O que ocorre muito no mundo da internet, caracterizando o que se chama de cyberstalking, com o envio de mensagens eletr�nicas, recados, convites insistentes ou ofensas nas redes sociais. A��es que abalam a sa�de mental e f�sica das v�timas e que podem se tornar t�o s�rias a ponto de ser um risco contra sua vida.
Por isso, no Brasil, desde abril de 2021, foi sancionada uma lei que incluiu no C�digo Penal o crime de stalking. O novo tipo de crime consiste na persegui��o de algu�m “reiteradamente e por qualquer meio, amea�ando-lhe a integridade f�sica ou psicol�gica, restringindo-lhe a capacidade de locomo��o ou de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade”.
A pena prevista � de seis meses a dois anos de pris�o, al�m de pagamento de multa. Caso o crime seja cometido contra crian�as, adolescentes, idosos ou mulheres por raz�es da condi��o de sexo feminino, a pena pode ser aumentada – o mesmo vale se o crime for praticado por duas pessoas ou mais ou com o emprego de arma.
A pena prevista � de seis meses a dois anos de pris�o, al�m de pagamento de multa. Caso o crime seja cometido contra crian�as, adolescentes, idosos ou mulheres por raz�es da condi��o de sexo feminino, a pena pode ser aumentada – o mesmo vale se o crime for praticado por duas pessoas ou mais ou com o emprego de arma.
Tema mais do que atual, o Estado de Minas foi ouvir personagem e especialistas da �rea da sa�de e jur�dica para compartilhar informa��es que possam ajudar quem precisa ou vir a precisar de uma atitude que lhe garanta o direito e a paz de ir e vir, de ter sua vida particular preservada.
Qualquer um pode ser v�tima do stalking, vindo de pessoas conhecidas ou n�o. Nesse caso, sabe-se que em mais de 80% dos casos s�o homens que perseguem mulheres. Mas n�o importa o sexo. O que interessa � que agora � crime. Contatos indesejados, repetidos, de ser constantemente observado, que causem desconforto e ameacem, de alguma forma, a liberdade de algu�m d� cadeia.
Qualquer um pode ser v�tima do stalking, vindo de pessoas conhecidas ou n�o. Nesse caso, sabe-se que em mais de 80% dos casos s�o homens que perseguem mulheres. Mas n�o importa o sexo. O que interessa � que agora � crime. Contatos indesejados, repetidos, de ser constantemente observado, que causem desconforto e ameacem, de alguma forma, a liberdade de algu�m d� cadeia.
De novo, a internet potencializa o impacto dos stalkers na vida das suas v�timas, uma vez que as pessoas est�o mais expostas nas redes sociais com v�rias informa��es de acesso liberado e dispon�vel. O cyberstalking � muito presente na vida das celebridades, famosos, mas n�o perdoa nenhum mortal.
A importuna��o pode chegar ao auge com ataques e agress�es verbais e at� mesmo f�sicas. Por isso, se suspeitar de que est� sendo seguido, a atitude � pedir interven��o policial imediatamente.
A importuna��o pode chegar ao auge com ataques e agress�es verbais e at� mesmo f�sicas. Por isso, se suspeitar de que est� sendo seguido, a atitude � pedir interven��o policial imediatamente.
O stalking tem efeitos traum�ticos e, �s vezes, incapacitantes na sa�de f�sica e mental, no bem-estar emocional e no estilo de vida da v�tima. O medo, a tens�o, o terror de ser perseguido afetam toda a rotina e modo de viver de quem lida com um stalker.
FIM DE UM NAMORO... COME�O DA DOR DE CABE�A
O engenheiro e digital influencer Marcelo Marques revela que j� sabia ou achava que sabia o que era stalking, porque sofrendo n�o percebeu que estava sendo stalkeado. “Quando namorava, fui percebendo que meu ex sempre sabia as pessoas que come�avam a me seguir nas redes sociais, o que no come�o achava normal. Depois ele come�ou a saber sempre onde eu estava e chegou a ir at� o local uma vez.”
Diante da vida vigiada, Marcelo lembra que no come�o conversava e ria, como se fosse algo fofo ou de ci�me bobo. “Tentava sempre contornar a situa��o e explicar do que se tratava cada caso. Por�m, aos poucos, foi ficando cada vez mais pesado e come�ou a afetar minha liberdade e humor. At� o ponto em que ele foi onde eu estava, pegou meu celular e saiu correndo. �bvio, fui atr�s dele e pedi meu celular de volta. Ele jogou o celular no ch�o e me deu um empurr�o, um soco no peito.”
Quando namorava, fui percebendo que meu ex sempre sabia as pessoas que come�avam a me seguir nas redes sociais, o que no come�o achava normal. Depois ele come�ou a saber sempre onde eu estava e chegou a ir at� o local uma vez
Marcelo Marques, engenheiro e digital influencer
Mesmo diante da agress�o, Marcelo diz que nunca procurou ajuda, s� conversava com os amigos: “N�o fiz nenhum tipo de den�ncia, at� porque foi antes da lei. Mas acho uma grande alternativa. Para mim seria, porque mesmo depois do t�rmino me deparei algumas vezes com ele passando em lugares em que eu estava, e que era meio improv�vel de ele estar. Se fosse hoje, eu denunciaria, sim”.
Marcelo conta que a persegui��o, ap�s o t�rmino, durou uns tr�s meses. Hoje n�o ocorre mais. “A melhor coisa que aconteceu foi o t�rmino, porque j� tive maior liberdade. Depois, foi uma sensa��o de que minha vida tinha voltado ao normal e n�o precisaria mais ficar olhando para os lados, desconfiado. E no meu caso parou devido � pandemia – males que tamb�m trazem coisas boas – porque fiquei sem sair de casa por muito tempo.”
A hist�ria de Marcelo � uma entre milhares por a�. Pessoas que t�m de lidar com outras que n�o sabem o que significa o n�o, n�o aceitam ser contrariadas, se acham donas da outra ou, simplesmente, sem conhecer quem persegue, desenvolvem uma obsess�o perigosa que precisa ser combatida, eliminada para n�o ocorrer o pior. Thales Coutinho, professor do curso de psicologia da Est�cio Belo Horizonte, alerta que indiv�duos que s�o v�timas de um stalker podem sofrer com depress�o, ansiedade, idea��o suicida e at� ataques de p�nico.
“Detalhe altamente relevante para se destacar � que essas pessoas percebem que recebem pouco suporte do sistema judicial, o que acaba n�o resolvendo o ass�dio que est�o sofrendo, e agravando os sintomas psiqui�tricos. Ou seja, o stalking em si produz danos � sa�de mental que podem ser potencializados devido � aus�ncia de suporte”, afirma.
PSICOPATIA E SADISMO
Pensando no stalker, Thales Coutinho enfatiza que o h�bito de “stalkear” n�o �, necessariamente, patol�gico. “As pessoas podem, em determinado momento, acompanhar de forma pari passu a vida de outra pessoa, principalmente em tempos de internet. Entretanto, h� um momento em que esse acompanhamento da vida alheia come�a a produzir constrangimento � outra pessoa e h� uma percep��o de amea�a. Isso precisa ser sinalizado ao stalker, como um feedback do seu pr�prio comportamento. Em boa parte dos casos, isso resolve o problema. Por�m, alguns indiv�duos insistem na pr�tica, mesmo ap�s o feedback negativo.”
H� situa��es em que a pessoa � stalkeada por algu�m que n�o conhece (desconhecido da internet) ou por algu�m conhecido, quase sempre ex-marido, ex-mulher. No segundo caso, o comportamento � percebido como ainda mais amea�ador, justamente porque � manifestado por algu�m que te conhece muito bem, tanto em termos de padr�es de pensamento, quanto de rotina di�ria. O primeiro passo � conversar com a pessoa e solicitar que esse comportamento seja interrompido. Caso a conduta persista, entre em contato com as autoridades. Ningu�m deve viver sob constante ass�dio
Thales Coutinho, professor de psicologia da Est�cio Belo Horizonte
Segundo ele, isso tem v�rias causas poss�veis. Uma delas diz respeito aos tra�os sombrios da personalidade, principalmente a psicopatia e o sadismo. Indiv�duos com n�veis elevados de psicopatia e sadismo acabam sendo mais comumente perpetradores do stalking. Al�m disso, em relacionamentos rom�nticos que se desfazem, indiv�duos que durante a rela��o assumem mais comportamentos de controle (tentam controlar o (a) parceiro (a) t�m maior tend�ncia a, ap�s o t�rmino da rela��o, come�ar a stalkear o (a) parceiro (a).
Thales Coutinho destaca que em recente pesquisa conduzida com jovens adultos de Hong Kong, a estimativa da vitimiza��o por stalking foi praticamente tr�s vezes maior nas mulheres (11,6%), em rela��o aos homens (3,8%). “Isso pode ser explicado de v�rias formas. Desde o fato de que as personalidades sombrias s�o mais salientes no sexo masculino, o que favoreceria esse tipo de comportamento, at� pelo fato de que homens t�m uma tend�ncia maior a se comportar de forma antissocial. Entretanto, � fundamental deixar claro que o stalking ocorre com ambos os sexos e o pedido de ajuda deve sempre ser levado a s�rio.”
Portanto, stalking � um problema s�rio e deve ser tratado como tal. Ainda mais por n�o saber de onde pode vir, j� que h� stalkers conhecidos e desconhecidos. “Sim, h� situa��es em que a pessoa � stalkeada por algu�m que n�o conhece (desconhecido da internet) ou por algu�m conhecido, quase sempre ex-marido, ex-mulher. No segundo caso, o comportamento � percebido como ainda mais amea�ador, justamente porque � manifestado por algu�m que te conhece muito bem, tanto em termos de padr�es de pensamento, quanto de rotina di�ria. Portanto, o primeiro passo � conversar com a pessoa e solicitar que esse comportamento seja interrompido, porque est� lhe causando sofrimento. Caso a conduta persista, pode ser necess�rio entrar em contato com as autoridades, pois ningu�m deve viver sob constante ass�dio”, ressalta Thales Coutinho.
OS TIPOS DE STALKERS
- Circunstancial: � levado a perseguir algu�m por conta de algumas circunst�ncias, que podem ser um impacto emocional ou at� fragilidades moment�neas, como um t�rmino de namoro. Embora pare�a menos perigoso por algum tempo, os impactos causados por suas atitudes podem ser terr�veis.
- Sociopata: passa a vida assediando e perseguindo pessoas que cruzam o seu caminho, e pode ser muito perigoso para suas v�timas. Ele n�o se preocupa em agir de acordo com a lei ou qualquer tipo de l�gica.
- Fixador: torna algu�m o centro de toda a sua aten��o e vive somente em fun��o dessa pessoa. Esse tipo � comum em relacionamentos abusivos, uma vez que o stalker passa a impor sua presen�a � v�tima o tempo inteiro e a v� como sua propriedade.
COMO AGE O STALKER
Saiba o que est� presente na totalidade ou quase totalidade de situa��es de ass�dio persistente- Recolher ou reunir informa��es sobre a v�tima junto de amigos/familiares, no correio, internet, local de trabalho, escola etc.
- Enviar repetidamente cartas, e-mails, bilhetes, SMS e /ou efetuar telefonemas de conte�do inofensivo e n�o amea�ador
- Tentar persistentemente aproxima��es f�sicas e/ou pedidos para encontros, reuni�es etc.
- Deixar bilhetes ou flores junto do carro da v�tima
- Observar/perseguir e aparecer “coincidentemente” nos locais frequentados pela v�tima
- Ficar sentado/a � porta de casa da v�tima, no seu local de trabalho, e/ou estabelecimento de ensino que frequenta
- Esperar a v�tima junto ao seu carro no estacionamento
- Espalhar rumores, dar falsas informa��es ou revelar segredos da v�tima aos seus amigos e/ou familiares
- Destruir e/ou danificar os bens pessoais da v�tima e/ou o seu patrim�nio (ex.: o seu autom�vel; a sua casa)
- Enviar repetidamente cartas, e-mails, bilhetes, SMS e/ou efetuar telefonemas amea�adores. As amea�as podem ser diretas, impl�citas ou simb�licas
- Deixar provas de que arrombou o carro da v�tima
- Entrar em casa da v�tima enquanto esta n�o est�
- Deixar flores/animais mortos ou outras coisas obscenas em casa ou no carro da v�tima
- Agredir fisicamente a v�tima
- Violar ou tentar violar a v�tima
- Matar ou tentar matar a v�tima
STALKERS: COMO SE LIVRAR DELES?
- Recursos de geolocaliza��o presentes em algumas redes, como o Instagram e o Twitter, podem ser perigosos, pois mostram exatamente onde uma pessoa est�, publicamente.
- A Google Play Store tirou do ar sete aplicativos que davam acesso �s mensagens, liga��es e at� a localiza��o das pessoas espionadas. Eles podiam ser baixados gratuitamente e, para que funcionassem, bastava que o espi�o os baixasse tamb�m no celular de sua v�tima.
- Contar para pessoas pr�ximas e confi�veis para que elas lhe fa�am companhia.
- N�o responder mensagens ou investidas de stalker.
- N�o devolver presentes ou demonstrar estar afetado(a) por suas atitudes, porque isso lhe dar� for�a para continuar com seu comportamento.
- Se suspeitar que seu stalker est� lhe seguindo, pe�a interven��o policial imediatamente.
- Se as persegui��es tamb�m ocorrerem por meio do telefone, troque de n�mero o mais r�pido poss�vel.
- Nas redes sociais, jamais ative a sua localiza��o nos posts. Evite postar fotos com uniformes de trabalho ou escola ou que mostram a sua casa e a de conhecidos. Procure ocultar informa��es como o seu e-mail e n�mero de telefone.
- Caso a sua conta seja comercial, procure fazer um e-mail d marca, sem utiliz�-lo para fins pessoais. O mesmo deve acontecer com o n�mero do telefone.
- � necess�rio manter-se alerta e, a qualquer sinal, solicitar a ajuda de familiares e amigos. Lembre-se sempre de que as v�timas de stalkers est�o amparadas por lei.
Fonte: canaltech