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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Ghosting: "Sumiu, desapareceu, escafedeu-se"

Ghosting, termo que se popularizou com o surgimento dos aplicativos de encontros, significa levar um fora, mas sem nenhuma explica��o pr�via, conversa ou adeus


18/04/2021 04:00 - atualizado 17/04/2021 21:01

Ghosting: são pessoas que saem de um relacionamento virando fantasmas. Encerram um encontro da noite para o dia, cortando todo tipo de comunicação sem avisar(foto: Pixabay)
Ghosting: s�o pessoas que saem de um relacionamento virando fantasmas. Encerram um encontro da noite para o dia, cortando todo tipo de comunica��o sem avisar (foto: Pixabay)


1983. Miracema do Norte, fim de tarde. A R�dio Atividade leva at� voc�s mais um programa da s�rie dedique uma can��o a quem voc� ama. O locutor tem em m�os a carta de uma ouvinte que assina com o singelo pseud�nimo de Mariposa Apaixonada de Guadalupe. Ela conta que no dia que seria o mais feliz da sua vida, Arlindo Orlando, seu noivo, um caminhoneiro conhecido da pequena e pacata cidade de Miracema do Norte, fugiu, desapareceu, escafedeu-se. A hist�ria criada pelo cantor e compositor Evandro Mesquita para a m�sica “A dois passos do para�so”, da Blitz, sucesso na d�cada de 1980, se repete na vida atual, em todas as partes do mundo, com o nome de ghosting, nova palavra para delatar o mais popular “p� na bunda”.

Termo forjado a partir da vida experienciada nos aplicativos de relacionamentos, diante das rela��es amorosas que nascem no mundo virtual, que t�m como dose de crueldade o t�rmino encerrado sem qualquer explica��o ou conversa. A pessoa simplesmente decide sumir da vida da outra sem se despedir, sem aviso pr�vio ou, at� mesmo, se preocupar em escrever uma mensagem: “Fui”.

Relacionamentos nunca foram f�ceis ou un�nimes. As viv�ncias e experi�ncias s�o individuais, mas ao se tratar de assuntos do cora��o e das rela��es amorosas mudam-se os nomes, meios, cen�rios, �pocas, s�culos, mas o impasse e desentendimento entre casais, de todos os g�neros, se apresentam com atitudes semelhantes para o bem e para o mal, para conquistar e afastar, amar e desamar. Quem j� n�o passou pela seguinte situa��o: conhece algu�m, troca n�mero de telefone, conversa por mensagens, e-mails ou WhatsApp, redes sociais ou aplicativos, marca encontros, come�a um relacionamento, tudo parece ir bem e, de repente, uma das partes se v� no v�cuo, no sil�ncio porque a outra parte, simplesmente, foi embora. Desapareceu sem dar not�cias.

Ghosting, palavra em ingl�s, deriva de ghost, fantasma. Ent�o, se aplica a pessoas que saem de um relacionamento virando fantasmas, invis�veis. Encerrar um encontro da noite para o dia, cortando todo tipo de comunica��o, n�o � novidade, n�o come�ou agora. Certo � que as novas tecnologias tornaram esta pr�tica mais comum. E mesmo com as pessoas vivendo uma pandemia, diante do risco mortal da COVID-19, com o encontro neste momento tendo de ficar apenas no ambiente virtual e n�o presencial, as consequ�ncias emocionais e sentimentais podem afetar ainda mais a sa�de mental e at� mesmo a f�sica diante do isolamento social. 

Aconteceu algumas vezes, em v�rios est�gios do que eu acreditava ser um relacionamento. Tanto em momentos iniciais como depois de conversar por meses com a pessoa, e at� encontr�-la algumas vezes. Uma delas meio que se especializou em fazer isso, aparecer e desaparecer

A.M., de 46 anos, profissional liberal

Em depoimento, que teve a identidade preservada a pedido, A.M., de 46 anos, profissional liberal, conta que desde que se divorciou, em 2012, n�o emplacou outro relacionamento s�rio e acredita que todo mundo tem uma hist�ria de ghosting para contar. � um comportamento que sempre existiu, s� que agora ganhou um carimbo, uma denomina��o. Talvez a diferen�a nos tempos atuais � que as redes sociais, os aplicativos de paquera, impulsionem um pouco mais, porque de certa forma s�o ambientes que possibilitam um "comprometimento" aparente que, na realidade, nada tem de concreto.

Para A.M., ao buscar um relacionamento nas redes sociais “acreditamos que estamos pr�ximo de algu�m, �ntimo at�, devido � facilidade de comunica��o que a tecnologia proporciona, e idealizamos �s vezes um relacionamento que nem chegou a esse ponto. E a�, por algum motivo, a pessoa simplesmente se afasta, sem dar sinal. � muito frustrante".

A.M. revela que j� ocorreu com ela: "Aconteceu algumas vezes, em v�rios est�gios do que eu acreditava ser um relacionamento. Tanto em momentos iniciais como depois de conversar por meses com a pessoa, e at� encontr�-la algumas vezes. Uma delas meio que se especializou em fazer isso, aparecer e desaparecer. Chegou ao ponto de marcar de sair, mas no dia nem dar sinal. Acaba que hoje nem me surpreende mais quando algu�m com quem eu estou conversando desaparece".

A consequ�ncia de sofrer o ghosting, para A.M., � que "a gente vai criando uma casca, uma resist�ncia em acreditar no outro e at� ergue muros. Para algu�m ultrapassar, vai ter de querer e demonstrar. J� me perguntei muito o motivo de ter acontecido comigo, j� que eu acreditava que era um lance rec�proco". Ela confessa que tamb�m j� esteve do lado, praticou o ghosting: "Sinceramente, penso que nas vezes em que eu dei o ghosting foi mais por autodefesa, diante de algum sinal de alerta que percebi na rela��o, do que por perder o interesse na outra pessoa".

COMO SE AMAR E AMAR O OUTRO? 

O Bem Viver conversou com m�dicos psiquiatras, psic�logos, gestores de aplicativos de relacionamentos para entender essa atitude repaginada das a��es humanas quando se trata das rela��es �ntimas e amorosas. Qual o perfil de quem pratica o ghosting? Quem sofre o ghosting, como reage? Como tal atitude repercute nos relacionamentos futuros?  H� quem n�o consegue acabar com um relacionamento e precisa fugir? A mulher, historicamente, ao ser incutida a necessidade de que precisa ter algu�m, � alvo f�cil do ghosting? 

(foto: TheDigitalArtist/Pixabay)
(foto: TheDigitalArtist/Pixabay)

   
Em uma pesquisa de 2014, feita nos Estados Unidos pelo instituto YouGov para o Huffington Post, 11% dos participantes disseram ter praticado ghosting e cerca de 13% dizem ter sofrido com essa pr�tica. J� artigo publicado na revista “Fortune”, tamb�m em 2014, 78% da gera��o do mil�nio j� foi v�tima de ghosting, pelo menos uma vez. E outro estudo de 2018 feita pela BankMyCell, distribuidora de telefones celulares nos EUA, mostrou que entre os millennials (ou gera��o Y, nascidos de 1980 a 1994), o principal motivo apontado por quem praticou ghosting foi a facilidade para evitar conflitos com o parceiro. A pesquisa tamb�m apresentou uma compara��o entre homens e mulheres, visto que 82% do p�blico feminino j� se envolveu com ghosting, contra 71% do masculino.

Aceitar ser ignorado n�o � f�cil para ningu�m. Ao menos n�o deveria. A verdade � que quando se ignora algu�m, no m�nimo, corre-se o risco da perda da empatia, de se colocar no lugar do outro. Um desastre �s rela��es humanas, ainda mais cruel quando se trata do amor. Para especialistas, o cuidado tem de ser das duas partes porque ambas podem sair feridas. Como agir? Como se proteger? Como se amar e amar o outro?

Qual o futuro do date?* 

É possível encontrar o amor com ajuda dos algoritmos?(foto: Alexander Sinn/Unsplash)
� poss�vel encontrar o amor com ajuda dos algoritmos? (foto: Alexander Sinn/Unsplash)

Estudo feito pelo Tinder, onde mais da metade dos membros do aplicativo de relacionamento no mundo s�o da Gera��o Z (jovens de 18 a 25 anos), mostra que a mudan�a na din�mica do date, mesmo antes da pandemia, j� come�ou. Mas com a explos�o da vida em 2020 diante da COVID-19, a maneira de se conectar foi acelerada e esses jovens se tornaram mais abertos, mais livres de tabus e do tradicionalismo. Conhe�a os principais dados do levantamento da empresa criada em um c�mpus de uma faculdade em 2012 e hoje � o aplicativo mais popular do mundo para conhecer novas pessoas. Dispon�vel em 190 pa�ses e em mais de 40 idiomas, o Tinder j� foi baixado mais de 430 milh�es e j� atingiu mais de 60 bilh�es de matches.

#1: Pessoas ser�o mais honestas e aut�nticas
#2: Os limites ser�o mais claros

#3: Mais pessoas v�o querer deixar acontecer naturalmente

#4: Dates digitais continuar�o sendo uma realidade no novo normal

#5: Os primeiros dates ser�o mais sobre fazer algo do que sobre quebrar o gelo

#6: Pequenos contatos f�sicos t�m um grande impacto. Os membros do app est�o usando suas biografias para buscar afeto, como segurar as m�os, abra�ar ou algu�m para fazer um cafun�: o uso da palavra 'abra�o' cresceu 23%, e 'segurar as m�os' aumentou 22%

#7: Pessoas v�o procurar por quem est� fisicamente mais perto

#8: Uma avalanche de amor reprimido pode vir a�. Enquanto as pessoas diminu�ram o namoro pessoalmente em 2020 (54% dos solteiros compartilharam com YPulse que o “COVID-19 atrasou significativamente minha vida amorosa”, eles est�o prontos para come�ar a sair mais assim que tomarem as vacinas. Quase um ter�o disse � YPulse que devem tomar a vacina antes de se sentirem confort�veis para namorar pessoalmente. O Tinder viu um grande aumento nas men��es de ‘vacina’ (at� 8x) e ‘anticorpos’ (at� 20x) desde o in�cio da pandemia

#9: 19% mais mensagens foram enviadas por dia em fevereiro de 2021, em compara��o com fevereiro de 2020

#10: As conversas foram 32% mais longas durante a pandemia

#11: Vimos 11% mais Swipes (arrastar para l� ou para c�) e 42% mais matches por membro do Tinder#12: A Gera��o Z tamb�m se voltou para chats de v�deo. Quase metade do Tinder conversou por v�deo com um match durante a pandemia, e 40% planejam continuar usando o v�deo para conhecer pessoas, mesmo quando a pandemia acabar

*Fonte: Estudo completo nos links: https://docs.google.com/document/d/1RVgG6DfMBodu7LQnYmzVpzF3TJMJdHfPqEjwPR5G49U/edit) e https://drive.google.com/file/d/1clwnqR7nw7MdCVqHQxK7cAow1724taxD/view .


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