
Da cama para o sof�, do sof� para a mesa, e de volta � cama. As consequ�ncias da pandemia para o corpo s�o vis�veis e, como tudo est� interligado, o aspecto emocional impacta diretamente na sa�de f�sica. � o que indica o m�dico ortopedista, especializado em coluna vertebral, Daniel Oliveira. "Com mais tempo dentro de casa, grande parte das pessoas parou ou diminuiu as atividades f�sicas e passou a trabalhar em modo home office. A ergonomia dos escrit�rios foi trocada inicialmente pela cadeira e a mesa da sala, da cozinha, o sof� ou a cama", descreve.
O estresse prolongado, conforme o ortopedista, pode se tornar cr�nico, tensionando a musculatura e provocando dores nas costas ou no pesco�o. "Se antes os inc�modos na coluna e no corpo eram comuns para a grande maioria da popula��o, isso cresceu. Tivemos um aumento do n�mero de indiv�duos com dores nas costas, lombalgia, dores na cervical, punhos, dores lombares por artrose e aumento na ocorr�ncia de h�rnias de disco. A vantagem � que, na maioria dos casos, esses problemas s�o revers�veis, principalmente se percebidos a tempo", salienta o m�dico.
O m�dico acredita que a pandemia mudou o corpo e trouxe, sim, consequ�ncias negativas, problemas que provavelmente passariam despercebidos ou que seriam vistos e sentidos apenas com o avan�ar da idade. "Mas mostrou tamb�m como � importante cuidarmos de nossa sa�de, f�sica e mental. � nosso bem mais precioso. Se antes d�vamos import�ncia ao envelhecer bem, hoje, descobrimos que esse equil�brio � essencial."
Entretanto, ele lembra que de nada adianta cuidar da alimenta��o, praticar atividades f�sicas e manter a postura se n�o houver a devida aten��o ao n�vel de estresse a que as pessoas se submetem no dia a dia. "O estresse libera horm�nios que causam maior percep��o da dor e s�o respons�veis por intensificar a tens�o muscular. Quando isso ocorre, h� uma redu��o da circula��o de sangue nos tecidos e de oxigena��o", diz, e acrescenta: "A dica � recorrer a t�cnicas de relaxamento, atividades que nos deixem em estado de fluxo e que tragam prazer em meio a tanta ansiedade, medo e situa��es de exaust�o."
CORA��O
"A pandemia trouxe um legado preocupante e n�o me refiro �s sequelas trazidas pelo v�rus. A sa�de do brasileiro de forma geral piorou", alerta Diogo Umann, m�dico com forma��o em cardiologia cl�nica e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, com experi�ncia em cl�nica geral e geriatria. Houve o aumento do �ndice de obesidade, das interna��es por infarto e AVC, do alcoolismo, tabagismo e sedentarismo, ele enumera, entre outros.

Na esteira do aumento de peso, a influ�ncia negativa para o surgimento ou agravamento dos quadros de hipertens�o, diabetes, desequil�brios de colesterol e triglic�rides. "A tend�ncia � de que as doen�as cr�nicas se agravem e que mais pessoas passem a apresentar esse tipo de doen�a", continua o cardiologista.
O n�mero de interna��es por infarto e AVC tamb�m cresceu. Muita gente, que j� era hipertensa ou diab�tica, lembra o m�dico, acabou deixando o acompanhamento m�dico e os cuidados necess�rios negligenciados. "Portadores de doen�as cr�nicas ainda est�o deixando de procurar servi�os de sa�de por medo do v�rus. Exemplo disso � a queda abrupta que percebemos na quantidade de exames de rotina. As pessoas ficaram com medo de frequentar cl�nicas e hospitais e deixaram suas comorbidades cr�nicas descompensadas. Sem controle, diabetes e hipertens�o podem causar infarto, AVC e cegueira", chama a aten��o.
O contexto de estresse, de incertezas e medo da morte, ou as dificuldades advindas do momento socioecon�mico delicado, tamb�m levaram ao aumento do tabagismo e do alcoolismo. "Vale lembrar que a telemedicina hoje j� � uma realidade e est� � disposi��o. O que n�o pode � parar de acompanhar", conclui Diogo.