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Estado de Minas AGOSTO DOURADO

Amamenta��o na pandemia: leite materno, vacinas e anticorpos

Entenda o que dizem pesquisas sobre a rela��o entre vacina��o contra COVID-19 e a transmiss�o de anticorpos para os rec�m-nascidos pelo leite materno


27/08/2021 19:00 - atualizado 28/08/2021 19:57

 
Estudo publicado em julho de 2021 pela Universidade de S�o Paulo (USP) afirmou que m�es vacinadas com CoronaVac passam anticorpos contra a COVID-19 para os beb�s por meio da amamenta��o. Fizemos esta reportagem #PRAENTENDER os principais desafios da amamenta��o na pandemia e os estudos mais atuais que envolvem a rela��o entre vacina��o e leite materno.

“N�s mostramos, pela primeira vez, que a vacina CoronaVac, de v�rus inativado, induz a produ��o de anticorpos do leite humano de mulheres vacinadas”, afirma a coordenadora do projeto da USP, Magda Mari Sales Carneiro Sampaio, pioneira mundial na �rea de imunologia cl�nica, professora titular do departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP e presidente do Conselho Diretor do Instituto da Crian�a do Hospital das Cl�nicas da FMUSP.

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Magda explica que n�o � uma transfer�ncia dos anticorpos do sangue para o leite, � uma produ��o local. “Isso � uma imuniza��o passiva, a m�e est� passando o anticorpo j� pronto pelo sangue e pelo leite. A crian�a n�o est� sendo vacinada, ela est� recebendo o anticorpo pronto que tem uma meia vida. O anticorpo presente no sangue, IGG, tm uma meia vida de 28 dias, e aquele presente no leite, IGA, tem uma vida bem menor e tamb�m vai sendo eliminado pelo intestino”, explicou.

“Entre as m�es que quatro meses depois continuaram amamentando, metade delas apresentaram n�veis consistentemente altos de anticorpos. A partir da segunda semana depois da primeira dose, j� come�am a aparecer anticorpos de forma consistente. E o aumento maior de n�veis de anticorpos aparecem na primeira e segunda semana ap�s a segunda dose”, afirma a pesquisadora.



USP inicia novo estudo com m�es vacinadas

Uma nova pesquisa da USP tem como foco as m�es que foram vacinadas com CoronaVac durante o per�odo da gesta��o. “� um estudo inicial, temos dois casos de mulheres que receberam a CoronaVac entre a 32ª e a 36ª semana de gesta��o, as duas doses. E em ambos os casos n�s vimos a passagem de anticorpos IGG no sangue do cord�o umbilical e tamb�m n�s vimos anticorpos IGA no leite”, explica a pesquisadora. 
 
O grupo do Instituto da Crian�a do Hospital das Cl�nicas, que realizou a pesquisa, vai se unir ao grupo de virologia, coordenado pelo professor Edson Luiz Durigon, para a realiza��o do novo estudo, in vitro, para verificar se os anticorpos presentes no leite de mulheres que foram vacinadas enquanto gestantes, podem neutralizar ou anular o efeito do coronav�rus.
 
“Esse estudo de gestantes � um estudo novo e n�o se tem ainda evid�ncias epidemiol�gicas dessa prote��o. O que se sabe � que o intuito principal dessa vacina��o de gestantes � proteger a pr�pria gestante. A Universidade de Harvard tamb�m estudou gestantes vacinadas com a Pfizer e tamb�m mostra a presen�a de anticorpos no sangue e no leite”, diz Magda.
 

Agosto Dourado chegou! Confira os m�ltiplos benef�cios da amamenta��o 


Agosto Dourado

A campanha do “Agosto Dourado” foi criada em 1992 pela Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), em parceria com o Fundo das Na��es Unidas para a Inf�ncia (Unicef), com o intuito de conscientizar e incentivar o ato de amamentar. A cor dourada foi escolhida para simbolizar o padr�o ouro de qualidade do leite materno, que al�m de saciar a fome do beb�, previne doen�as e aumenta a imunidade da crian�a. “O ano todo a gente deve estimular o aleitamento materno, mas no m�s de agosto existe um esfor�o maior”, afirma a professora Magda Carneiro.

A amamenta��o � um direito garantido por lei. Segundo o artigo 9º do Estatuto da Crian�a e do Adolescente, � dever do governo, das institui��es e dos empregadores garantir condi��es prop�cias ao aleitamento materno.

Dados da OMS e da Unicef mostram que, por ano, cerca de seis milh�es de vidas s�o salvas por causa do aumento das taxas de amamenta��o exclusiva at� o sexto m�s de idade do beb�. Ainda conforme a OMS, apenas 39% dos beb�s brasileiros s�o amamentados com exclusividade aos cinco meses de vida.

A OMS e o Minist�rio da Sa�de recomendam o aleitamento at� no m�nimo os dois anos, se poss�vel. Visto que o leite materno al�m de ser rico em vitaminas e sais minerais, cont�m uma alta carga de anticorpos.
 

Momento de conex�o

Para Odete Monteiro, enfermeira, consultora em amamenta��o e coordenadora do Movimento Bem Nascer, organiza��o n�o governamental que tem como objetivo partilhar informa��es sobre as pr�ticas humanizadas no nascimento, o aleitamento materno � um momento de proximidade, intera��o e conex�o da m�e com o beb�, por isso n�o pode cobrir muito a crian�a para aumentar o contato entre ambos.

“O que eu penso hoje que atrapalha a amamenta��o � a dist�ncia entre a m�e e o beb� e a falta de informa��es adequadas, de acolhimento da fam�lia, a falta de conhecimento, at� de profissionais”, afirma.

Laís Fonseca e sua filha Olívia(foto: Plínia Brandão/Divulgação)
La�s Fonseca e sua filha Ol�via (foto: Pl�nia Brand�o/Divulga��o)


La�s Fonseca, m�e h� oito meses, n�o queria trabalhar para acompanhar sua filha, mas surgiu a oportunidade de trabalhar de casa e aceitou. “Sei que n�o � todo mundo que tem essa oportunidade, infelizmente, mas a gente poder viver os primeiros contatos da crian�a com o mundo � extraordin�rio. Poder acompanhar a minha filha todo o dia, poder estar com ela foi gigante para o nosso la�o, principalmente por eu ter perdido a um tempo atr�s a amamenta��o, que � um la�o fort�ssimo. Estar com ela se tornou mais importante”.  
 

Principais d�vidas sobre amamenta��o

Odete Monteiro diz que a principal d�vida das m�es � se v�o ter leite e se o leite � fraco. “Primeiro, porque a maioria delas n�o foi amamentada, a maioria recebeu mamadeira. Segundo, porque a fam�lia delas j� tem introjetado dentro do cora��o que o ser humano n�o consegue amamentar porque o leite � fraco ou na fam�lia ningu�m deu leite”, explica.
 
Segundo a enfermeira, o posicionamento do beb� no momento do aleitamento e machucados nos mamilos tamb�m s�o d�vidas comuns. Odete explicou que n�o � normal sentir dor na amamenta��o e se isso est� ocorrendo, o principal fator � a forma que a crian�a segura o seio no aleitamento. Se for inadequada, pode causar machucados que provocam dor.
 
“Aprendi que a quest�o de a gente sentir dor n�o � normal, significa que o beb� n�o est� pegando da forma correta. E a gente vai aprendendo que a amamenta��o n�o � uma coisa t�o natural assim, a gente precisa ir guiando o beb�, precisa ter um jeito certo de colocar o bico na boca do beb�”, comenta La�s Fonseca.
 
Outra d�vida muito comum entre a popula��o se refere ao fato de as mulheres poderem amamentar durante a pandemia. Segundo a Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), � recomendado que as m�es continuem amamentando seus beb�s durante a pandemia, uma vez que, conforme a OMS, at� o momento, n�o foi detectada a transmiss�o ativa da doen�a por meio do aleitamento.
 
Segundo a Dra. Magda Carneiro, caso a m�e se sinta confort�vel, ela pode amamentar, desde que siga todos os cuidados. “Com todos os cuidados, fazendo a lavagem de m�os, fazendo uma higiene da mama, isolando o beb�, ela pode amamentar. E n�o se tem demonstrado transmiss�o do v�rus Sars-Cov-2 por meio do leite, mas a gente espera que com a vacina��o o risco de infec��o diminua em gestantes”, informou.
 

“Meu primeiro contato com a amamenta��o foi muito complicado”

"Amamentar � dif�cil, mas vale a pena", disse La�s Fonseca (foto: Pl�nia Brand�o/Divulga��o)
La�s Fonseca � m�e de Ol�via, que est� com 8 meses. Ela teve complica��es, por isso teve que realizar um parto pr�-maturo e sua filha ficou na Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal. “Meu primeiro contato com a amamenta��o foi muito complicado porque al�m de ser uma situa��o nova, minha filha usava uma sonda para a alimenta��o, o que dificultava o processo”, relembra La�s.
 
Ol�via come�ou a parar de mamar com tr�s meses, mesmo assim La�s insistiu at� a parada completa que aconteceu aos seis meses. “Como na UTI eles usavam mamadeira, quando a gente foi para casa com ela eu tive bastante dificuldade porque ela n�o queria mamar devido a essa confus�o de fluxo e de bico. Ent�o, quando a Ol�via abandonou o peito, foi uma escolha dela, infelizmente.”
 

Rede de apoio �s m�es

O Movimento Bem Nascer � uma organiza��o n�o governamental, fundada em 2003 pela jornalista Cleise Soares e pelo obstetra Marco Aur�lio Valadares. Com uma equipe formada por profissionais de v�rias �reas, o projeto tem como objetivo fundamental partilhar informa��es sobre as pr�ticas humanizadas no nascimento.
 
Por meio de palestras, rodas mensais gratuitas, cursos, acompanhamentos em grupos de WhatsApp, a ONG presta orienta��o e fornece apoio para as gestantes e familiares no per�odo da gesta��o e p�s-parto.
 
Antes da pandemia, se reuniam nos parques Mangabeiras e Municipal, com rodas de conversa. Com a pandemia, os encontros passaram a ser realizados de forma virtual, o que expandiu o projeto para as m�es no exterior. “Quando a lactante precisa de qualquer orienta��o, a gente d� pelo celular mesmo. Mas, se ela precisar de uma assist�ncia presencial, ela vai procurar um banco de leite ou uma consultora de amamenta��o”, explica Odete Monteiro, coordenadora do projeto e enfermeira obstetra.
 
“Prepare-se para a amamenta��o durante o pr�-natal, esse � um conselho de ouro. Porque todo mundo fica muito preocupado com o parto, achando que o parto � ‘o bicho’. O puerp�rio � muito mais 'bicho' do que o parto. Embora todo mundo fique t�o preocupado com o parto ele � natural e acontece com ou sem a gente, mas a amamenta��o n�o � t�o natural assim”, aconselha Odete.


 
Quando estava gr�vida, La�s Fonseca fez um curso para se preparar para a amamenta��o. “Foi extremamente importante, principalmente porque no meu primeiro contato com a amamenta��o a Ol�via tinha uma sonda na boca, ent�o foi mais dif�cil. Ter toda essa instru��o foi muito importante. Acho que eu fiquei muito mais segura, principalmente como m�e de primeira viagem”.

*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Rafael Alves 


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