas qual a real gravidade da “variante brasileira”? De acordo com Estev�o Urbano, diferentemente das demais cepas j� encontradas no Brasil, no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, por exemplo, que s�o pouco diferentes da “cepa-m�e” – a primeira que chegou no Brasil ainda em mar�o –, a encontrada em Manaus tem diferentes cepas gen�ticas. Por�m, segundo o presidente da SMI, isso n�o � suficiente para alegar que essa variante seja mais transmiss�vel ou grave que as demais. 

Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), coordenador do serviço de infectologia do Hospital Madre Teresa e membro do Comitê de Enfrentamento à COVID-19(foto: Assessoria de Comunicação do Hospital Madre Teresa/Divulgação)
Estev�o Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), coordenador do servi�o de infectologia do Hospital Madre Teresa e membro do Comit� de Enfrentamento � COVID-19 (foto: Assessoria de Comunica��o do Hospital Madre Teresa/Divulga��o)
“N�o sabemos ainda se a variante de Manaus � mais transmiss�vel e agressiva ou se o caos que se encontra l� hoje � por causa, apenas, exclusivamente, da falta de distanciamento e medidas de regramento. Sobre isso ent�o, ainda h� muitas d�vidas, mas existe o potencial para ser, como outras que foram descobertas, por exemplo, no Reino Unido, potencialmente mais transmiss�veis e eventualmente mais letais. Mas ainda s�o s� hip�teses, n�o h� nenhuma constata��o”, justifica. 

Para Jorge Kalil, professor titular de imunologia cl�nica e alergia da USP e coordenador do Hospital das Cl�nicas, em S�o Paulo, as chances de essa variante ser mais infecciosa s�o grandes, haja vista a sua “perman�ncia”.

“Com o v�rus circulando h� um ano, o que existe � que naturalmente v�o acontecer muta��es, o que acontece normalmente com os v�rus, e, dessas muta��es, as que ficam s�o justamente as mais infecciosas, pois elas t�m vantagem competitiva sobre os outros v�rus. Quanto maior a infec��o, mais ele se espalha. Aconteceu na Gr�-Bretanha, na �frica do Sul e, agora, em Manaus.” 

Mas isso n�o quer dizer que essa muta��o, por permanecer mais tempo e infeccionar mais pessoas, possa vir a ser mais letal. “Tem centenas de muta��es que j� ocorreram, algumas deixam o v�rus mais infeccioso, por�m, sem que tenha mais morbidade. As muta��es mais letais nem sempre elas permanecem, porque matam muito rapidamente o hospedeiro e n�o s�o muito transmitidas. Portanto, as que permanecem s�o as mais infecciosas, em raz�o da vantagem seletiva que faz com que o v�rus infecte mais pessoas”, justifica. 
 

"� poss�vel que uma muta��o fuja a resposta imune. Se essas muta��es forem no lugar em que o sistema imunol�gico bloqueia e mesmo assim conseguir se ligar ao receptor, isso se torna mais grave. N�s ter�amos, ent�o, uma variante que escaparia at� das vacinas que temos hoje"

Jorge Kalil, professor titular de imunologia cl�nica e alergia da USP e coordenador do Hospital das Cl�nicas, em S�o Paulo


 
Nesse cen�rio, Estev�o Urbano destaca ser muito importante que o investimento na vigil�ncia gen�mica para que dados mais precisos sejam alcan�ados sobre o comportamento do v�rus, em n�vel global.

“Agora, � importante continuarmos o mapeamento gen�tico dessa cepa para ver se ela vai se tornar uma cepa predominante e entender o seu comportamento, se ela pode ser mais transmiss�vel ou agressiva. Ent�o, � quest�o de, agora, manter uma observa��o continuada”, diz. 
 

VACINA

 
Nesse cen�rio, outra d�vida que fica �: e a vacina? Estev�o Urbano esclarece que essa tamb�m � uma preocupa��o do Comit� de Enfrentamento � COVID-19, haja vista a possibilidade de que essa varia��o sofrida pelo v�rus venha a atrapalhar a seguran�a e efic�cia da imunizante no organismo humano. Por�m, ainda h� esperan�a e a constata��o s� vir� com o tempo, sendo necess�rios mais estudos. 

“Ainda n�o se sabe se essa muta��o vai ou n�o influenciar na efic�cia da vacina. A esperan�a � que essa varia��o seja pequena, sendo insuficiente para atrapalhar a cria��o de anticorpos e a prote��o da vacina, mas garantias n�o temos. � preciso ter estudos e observa��o pr�tica para saber se ter� algum problema com a prote��o vacinal”, destaca o coordenador de infectologia do Hospital Madre Teresa. 

Quanto a imuniza��o, o coordenador do Hospital das Cl�nicas, destaca que por mais que essa nova cepa seja mais infecciosa, o que ainda precisa ser mais estudado, isso n�o implica “fuga” da resposta imunol�gica da vacina. Por�m, � preciso cautela.

“� poss�vel que uma muta��o fuja � resposta imune. Se essas muta��es forem no lugar em que o sistema imunol�gico bloqueia e mesmo assim conseguir se ligar ao receptor, isso se torna mais grave. N�s ter�amos, ent�o, uma variante que escaparia at� das vacinas que temos hoje”, afirma. 

� nesse cen�rio que Jorge Kalil alerta sobre a necessidade de que estudos sobre medicamentos e tratamentos para a COVID-19 sejam mantidos. “� importante termos outras sa�das, caso os imunizantes tenham dificuldades de agir no organismo em raz�o da muta��o do v�rus. E, por isso, mantemos alguns estudos promissores, buscando testar a efic�cia em pessoas de alto risco”, informa. 
 

CUIDADOS

 
Apesar de caracterizada como variante e bem diferente da “cepa-m�e”, a cepa encontrada em Manaus n�o infere cuidados diferentes aos que j� s�o tomados originalmente para evitar a prolifera��o do novo coronav�rus. Isso porque, segundo Estev�o Urbano, apesar de sofrer muta��es, a forma de transmiss�o se mant�m pela proximidade, tosse, espirro, fala, m�os e aglomera��o. 

Justamente por isso � que as medidas protetivas j� recomendadas, como uso constante de m�scaras de prote��o individual, distanciamento social e higieniza��o frequente das m�os devem ser mantidos. “Os cuidados a serem tomados em rela��o a essa nova cepa devem ser id�nticos aos j� incorporados como forma de preven��o contra a COVID-19 contra�da pela cepa original, a chamada ‘cepa-m�e’”, afirma. 

*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram 


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