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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Malaxofobia: o medo do toque n�o � por falta de amor

Aus�ncia do desejo de se relacionar com outras pessoas, amorosamente ou n�o, pode ser uma escolha ou por timidez. Mas tamb�m quest�o de sa�de mental


15/08/2021 04:00 - atualizado 23/08/2021 10:53

No caso da malaxofobia, a pessoa pode ter tido uma experiência afetiva ruim, seja desilusão amorosa, tentativas afetivas frustradas ou um relacionamento abusivo
No caso da malaxofobia, a pessoa pode ter tido uma experi�ncia afetiva ruim, seja desilus�o amorosa, tentativas afetivas frustradas ou um relacionamento abusivo (foto: Robin Higgins/Pixabay )

� importante saber que a malaxofobia � uma de in�meros tipos de fobia, um dos tipos de transtorno de ansiedade e, por isso, nunca � poss�vel considerar “causa e consequ�ncia”, alerta a psic�loga cl�nica Mait� Hammound, destacando que as motiva��es s�o sempre biopsicossociais, ou seja, existem combina��es de aspectos f�sicos (disfun��es neuroqu�micas) com aspectos ps�quicos (personalidade, hist�rico, traumas, experi�ncias etc.) com o meio que est� inserido (a qualidade de vida).

“Portanto, seria incorreto afirmar que a falta de amor desencadearia a malaxofobia, pode sim existir rela��o na hist�ria daquela pessoa, mas n�o � crit�rio exclusivo para diagn�stico ou desenvolvimento desta ou de outra fobia.”

Mait� Hammound explica que sempre que as pessoas desenvolvem um transtorno de ansiedade, pelas causas serem biopsicossociais, � indicado o tratamento multidisciplinar: acompanhamento psicol�gico e psiqui�trico.

“Um tratamento n�o substitui o outro, precisamos de cuidado e manuten��o tanto do corpo quanto da mente. Quando estabilizados, os sintomas de ansiedade caracter�sticos desta e de outros quadros de fobia (pensamentos intrusivos, medo irracional, persistente e desproporcional, sudorese, taquicardia, sensa��o de falta de ar etc.) o toque, afeto e envolvimento �ntimo em uma rela��o deixam de ser temidos.”
 
A psic�loga alerta a malaxofobia tamb�m desencadeia sintomas f�sicos, n�o s� ps�quicos ou emocionais. Pelos transtornos de ansiedade serem psicossom�ticos (com altera��es tanto no corpo quanto na mente), no que diz respeito aos sintomas f�sicos, ela menciona como os principais: sensa��o de sufocamento, taquicardia, tremores, sudorese, altera��es no sono e altera��es no apetite.


PAIX�O E SOLID�O 


Psicóloga clínica Maitê Hammound destaca que as motivações são sempre biopsicossociais, existem combinações de aspectos físicos, psíquicos e o meio
Psic�loga cl�nica Mait� Hammound destaca que as motiva��es s�o sempre biopsicossociais, existem combina��es de aspectos f�sicos, ps�quicos e o meio (foto: Arquivo Pessoal)
E para quem vive esse transtorno, saiba que h� cura. Mait� Hammound enfatiza que nenhum transtorno de ansiedade, incluindo todos os tipos de fobia, � cr�nico.

“O tratamento tem come�o, meio e fim desde que feito corretamente com acompanhamento profissional, frequentemente multidisciplinar. � dif�cil avaliarmos um peso para import�ncia de dar e receber afeto ou estar em um relacionamento amoroso. Todo ser humano � infinitamente �nico e subjetivo, mas � natural que a maioria das pessoas n�o se sinta � vontade com a solid�o e sejam beneficiadas estando em relacionamentos amorosos que ofere�am algum tipo de afetividade. A paix�o, inclusive, tem in�meros aspectos de descargas hormonais que favorecem na sensa��o de bem-estar e disposi��o.”

Precisamos de cuidado e manuten��o tanto do corpo quanto da mente. Quando estabilizados, os sintomas de ansiedade caracter�sticos da malaxofobia e de outros quadros de fobia, o toque, afeto e envolvimento �ntimo em uma rela��o deixam de ser temidos

Mait� Hammound, psic�loga cl�nica



� preciso deixar claro que nem todos que gostam t�m alguma dificuldade ou mant�m certo distanciamento em rela��o ao contato f�sico com o outro sofrem de malaxofobia. Pode ser uma escolha, um comportamento ou atitude pela timidez, por ser mais introspectivo ou introvertido.

Mas a psic�loga cl�nica alerta que a aus�ncia de desejo de se relacionar com outras pessoas, amorosamente ou n�o, pode estar vinculada a algum tra�o de personalidade, algum trauma mal elaborado do passado e at� mesmo aspectos de um quadro de depress�o, que tem como um dos sintomas o isolamento social.
 
O importante � que cada um fique atento ao seu comportamento e como tem levado a vida. O homem � um ser social, viver isolado n�o � saud�vel, a troca faz parte desta aventura que � existir. Mait� Hammound enfatiza que, para qualquer tipo de fobia, � preciso considerar os aspectos biopsicossociais.

“Do que diz respeito � origem ps�quica da gamafobia, filofobia e malaxofobia, podemos levantar como hip�tese: traumas em relacionamentos anteriores, desenvolvimento em um lar desestruturado – aus�ncia de afeto, viol�ncia dom�stica, conviv�ncia pr�xima e exposi��o frequente a relacionamentos malsucedidos, viol�ncia sexual, relacionamentos abusivos, entre outros.”


VULNERABILIDADE E ESTRESSE


A psic�loga especialista em terapia cognitivo-comportamental Renata Borja destaca que as causas da malaxofobia t�m rela��o com a intera��o entre dois fatores: vulnerabilidade e estresse. A primeira tem rela��o com fatores gen�tico-biol�gicos, h�bitos, hist�rico pessoal, cultural, religioso e cren�as. E o estresse se refere a eventos vividos que impliquem receio de perda ou perda real de algo que se valoriza.

Psicóloga Renata Borja diz que a aversão ao toque é uma atribuição de risco que reforça a intensidade da emoção e os pensamentos automáticos negativos são catastróficos
Psic�loga Renata Borja diz que a avers�o ao toque � uma atribui��o de risco que refor�a a intensidade da emo��o e os pensamentos autom�ticos negativos s�o catastr�ficos (foto: Rafaela Lima/Divulga��o)
“Qualquer tipo de fobia se inicia com algum tipo de evento que percebemos como amea�adora ou arriscada. O medo tem a fun��o de nos proteger de perigos e � um dos maiores respons�veis pela preserva��o da esp�cie. Entretanto, muitas vezes essa emo��o � ativada por situa��es que n�o oferecem riscos reais, ou por percep��es equivocadas sem base justific�vel. O medo � uma emo��o poderosa e � a emo��o mais ativada. Al�m disso, alguns pesquisadores chegam a dizer que acima de 80% das nossas decis�es s�o emocionais. Desta forma, se n�o aprendermos a utilizar o medo assertivamente, ele acaba nos dominando.”

EXPERI�NCIAS TRAUM�TICAS 


No entanto, a psic�loga lembra que o medo � �til quando h� risco f�sico, mental ou social, mas quando ele paralisa e impede de avan�ar ou de viver, se torna prejudicial. “Quando sentimos medo e nos esquivamos daquilo que compreendemos ser perigoso, o medo cresce e se refor�a todas as vezes que se deparar novamente com aquela situa��o que gera sofrimento. � como se o c�rebro entendesse que ao evitar aquilo que gera a amea�a, ele se manter� seguro. Sendo assim, ele tamb�m entende que se foi preciso evitar uma situa��o � porque o medo tinha motivo real, mesmo que isso n�o seja verdade.”

No caso da malaxofobia, a pessoa pode ter tido uma experi�ncia afetiva ruim. Seja uma desilus�o amorosa, algumas tentativas afetivas frustradas, um relacionamento abusivo ou pode tamb�m nunca ter se envolvido em nenhum tipo de relacionamento ou contato afetivo.

Nesse �ltimo caso, Renata Borja explica que situa��es negativas vividas por familiares ou amigos podem ser o suficiente para ativa��o do medo, mas � poss�vel que o receio venha do pr�prio receio de n�o saber como reagir em situa��es do jogo de sedu��o. Experi�ncias infantis relevantes ou traum�ticas tamb�m s�o causa.

O distanciamento social e o isolamento t�m reduzido os contatos pessoais. A diminui��o dos encontros presenciais e do contato f�sico refor�a o medo de quem j� tinha o problema. O distanciamento refor�a o medo e o medo refor�a a esquiva, que refor�a os pensamentos negativos, num c�rculo vicioso

Renata Borja, psic�loga especialista em terapia cognitivo-comportamental

 
Renata Borja frisa que n�o s�o as situa��es em si que causam sofrimento, mas como a pessoa compreende e se sente diante delas. “Essas experi�ncias negativas e interpreta��es negativas, quando s�o associadas a comportamentos de hipervigil�ncia, preocupa��o, pioram o quadro e aumentam o sofrimento de tal forma que a pessoa chega a ter a percep��o de que � incapaz de se relacionar afetivamente com algu�m. Essa cren�a � refor�ada pela sensa��o desprazerosa gerada pelo medo, que faz com que a pessoa se esquive da situa��o como uma forma de se esquivar do sentir, como se o sentir em si j� fosse o problema.”

Para quem vive este sofrimento, a psic�loga indica a ajuda de um profissional, principalmente a abordagem cognitivo-comportamental, uma vez que ela tem valida��o cient�fica e se mostra uma das mais eficazes no tratamento de fobias. Segundo ela, o tratamento implica dessensibiliza��o e estrat�gias de exposi��o e reestrutura��o cognitiva e emocional.

O paciente precisa aprender a parar de se esquivar e come�ar a se expor a situa��es que geram o medo, de forma gradual, e ao mesmo tempo mudar as percep��es equivocadas que tem sobre a situa��o, sobre si, sobre a outra pessoa, sobre o futuro, sobre os pr�prios sentimentos e pensamentos.


COMUM NA ADOLESC�NCIA 


Renata Borja explica que � mais comum que a malaxofobia se apresente na adolesc�ncia, que � quando a pessoa inicia o jogo de sedu��o. E se a pessoa come�a a se esquivar do contato, com certeza ter� cada vez mais dificuldade. “A falta de experi�ncia afetiva vai ficando mais grave com a idade, ent�o, quanto mais o tempo passa, maior � a tend�ncia de se esquivar em fun��o da vergonha. Mas pode tamb�m se apresentar em outros momentos da vida em fun��o de alguma experi�ncia negativa ou at� mesmo a viv�ncia de alguma situa��o traum�tica.”

Com a pandemia, quem enfrenta a malaxofobia teve o quadro agravado. “O distanciamento social e o isolamento t�m diminu�do os contatos pessoais. A diminui��o dos encontros presenciais e do contato f�sico refor�a o medo de quem j� tinha o problema. O distanciamento refor�a o medo e o medo refor�a a esquiva, que refor�a os pensamentos negativos, num c�rculo vicioso”, destaca a psic�loga.

No consult�rio, Renata Borja revela que os pacientes que t�m fobia social frequentemente relatam esse tipo de fobia associada, mas h� pacientes com transtorno de ansiedade generalizada, com transtorno do espectro autista (TEA), transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e outros transtornos ansiosos.

“Todos esses pacientes t�m baixa confian�a em si mesmos e avers�o ao fracasso. E a �nica forma de controle que vislumbram � a esquiva e evita��o. � importante lembrar que, al�m de pensamentos negativos sobre envolver-se afetivamente com algu�m, eles t�m avers�o ao pr�prio fato de sentir ansiedade. � como se sentir ansiedade j� fosse uma evid�ncia do fracasso em si.”

Conforme a psic�loga, essa avers�o � uma atribui��o de risco que refor�a ainda mais a intensidade da emo��o. Os pensamentos autom�ticos negativos est�o voltados para o futuro e s�o catastr�ficos. Eles acreditam que n�o t�m recursos suficientes para se tornarem atraentes e am�veis, e por isso desistem sem ao menos tentar. A desist�ncia os faz sentirem-se incapazes e inadequados para se envolverem num relacionamento rom�ntico e evitam, portanto, quaisquer situa��es que possam promover esse tipo de estresse.
 

COMO S�O AS FOBIAS A RELACIONAMENTOS

 
N�o � s� nervosismo ou uma sensa��o de ter borboletas no est�mago. H� pessoas que simplesmente t�m horror ao compromisso e a relacionamentos.  
 
1 – Gamofobia: medo de se casar
Aqueles que desejam continuar solteiros podem at� se arriscar a se intitular como gamof�bicos, mas o assunto aqui � s�rio. Gamofobia � a fobia espec�fica que leva ao medo intenso de se casar.O termo se origina das palavras gregas “gamos”, que significa casamento, e “phobos”, que indica medo e avers�o. Quem sofre desta fobia sente muito al�m de um frio na barriga com a ideia de se casar e dar o pr�ximo passo no relacionamento. Pessoas que t�m gamofobia conseguem e at� desejam viver um relacionamento s�lido, compartilhando a vida e dividindo um lar com o seu parceiro, por�m, a simples ideia de se casar desperta intenso terror, que vem seguido pelos sintomas de uma crise de ansiedade.

2 – Filofobia: medo de se apaixonar

Quem sofre de filofobia (do grego, filo = amor e phobos = medo), tende a responder de maneira f�bica, se esquivando da possibilidade de aprofundar rela��es ou v�nculos afetivos. Mesmo que exista interesse em aprofundar a rela��o com a pessoa que lhe despertou emo��es, o medo � sentido como algo dominador, resultando no impulso de fuga e mal-estar. Frequentemente, filof�bicos tendem a cultivar amores imposs�veis, garantindo, assim, uma zona de conforto, j� que n�o ser� preciso aprofundar a conviv�ncia em casos assim. O medo intenso tamb�m favorece a autossabotagem da rela��o. Se existe a sensa��o de estar se apaixonando ou se vinculando afetivamente a algu�m, a pessoa provoca brigas ou assume comportamentos que motivam o desinteresse do parceiro, com o objetivo (consciente ou inconsciente) de que se afaste.
 
3 – Malaxofobia: medo de amar temendo jogos amorosos ou sedu��o

Quem sofre desta fobia, tem um medo persistente, anormal e injustificado de estar envolvido em jogos amorosos. A pessoa simplesmente n�o suporta os gestos relacionados � sedu��o, e evita as car�cias, as massagens, os beijos, as preliminares, etc. Pensar em estar e se envolver com algu�m j� desencadeia crises intensas de ansiedade naquele que sofre de malaxofobia (do grego, malak�s = suave, brando e phobos = medo, avers�o).

SINTOMAS F�SICOS DAS FOBIAS DE RELACIONAMENTOS

  • Taquicardia
  • Sudorese
  • Tremores
  • N�useas
  • Falta de ar, entre outros.

SINTOMAS PS�QUICOS DAS FOBIAS DE RELACIONAMENTOS

  • Esquiva de conversas ou est�mulos como filmes ou reportagens que possam levar ao tema casamentos ou relacionamentos.
  • Dificuldade para se expressar sobre o tema.
  • Pensamentos intrusivos e persistentes sobre seu temor, que consomem grande parte do tempo e energia da pessoa.
  • Sensa��o de perder o controle.
  • Temores relacionados � falta de autonomia e submiss�o.
  • Isolamento social
 
*Fonte: Psic�loga Mait� Hammound:  cl�nica:www.maitehammound.com.br



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