Por isso, a import�ndia do Dia do Luto, celebrado neste s�bado (19/6). De acordo com a psic�loga Daniela Baptista Pacheco, que trabalha no Hospital Santa Casa de BH, a data ajuda a trazer � tona um dos assuntos de maior tabu na sociedade, a morte. "Falar do luto � falar da morte, que � algo que n�s, seres humanos, perdemos a capacidade de fazer. No dia do luto, a gente fala do morrer e que a nossa sociedade precisa ser educada para poder falar disso, para que a morte n�o nos assombre tanto”, diz.
Para ela, ver o n�mero de pessoas que morreram por causa do coronav�rus mexe com a popula��o, mesmo que n�o os indiv�duos n�o tenham perdido ningu�m, pois isso mostra que a morte � concreta e vai ocorrer com qualquer pessoa.
Luto na pandemia
No per�odo de pandemia, a psic�loga explica que as fam�lias perderam a chance de acompanhar o processo de adoecimento, que � muito mais do que ter um boletim m�dico, mas � tamb�m ver o paciente adoecer e piorar. Para ela, � necess�rio que a fam�lia passe por esse processo, para entender a doen�a e aceitar a perda.
“N�o poder ver, implica na dificuldade em elaborar a morte, principalmente quando falamos que agora n�o tem enterro. Agora, os pacientes que est�o em fase de cont�gio s�o fechados em um saco e o enterro � feito de caix�o fechado. At� o direito de enterro foi tirado da fam�lia”, acrescenta.
Daniela conta que agora est� sendo mais importante para a fam�lia cuidar do paciente do que buscar a cura, j� que antes da pandemia, era poss�vel visitar e participar do adoecimento. Atualmente, os familiares querem estar perto de seus entes queridos.
“A pandemia tirou a morte do conv�vio social das pessoas, isso aumentou ainda mais a angustia em rela��o a finitude humana, porque essa fam�lia n�o pode mais cuidar do paciente. A pandemia atrapalha muito o processo de luto das pessoas”, diz.
Alternativas
Segundo a psic�loga, ocorrem visitas virtuais e visitas presenciais – no setor de isolamento para COVID-19, as visitas ocorrem, pelo menos, uma vez durante a interna��o por 10 minutos, tempo definido pela comiss�o de infectologia.
Os profissionais da psicologia organizam com os m�dicos e a coordena��o quais semanas cada fam�lia pode entrar na ala, sempre acompanhada dos psic�logos. Daniela diz que a presen�a de especialistas � muito importante. "A fam�lia precisa estar amparada, e precisamos estar de olho se a fam�lia n�o vai tirar a m�scara, o face shield, os �culos de prote��o, para poder dar um beijo no paciente – precisamos garantir a seguran�a deles”.
Outras formas de contato com os familiares, s�o o envio de cartazes, fotos e recados pelo SAC do hospital, e col�-los envolta dos leitos. Para os pacientes que est�o inscientes, sedados e entubados, os profissionais oferecem o envio de �udios que ser�o colocados para pacientes. Daniela informa que nem sempre os pacientes t�m condi��es de ouvir e sempre deixa isso claro para os familiares.
Al�m dessas, existem celebra��es de missas online, envio de santinhos pelas redes sociais. “Esse momento virou virtual tamb�m. Na hora do enterro, a fam�lia quer dar o melhor (homenagear) para o paciente”, diz.
Como amenizar o luto
Quando o luto � patol�gico e paralisante, a pessoa � encorajada a buscar ajuda. Para a psic�loga, quando algu�m n�o tem condi��o e est� muito dif�cil melhorar sozinha, � necess�rio buscar amparo em outra pessoa, seja ela um familiar, amigo, ajuda espiritual ou terap�utica.
Daniela explica que a psicologia � um suporte e apoio para enlutado, pois dar� condi��es de fortalecimento e de encontrar os pr�prios recursos internos para lidar com a perda.