(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas SA�DE

Pandemia da COVID-19 afeta o diagn�stico de c�ncer de p�nis, alerta SBU

Segundo o Minist�rio da Sa�de, n�mero de diagn�sticos caiu durante a pandemia. Em cerca de dois anos, mais de mil homens se submeteram � amputa��o de p�nis


15/02/2021 14:27 - atualizado 15/02/2021 15:21

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

O c�ncer de p�nis, segundo dados do Instituto Nacional do C�ncer (Inca), do Minist�rio da Sa�de, acomete, em m�dia, 2% dos brasileiros. Por�m, apesar de raro, quando esse tipo de tumor agride a genit�lia masculina, os danos podem ser graves, se n�o houver o diagn�stico precoce. E a pandemia de COVID-19 afetou, e muito, o quadro cl�nico da doen�a, haja vista a queda de diagn�sticos por n�o acompanhamento m�dico no momento oportuno. 

N�o � toa, de acordo com dados fornecidos pelo Minist�rio da Sa�de, em 2019, cerca de 2.193 homens foram diagnosticados com a doen�a no Brasil, enquanto que, no ano passado (2020) – ano em que a pandemia se instalou no pa�s –, esse n�mero caiu para 1.788. Em Minas Gerais, o cen�rio foi um pouco diferente, passando de 242 para 260 casos. 

Os dados, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em Minas Gerais, Francisco de Assis Teixeira Guerra, s�o ainda mais alarmantes no que diz respeito aos quadros cl�nicos que necessitaram de amputa��o em raz�o do diagn�stico tardio da doen�a.

Em 2019, houve cerca de 637 amputa��es e, em 2020, 455, mesmo com aproximadamente a metade de diagn�sticos. Em territ�rio mineiro, os �ndices tamb�m se mantiveram pr�ximos: eram 76 em 2019 e 65 em 2020. 

“Por conta da pandemia, a procura por avalia��o m�dica diminuiu. Com essa diminui��o no atendimento m�dico para avalia��o das les�es penianas, o n�mero de diagn�sticos de 2020 foi menor que o n�mero de diagn�sticos de 2019. Qual a nossa preocupa��o em rela��o a isso? Se a gente demora esse tempo no diagn�stico, o nosso tratamento tem grandes chances de ser, em vez de mais conservador de uma doen�a inicial, evoluir para um tratamento de amputa��o peniana”, explica. 

Isso porque em quadros cl�nicos avan�ados da doen�a se faz necess�rio o procedimento de amputa��o do �rg�o, para evitar a infec��o de outras partes do corpo.  

Esse m�todo pode ser parcial ou total e pode deixar sequelas graves na qualidade de vida do paciente. Para al�m da vida sexual ativa ou n�o, as dificuldades de urinar se tornam um problema, e o emocional tende a se abalar pelos traumas de ter um �rg�o amputado. “Tudo depende do local e da extens�o do c�ncer. Ent�o, alguns pacientes v�o ter um c�ncer na glande – cabe�a do p�nis.” 

“Nesses casos, pode-se fazer o que chamamos de amputa��o parcial. Ou seja, ressecamos e retiramos parte do p�nis. Ent�o, ainda ir� ‘sobrar’ parte do �rg�o e, dependendo do tamanho que ficar, ele ainda consegue ter vida sexual. Mas a verdade � que fazer uma ressec��o, uma amputa��o parcial, apesar de ainda ter um p�nis que consiga ter rela��o sexual, o impacto emocional que esse paciente tem, muitas vezes, faz com que ele n�o consiga ter rela��o pelo trauma adquirido”, explica o presidente da SBU em Minas Gerais. 
 

"Com as medidas locais de diagn�stico, com a bi�psia, os tumores em estado inicial podem ser retirados ou mesmo serem tratados com medicamentos capazes de promover a cauteriza��o qu�mica. As chances de cura s�o muito maiores e sem precisar agredir o corpo."

Francisco de Assis Teixeira Guerra, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em Minas Gerais

 

Em alguns casos, quando se tem uma les�o mais avan�ada ou em determinada localiza��o, � preciso recorrer ao procedimento em sua totalidade, o que pode trazer ainda mais impactos para a vida do paciente.

“Nesses casos, tem que se criar uma situa��o para que o paciente consiga urinar, porque ele passa a n�o ter o p�nis ou a uretra, sem o coto para urinar, como nos casos de amputa��o parcial. O grande problema � estigma, qualidade de vida e limita��o. E, nesse momento, � preciso que o m�dico oriente que isso significa cura e sobreviv�ncia para o paciente para que os valores al�m da vida sexual sejam mantidos”, pontua. 

Francisco de Assis pondera que, em alguns casos, s� a cirurgia n�o adianta. Assim, al�m da amputa��o, pode ser necess�rio que outros tratamentos se somem � amputa��o, como radioterapia e quimioterapia. Dependendo da extens�o do c�ncer, � necess�rio, ainda, a realiza��o de cirurgias para a retirada dos linfonodos para diminuir as chances de avan�o da doen�a. 

O lema deixado pelo especialista �: o grande segredo dos tratamentos de qualquer doen�a � o diagn�stico precoce. “Com as medidas locais de diagn�stico, com a bi�psia, os tumores em estado inicial podem ser retirados ou mesmo serem tratados com medicamentos capazes de promover a cauteriza��o qu�mica. As chances de cura s�o muito maiores e sem precisar agredir o corpo”, aponta. 

O QUE �, FATORES DE RISCO E SINAIS 


O c�ncer de p�nis � causado por les�es que acometem a genit�lia masculina. Nesses casos, alguns fatores de risco podem estar relacionados com o aparecimento de tumores na regi�o. O primeiro deles � a m� higieniza��o do �rg�o.

Al�m disso, a dificuldade de exposi��o da glande em raz�o da fimose – estreitamento do prep�cio, a pele que o envolve –inviabiliza a limpeza adequada do �rg�o, promovendo altera��es nas c�lulas superficiais da glande e, consequentemente, o c�ncer de p�nis.  

“Tem-se, ainda, o tabagismo e o HPV (papiloma v�rus humano) como fatores de risco para o acometimento do p�nis pelo c�ncer. Justamente por isso, � muito importante que os homens se vacinem contra o HPV na faixa et�ria indicada, entre 11 e 14 anos. Outras les�es que podem aparecer no p�nis, como feridas, quando n�o devidamente avaliadas, tamb�m corroboram como fator de risco para o desenvolvimento do c�ncer de p�nis”, completa Francisco de Assis. 
 

"Esse � o grande diferencial para as pessoas procurarem uma avalia��o m�dica de rotina. Isso � v�lido para qualquer �rg�o. A informa��o, a divulga��o, a conscientiza��o e as campanhas s�o fundamentais para um diagn�stico precoce e resultados excelentes de tratamento. Conhecimento � a palavra-chave, porque a partir do momento que se tem conhecimento, evita-se problemas e maximiza as chances de cura. Quanto a aus�ncia de procura durante o isolamento social, o recado �: cuidado com a pandemia, mas cuidado com todos os outros �rg�os do nosso corpo."

Francisco de Assis Teixeira Guerra, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em Minas Gerais

 

A partir de ent�o podem-se apresentar sintomas caracter�sticos da doen�a, capazes de auxiliar o diagn�stico e o momento oportuno para procurar o atendimento m�dico especializado. “� muito diferente, por exemplo, do diagn�stico de c�ncer de rim, de pr�stata ou de test�culo, que n�o h� manifesta��o externa e, na maioria das vezes, s� h� manifesta��o quando h� o desenvolvimento do c�ncer.” 

“Para o homem enxergar o ‘c�ncer de p�nis’ � bem mais f�cil. Ent�o, quando ele v� altera��es de les�es na pele do p�nis, principalmente les�es que mudam de cor, aumentam de tamanho e ficam mais �speras faz se necess�ria uma avalia��o e, quando indicado, uma bi�psia. Les�es que n�o cicatrizam facilmente, verrugas, modula��es, seja no p�nis ou na regi�o da virilha, s�o sinais que quando percebidos em autoavalia��o, devem ser analisados, tamb�m, em consulta m�dica”, explica. 
 
Segundo a membro do Departamento de Comunica��o da SBU e vice-presidente da SBU-RS, Karin Anzolch, para al�m de se entender os fatores de risco e observar as les�es apresentadas, estabelecer medidas preventivas � uma boa iniciativa para evitar quadros cl�nicos avan�ados e at� mesmo o pr�prio acometimento pelo c�ncer de p�nis.

"S�o atitudes simples. Uma boa higiene �ntima di�ria com �gua e sab�o pode prevenir a grande maioria dos casos e deve ser ensinada e incorporada nos h�bitos desde as etapas mais iniciais da vida de um homem, refor�adas com medidas como a vacina��o contra o HPV e o tratamento de fimose, quando presente." 

TABU 


Haja vista a complexidade e, ao mesmo, delicadeza do local acometido pelos tumores causadores do c�ncer de p�nis, a vergonha ou receio de procurar acompanhamento m�dico tende a ser um dos grandes vil�es para a cura da doen�a.

Isso porque cria-se, a partir de comportamentos e pensamentos sociais e culturais, um tabu em torno dos exames e consultas com o urologista. Cai-se, ent�o, em um perigoso jogo de “esconde-esconde” com a les�o encontrada ou demais sinais apresentados. 

“A primeira rea��o que o paciente tem, quando ele tem uma les�o no p�nis, � dificuldade em procurar um m�dico para avaliar a sua genit�lia. Ent�o, depende do n�vel de entendimento cultural que cada pessoa tem. Um segundo ponto � que, o paciente tem uma les�o no p�nis, n�o acha que aquilo vai ser um c�ncer, espera para ver se vai melhorar, procura algum tipo de cura e faz automedica��o na genit�lia. Ou seja, ‘est� escondido, ningu�m est� vendo’. Com isso, a les�o vai evoluindo at� que, se ele n�o procura atendimento, toma uma propor��o muito grande”, afirma Francisco de Assis. 

Come�a, ent�o, a ter sinais mais claros, como mau cheiro, secre��es, entre outros. E, quando chega nesse momento, as les�es j� se encontram em estados mais avan�ados. Justamente por isso, o presidente da SBU-MG destaca a import�ncia de a��es de conscientiza��o e informa��o a respeito da doen�a.  

“Esse � o grande diferencial para as pessoas procurarem uma avalia��o m�dica de rotina. Isso � v�lido para qualquer �rg�o. A informa��o, a divulga��o, a conscientiza��o e as campanhas s�o fundamentais para um diagn�stico precoce e resultados excelentes de tratamento."

Conhecimento � a palavra-chave, porque a partir do momento que se tem conhecimento, evita-se problemas e maximiza as chances de cura. "Quanto � aus�ncia de procura durante o isolamento social, o recado �: cuidado com a pandemia, mas cuidado com todos os outros �rg�os do nosso corpo”, diz.  


SBU EM A��O 


Neste m�s de fevereiro, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) dedica-se a esclarecer a popula��o sobre o c�ncer de p�nis, por meio das redes sociais da entidade (@portaldaurologia) e na R�dio SBU, canal de podcasts da Sociedade dispon�vel nos principais streamings de �udio: Spotify, Deezer, Pocket Cast, Apple Podcasts e Google Podcasts.  

A campanha, denominada "SBU contra o c�ncer de p�nis", reunir� m�dicos para esclarecer d�vidas sobre o tema, entre elas o passo a passo de uma higiene adequada, sinais da doen�a e quando buscar atendimento.  

*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)