
A descoberta de um glioma angioc�ntrico, tumor raro no c�rebro, associado � epilepsia, com crescimento lento ou est�vel, e que afeta, normalmente, crian�as ou adultos jovens, veio seis meses ap�s o nascimento de seu filho, Andrey. O que poderia ser um per�odo �nico de felicidade e encantamento com o beb� se tornou um turbilh�o ainda maior de emo��es desiguais e ang�stia na batalha contra o c�ncer. A cirurgia foi o ponto de partida para uma nova chama de esperan�a de cura.
"Eu estava trocando roupinhas do meu filho em uma loja e tive uma crise convulsiva. Fui para o hospital e me internaram imediatamente para fazer exames. No oitavo dia, j� passei por uma primeira cirurgia convencional para retirada do tumor. Foi muito dif�cil. Estava muito feliz pela chegada do Andrey e depois veio a not�cia da doen�a e tudo desmoronou. Tinha medo de n�o ver meu filho crescer", desabafa. O diagn�stico do glioma angioc�ntrico s� veio tr�s meses ap�s a interna��o.
No ano passado, a equipe m�dica que acompanha o caso de Steffany descobriu um res�duo tumoral no lobo temporal esquerdo, em uma �rea respons�vel pela linguagem. Os lobos temporais s�o estruturas localizadas bem acima das orelhas, tendo como principal fun��o processar os est�mulos auditivos e gerenciar a mem�ria.
"Fazer uma nova cirurgia convencional poderia ser arriscado. Para preservar essa fun��o t�o vital, que � a linguagem, optamos por realizar a retirada do tumor atrav�s da neurocirurgia com a paciente acordada", conta James Wagner Morais, neurocirurgi�o do Hospital M�rcio Cunha, detalhando que o tumor da paciente � muito raro e n�o responde adequadamente � radioterapia nem � quimioterapia.
Depois de cerca de 7 horas de cirurgia, Steffany ficou um dia em observa��o na UTI do Hospital M�rcio Cunha. Ela foi acompanhada por uma equipe multidisciplinar composta por neurocirurgi�es, neurofisiologista, anestesistas e enfermeiros e pode receber alta m�dica nesta ter�a-feira.
A cirurgia

O procedimento � iniciado com uma anestesia geral. A cabe�a do paciente � imobilizada e um tubo especial, chamado de m�scara lar�ngea, permite que ele receba oxig�nio. Depois que o tumor � acessado, o tubo � retirado para despertar o paciente.
O neurocirurgi�o explica que esse � um momento delicado da opera��o, j� que o paciente precisa estar preparado para acordar no meio da cirurgia. "� nessa hora que a equipe atua com toda a sua expertise. Utilizamos monitoriza��o especial, neuronavegador - uma esp�cie de GPS que guia o profissional - e microsc�pio cir�rgico. Depois que o tubo de oxig�nio � retirado, o paciente est� apto a responder aos questionamentos do m�dico e nos ajudar a executar os comandos, bem como a identificar milimetricamente a �rea respons�vel pela linguagem antes de retirar o tumor", ressalta.
O m�dico explica, ainda, que � poss�vel retirar o tumor com o paciente acordado porque o c�rebro � indolor, visto que o c�rebro � uma regi�o que n�o possui termina��es nervosas de percep��o da dor e, por isso, o paciente n�o sente dor quando n�o est� anestesiado e n�o gera desconforto. "Ap�s a extra��o do tumor, o paciente recebe nova anestesia e volta a dormir para que o procedimento seja finalizado", conclui.