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Estado de Minas CORPOS DA PANDEMIA

Medo, incertezas, estresse e impaci�ncia: efeitos do coronav�rus

Quase dois anos desde o in�cio da COVID-19, muitos pessoas ainda convivem com sentimentos ruins, e o corpo sente


19/09/2021 06:00 - atualizado 21/09/2021 18:15

"Sou uma pessoa que mant�m um bom conv�vio social, tanto na esfera pessoal como profissional, e foi muito dif�cil lidar com o isolamento. Sou muito din�mica. Precisei monitorar minha sa�de e meus sentimentos" - Alessandra Calijorne Mattarelle, de 49 anos, educadora f�sica (foto: Arquivo Pessoal)
Ombros encolhidos, cabe�a afundada, pernas pesadas, pele seca, vista cansada, compuls�o alimentar. Ang�stia, irrita��o, impaci�ncia. Corpos ansiosos, corpos que se arrastam pela pandemia. Subprodutos de meses de confinamento e teletrabalho que come�am a chegar aos consult�rios de fisioterapeutas, psiquiatras, traumatologistas, oftalmologistas.

Incertezas que tensionam cada m�sculo, gorduras aumentadas em locais pouco habituais, ac�mulos que se refletem em noites em claro. Para os que tentaram se exercitar dentro de casa, espa�os n�o muito prop�cios e falta de orienta��o. Com c�meras � frente em reuni�es on-line, o rosto em evid�ncia revela uma nova flacidez, olheiras e rugas, um processo de envelhecimento prematuro.
 
Toda mudan�a f�sica tem consequ�ncias mentais, e parece que tudo est� de cabe�a para baixo. Estudo do grupo Open Evidence, da Universidade Aberta da Catalunha, lembra que, para quem sentiu que envelheceu uma d�cada repentinamente, um al�vio pode ser saber que n�o � o �nico. Cerca de 2,9 bilh�es de pessoas, mais de um ter�o da popula��o mundial, est�o nesse barco. A boa not�cia � que o corpo tem mem�ria e, com perseveran�a e esfor�o, � poss�vel voltar ao ponto antes da pandemia.

A educadora f�sica Alessandra Calijorne Mattarelle, de 49 anos, foi diagnosticada com COVID-19 h� cerca de tr�s meses. Conta que, pela doen�a em si, os sintomas foram brandos, mas a piora veio depois que a infec��o foi superada. Apresentou ressecamento da pele, queda de cabelo, falta de energia e disposi��o, problemas com o sono, al�m de um quadro de ansiedade. Isso tudo mesmo sendo uma pessoa sempre ativa e cuidadosa em rela��o � sa�de.

Para Alessandra, s�o quest�es que impactaram sua rotina de trabalho e a vida em geral. "Sou uma pessoa que mant�m um bom conv�vio social, tanto na esfera pessoal como profissional, e foi muito dif�cil para mim lidar com o isolamento. Sou muito din�mica, a mil por hora. Precisei come�ar a monitorar minha sa�de e meus sentimentos", diz.

Entre as solu��es que encontrou para enfrentar esse momento em particular, come�ou a pr�tica de medita��o e ioga, atividades que nunca estiveram entre as suas prediletas. "Pude fazer coisas que antes da pandemia n�o tinha tempo para fazer, e nesse ponto foi algo positivo. Aprendi a exercitar a paci�ncia, e a n�o fazer tudo t�o corrido. Muita gente pode achar que a doen�a � uma coisa tranquila, mas no meu caso me afetou muito", continua Alessandra, que est� em tratamento m�dico para ganho de massa muscular.

NA PELE 

"A pandemia tamb�m refletiu na sa�de de nossa pele", alerta o dermatologista Lucas Miranda, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Ele explica que o isolamento � respons�vel pelo aumento de algumas doen�as dermatol�gicas relacionadas ao estado psicol�gico, como dermatite seborreica, dermatite at�pica e psor�ase e outros tipos de problema, como envelhecimento precoce, herpes, aumento da acne e a queda de cabelo.

O dermatologista Lucas Miranda, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que o isolamento é responsável pelo aumento de algumas doenças dermatológicas relacionadas ao estado psicológico do indivíduo
O dermatologista Lucas Miranda, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que o isolamento � respons�vel pelo aumento de algumas doen�as dermatol�gicas relacionadas ao estado psicol�gico do indiv�duo (foto: Leca Novo/Divulga��o)

"Como tudo ainda � muito recente, n�o h� estudos que comprovem o aumento dessas patologias em rela��o direta ao coronav�rus. Mas � de conhecimento que essas doen�as se agravam quando o organismo est� em situa��es de estresse emocional. Uma das explica��es para isso � que a pele e o c�rebro t�m sua origem embriol�gica em comum", esclarece.

Tanto a dermatite seborreica quanto a ros�cea n�o t�m cura, mas t�m tratamento, continua o m�dico. Uma das formas de preven��o, pontua, � saber lidar com o estresse, como, por exemplo, mantendo uma alimenta��o equilibrada, a pr�tica de atividades f�sicas, medita��o, ioga, momentos dedicados ao lazer e �s atividades que promovam o bem-estar.

“No caso da acne, quando estamos em situa��es de estresse nosso corpo produz corticotropina, respons�vel por alterar os �ndices de cortisol no organismo. Essa altera��o age diretamente nas gl�ndulas seb�ceas, fazendo com que produzam mais sebo, obstruindo os poros e gerando inflama��o. Al�m disso, o estresse diminui nossa imunidade e desequilibra as c�lulas de defesa do nosso corpo", cita.

Lucas ressalta que a queda de cabelo � outra queixa importante nos consult�rios dermatol�gicos. "O estresse causado pela pandemia atingiu em cheio nossos fios. Com rela��o ao envelhecimento da pele, a priva��o do sono, a alimenta��o inadequada, a falta de exerc�cios f�sicos e da ingest�o m�nima di�ria de �gua, h�bitos relatados por grande parcela da popula��o, afetam negativamente nossa apar�ncia", pondera.

O m�dico lembra estudos que, inclusive, demonstram como o estresse aumenta os n�veis de cortisol e inibem a produ��o de col�geno e �cido hialur�nico da pele, al�m de causar interrup��es no funcionamento adequado da barreira cut�nea, fazendo com que perca mais �gua. O resultado � uma pele sem brilho, ressacada e mais velha. "A vantagem � que, apesar de todos os males que a pandemia e o isolamento trouxeram para a sa�de de nossa pele e para o organismo como um todo, baixar os n�veis de exaust�o e a mudan�a de alguns h�bitos di�rios podem, sim, restaur�-los", ensina.

A primeira dica � ir a um m�dico dermatologista para saber como o corpo reagiu a esse per�odo e o que � indicado. "H� tratamentos eficazes que conseguem estimular a produ��o de col�geno e melhorar o aspecto envelhecido da derme e dos cabelos. Esse cuidado tem de ser completo: mental e f�sico", continua o dermatologista.


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