(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas MIGRA��O

'Fuga de jalecos': profissionais da sa�de trocam Brasil pelos EUA

Car�ncia de dentistas, m�dicos, enfermeiros e fisioterapeutas no pa�s e promessas de sal�rios altos t�m despertado movimento de migra��o


13/05/2022 09:48 - atualizado 13/05/2022 13:54

Médico trabalhando no computador
Os Estados Unidos encerraram o m�s de mar�o com 11,5 milh�es de vagas de emprego abertas - o maior n�mero j� registrado na hist�ria do pa�s (foto: Getty Images)
A enfermeira Thaysa Guimar�es, de 32 anos, relata que j� chegou a emendar sete plant�es, ou mais de 96 horas de jornada seguidas, em seu trabalho em uma unidade de sa�de p�blica em Goi�s. M�e solteira de tr�s filhos, ela concilia o emprego em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na cidade de An�polis com plant�es algumas vezes por m�s em um hospital universit�rio em Uberl�ndia, Minas Gerais. "J� cheguei a ter tr�s empregos ao mesmo tempo para conseguir manter a renda da fam�lia - e mesmo assim fica tudo muito apertado", conta.


Por isso, assim que ficou sabendo que colegas de profiss�o estavam emigrando para os Estados Unidos com ofertas de sal�rio atrativas em d�lar, al�m de jornadas consideravelmente menores do que no Brasil, Thaysa se interessou imediatamente.

 

 

LEIA TAMB�M: Baixas temperaturas agravam dores reum�ticas 

 

Ap�s alguma pesquisa, descobriu que existe um mercado aberto nos EUA para trabalhadores da �rea da sa�de dispostos a revalidar seus diplomas emitidos no exterior - e decidiu seguir o mesmo caminho.

"Tinha vontade de me mudar para os Estados Unidos desde que fiz uma viagem a turismo em 2019, mas s� comecei a enxergar uma possibilidade real quando v�rios colegas deram entrada no processo e conseguiram arrumar emprego e visto", diz a goiana.

Segundo especialistas em imigra��o e profissionais ouvidos pela BBC News Brasil, uma grande oferta de vagas em hospitais e consult�rios, somadas a sal�rios atrativos, est�o motivando uma onda recente de imigra��o de profissionais qualificados da �rea da sa�de para terras norte-americanas.

 

Estudo do American Immigration Council mostra que o setor de sa�de � o que mais tem participa��o de imigrantes na for�a de trabalho, com 15,6%. Na m�dia nacional, os estrangeiros representam 13,7% da popula��o.

 

E parte dessa for�a est� vindo do Brasil. Um levantamento realizado pelo escrit�rio de advocacia AG Immigration com dados do Departamento de Seguran�a Interna dos EUA mostrou que a quantidade de brasileiros que se tornaram cidad�os americanos bateu recorde no ano fiscal de 2021: foram 12.281, um total 47,5% superior ao de 2020.

 

As emiss�es de green cards, como s�o chamados os vistos de resid�ncia permanente que garantem o direito de morar e trabalhar nos EUA, tamb�m aumentaram e atingiram o seu segundo maior patamar da hist�ria, com 17.952 novas expedi��es para brasileiros.

Em 2020, 44% dos brasileiros que receberam green cards no pa�s obtiveram o documento por meio de contratos de trabalho.

Para Rodrigo Costa, CEO da AG Immigration, os dados s�o sintoma de uma nova onda de "fuga de c�rebros e profissionais qualificados" para os EUA. "Temos visto um casamento entre um mercado extremamente carente de profissionais e uma imigra��o brasileira cada vez mais capacitada", diz.

 

Segundo um levantamento do think tank Migration Policy Institute usando dados do censo americano de 2019, 42,5% dos brasileiros nos Estados Unidos tem pelo menos um diploma de gradua��o - um percentual superior ao da popula��o de imigrantes em geral, que � de 32,7%, e at� dos nascidos nos Estados Unidos, que est� em 33,3%.

Entre os rec�m-chegados (que imigraram para os EUA h� at� cinco anos) do Brasil, h� ainda mais profissionais qualificados: 52,8% do total completou pelo menos o ensino superior.

 

De acordo com Rodrigo Costa, entre os que v�o est�o muitos m�dicos, enfermeiros, dentistas e fisioterapeutas que esperam encontrar mais reconhecimento, melhor qualidade de vida e novas experi�ncias nos Estados Unidos.


Thaysa Guimarães e os três filhos
Thaysa Guimar�es e os tr�s filhos: "Pensei muito nos meus filhos, nas oportunidades e na educa��o de qualidade que ir�o encontrar por l�", diz (foto: Arquivo pessoal)
Foram exatamente esses fatores que influenciaram a decis�o de Thaysa de se mudar definitivamente para os EUA. "Pensei muito nos meus filhos, nas oportunidades e na educa��o de qualidade que ir�o encontrar por l�", conta.

A goiana iniciou o envio de documentos para a organiza��o respons�vel pelo processo de revalida��o do diploma em abril de 2020. Em mar�o deste ano, foi aprovada no exame nacional exigido para todos os profissionais de enfermagem e obteve seu certificado para trabalhar, tudo sem sair do Brasil.

 

"Tr�s dias depois de ser aprovada no exame, recebi minha primeira oferta de emprego. Decidi aguardar outras oportunidades e j� recebi outras cinco ofertas", diz Thaysa, que tem planos de se mudar permanentemente para os EUA at� mar�o de 2023.

 

A empresa escolhida pela enfermeira ser� respons�vel por dar in�cio e arcar com os custos do processo imigrat�rio. "Alguns hospitais me ofereceram b�nus em dinheiro, passagens a�reas, seguro sa�de completo, tr�s meses de aluguel para come�ar a vida e at� carta de cr�dito para comprar um carro - tudo para que eu assinasse o contrato com eles o mais r�pido poss�vel", relata Thaysa sobre as conversas que teve com os empregadores durante as entrevistas de emprego.

'A Grande Ren�ncia'

A corrida para contratar relatada pela brasileira reflete o momento delicado enfrentado pelo mercado de trabalho americano.

Os Estados Unidos encerraram o m�s de mar�o com 11,5 milh�es de vagas de emprego abertas - o maior n�mero j� registrado na hist�ria do pa�s. E a demanda continua crescendo mais do que a disponibilidade de profissionais.

 

Desde o in�cio da recupera��o p�s-pandemia, o pa�s presenciou um �xodo maci�o de trabalhadores do mercado. O movimento � motivado por diferentes fatores, entre elas a busca por sal�rios melhores, o conforto de benef�cios para desempregados e um boom de aposentadorias.

 

O fen�meno apelidado de "The Great Resignation" (A Grande Ren�ncia, em tradu��o livre) atinge com for�a o setor da sa�de.

O governo americano estima que o pa�s precisa atualmente de mais de 16 mil trabalhadores de cuidado prim�rio (m�dicos e enfermeiros), 11 mil novos dentistas e 7 mil profissionais da �rea da sa�de mental para acabar com a falta de m�o de obra especializada na �rea. Os dados s�o da Administra��o de Servi�os e Recursos Humanos (HRSA), ag�ncia federal americana respons�vel por ampliar o acesso da popula��o local a servi�os de sa�de.

 

E a demanda n�o para de crescer. Segundo a Associa��o Americana de Hospitais (AHA, na sigla em ingl�s), os EUA ainda v�o enfrentar uma escassez de 124.000 m�dicos at� 2033 e precisar�o contratar pelo menos 200.000 novos enfermeiros por ano para atender ao aumento da demanda e substituir os profissionais que se aposentar�o.

 

Segundo a Secretaria de Estat�sticas Trabalhistas dos EUA, ser�o ainda gerados, em m�dia, cerca de 5.000 vagas para dentistas e 15.600 para fisioterapeutas a cada ano, em m�dia, ao longo da pr�xima d�cada.

'Os empregadores t�m pressa'

� por tudo isso, segundo as fontes consultadas pela BBC, que muitos t�m visto nos imigrantes uma solu��o mais r�pida para o problema enfrentado pelos Estados Unidos.

 

"Recebemos pedidos e consultas de diversas empresas do setor da sa�de que desejam contratar estrangeiros para as vagas n�o ocupadas pelos americanos. Eles querem saber quando nossos clientes v�o chegar nos EUA, porque t�m pressa", diz Rodrigo Costa, cujo escrit�rio de advocacia presta consultoria para brasileiros e cidad�os de outras nacionalidades que desejam imigrar.

A procura cresceu de tal forma que a empresa afirma que tem conseguido emitir uma modalidade especial de vistos para profissionais brasileiros da �rea de sa�de qualificados e com bom hist�rico.

 

O chamado EB-2 NIW � um green card direcionado para profissionais que s�o considerados de "interesse nacional" para os Estados Unidos, ou seja, podem ocupar vagas que beneficiam a economia, o sistema educacional ou de sa�de ou algum outro aspecto da sociedade americana.

 

Esse tipo de green card n�o requer uma oferta de trabalho ou uma empresa patrocinadora, o que por vezes torna o processo imigrat�rio mais f�cil e r�pido.

Todos os green cards d�o direito a 10 anos de perman�ncia nos Estados Unidos, mas ap�s cinco anos no pa�s o cidad�o j� fica eleg�vel para uma cidadania americana.


Ana Paula com colegas de trabalho na clínica que trabalha em Miami, nos EUA
Ana Paula com colegas de trabalho na cl�nica que trabalha em Miami, nos EUA (foto: Arquivo pessoal)
A fisioterapeuta Ana Paula Rocha, de 37 anos, teve seu visto permanente na categoria EB-2 NIW aprovado neste ano. Mas antes mesmo de receber o documento a mineira natural de Diamantina ganhou uma permiss�o de trabalho, com a qual p�de come�ar a trabalhar nos EUA em julho de 2020.

"O processo de revalida��o do diploma durou dois anos e aproveitei esse tempo para completar o doutorado � dist�ncia em uma universidade americana. Pude fazer tudo do Brasil e s� tive que ir aos EUA para fazer a prova que garante a licen�a de fisioterapeuta no pa�s", conta. "Quando estava com meu registro validado me mudei em definitivo".

 

Ana mora em Miami, na Fl�rida, com o marido. Atualmente ela faz atendimento como fisioterapeuta ortop�dica em duas cl�nicas da regi�o, depois de ter trabalhado com um servi�o de telemedicina durante a pandemia.

 

"Demorei alguns meses para conseguir o primeiro emprego porque comecei a busca justamente no auge da covid-19, mas posso dizer que desde ent�o eu tenho podido escolher onde trabalhar, analisando sal�rios e hor�rios que s�o mais convenientes", diz.

 

"Decidi sair do Brasil porque n�o via muitas perspectivas na minha carreira como fisioterapeuta e me sentia estagnada. Por aqui me sinto muito valorizada e nunca experimentei nenhum preconceito ou dificuldade por ser estrangeira atendendo americanos", relata. "N�o pretendo voltar a trabalhar no Brasil".

 

Mas o EB-2 NIW n�o � a �nica op��o para os profissionais de sa�de brasileiros, segundo Ana Barbara Schaffert, advogada e consultora da AG Immigration. "H� outras modalidades de green card ou vistos de trabalho que podem ser solicitados ap�s a assinatura do contrato", explica.

 

"O processo de emiss�o de um green card pode demorar de 10 a 26 meses, mas em mar�o a imigra��o americana anunciou uma expans�o das regras do que chamamos de processamento premium, que permitem o pagamento de uma taxa adicional para agilizar o tr�mite".

 

"Com isso, um brasileiro pode conseguir um green card em cerca de 45 dias. Essa � uma mudan�a grande e que determina o tom favor�vel � imigra��o do atual governo dos Estados Unidos", diz Schaffert.

Mil dentistas at� o fim de 2022


Dentista examina paciente
Dentistas brasileiros costumam precisar passar por um programa de resid�ncia nos EUA para obter licen�a (foto: Getty Images)
Para aproveitar o momento, a AG Immigration lan�ou uma iniciativa para levar mil dentistas brasileiros para os EUA em 2022. Segundo a consultoria, j� existem cerca de 300 profissionais com o processo encaminhado.

 

"Em geral, os profissionais de odontologia brasileiros s�o muito bem avaliados nos Estados Unidos. Uma grande parcela dos que imigram tem especializa��o, al�m de boa experi�ncia cl�nica e trato humano com os pacientes", diz Rodrigo Costa.

 

A consultoria explica que ter diplomas avan�ados (mestrado, doutorado, especializa��es etc.) ou mais de cinco anos de atua��o na �rea s�o alguns dos fatores que ajudam na aprova��o do visto, seja para dentistas ou outros profissionais da sa�de.

 

J� no momento da revalida��o do diploma, o processo varia de acordo com a profiss�o e o curr�culo de cada imigrante.

Uma das maneiras que os dentistas podem conseguir a revalida��o � por meio da participa��o do profissional j� formado em um programa de educa��o odontol�gica credenciado pela comiss�o de odontologia americana, como uma resid�ncia.

 

A dentista Hetienne Macedo, de 40 anos, est� atualmente em Nova York fazendo justamente isso. Formada em uma faculdade de Fortaleza, a cearense conseguiu uma vaga no programa de resid�ncia em odontologia geral da Universidade de Rochester.

 

Hetienne j� foi aprovada na prova obrigat�ria para a emiss�o da licen�a que permite a atua��o de dentistas no pa�s e conta que pretende come�ar a trabalhar assim que encerrar o curso.

"Deixei meu consult�rio no Brasil funcionando, mas pretendo permanecer em Nova York ou me mudar para o norte da Fl�rida quando terminar as aulas", diz a brasileira, que se mudou para os Estados Unidos no ano passado com o marido e os tr�s filhos.

"Mas recebo e-mails semanalmente de empresas questionando sobre quanto tempo falta para me formar na resid�ncia e interessadas em contratar", relata.

 

A cearense afirma ainda que tem notado um fluxo cada vez maior de dentistas brasileiros interessados em seguir o mesmo caminho que o seu. "Na minha turma de 40 residentes, 5 s�o brasileiros", diz.

'Processo longo e caro'

Mas os processos para revalida��o do diploma e emiss�o de visto para trabalho nos EUA nem sempre s�o simples ou baratos.

Assim como no caso dos dentistas, m�dicos brasileiros que desejem atuar na �rea cl�nica geralmente tamb�m precisam passar por uma resid�ncia em uma institui��o credenciada, mesmo que j� tenham feito o per�odo de experi�ncia no Brasil. H� ainda duas provas obrigat�rias, al�m de um teste de conhecimento de ingl�s.

 

Rafael Hernandez Martin, de 23 anos, est� no �ltimo ano da faculdade de medicina na Faculdade de Ci�ncias M�dicas e da Sa�de de Juiz de Fora e pretende fazer sua resid�ncia diretamente nos Estados Unidos. "Sempre tive vontade de morar fora e fui atra�do pela estabilidade e seguran�a profissional que colegas que j� atuam nos Estados Unidos dizem ter", diz.

 

Natural de Juiz de Fora, ele est� atualmente estudando para uma prova cl�nica que � exigida no processo de sele��o da resid�ncia. "J� fui aprovado em uma primeira prova, mais te�rica, e depois da segunda avalia��o vou ainda prestar um teste de conhecimento de ingl�s espec�fico para profissionais da sa�de", relata.

O estudante pretende aproveitar sua mudan�a para os EUA e se envolver em projetos de pesquisa, que s�o muito bem-conceituados no pa�s. "Minha inten��o � mesmo morar e trabalhar de forma permanente nos EUA", diz.

 

"Mas o processo todo realmente n�o � barato. Acho que no m�nimo se gasta R$ 30.000 ou 40.000 com as taxas e provas para conseguir entrar na resid�ncia".


Rafael Hernandez Martin
Rafael Hernandez Martin vai fazer resid�ncia nos EUA (foto: Arquivo pessoal )
J� os enfermeiros e fisioterapeutas formados no Brasil passam por uma checagem rigorosa de seu curr�culo escolar e profissional e, caso sejam aprovados, podem ser isentos de novos cursos ou per�odos de experi�ncia. Ainda assim, � necess�rio passar pelas provas oficiais das categorias que concedem uma licen�a oficial para atuar.

 

Nem todas as licen�as s�o v�lidas em todo o territ�rio americano. Isto �, alguns estados exigem uma licen�a pr�pria.

Por tudo isso, os profissionais que decidem imigrar precisam de uma reserva consider�vel em d�lares para pagar taxas, inscri��es e, quando necess�rio, a mensalidade dos cursos. Os procedimentos para emiss�o de visto tamb�m s�o pagos.

 

Diante dos gastos e do tempo h�bil gasto no processo de revalida��o, muitos acabam desistindo da ideia. Outros preferem se empregar em fun��es que n�o exigem uma licen�a ou a confirma��o da forma��o no Brasil.

 

Segundo Jeanne Batalova, analista s�nior do Migration Policy Institute, esse cen�rio d� origem a muitos casos de trabalhadores imigrantes subutilizados em suas profiss�es.

"Muitos imigrantes formados como m�dicos, cirurgi�es, enfermeiros e dentistas extremamente qualificados n�o conseguem revalidar sua educa��o internacional nos EUA por conta das muitas barreiras e do processo longo e caro", diz.

 

"Mas isso n�o significa que eles n�o podem trabalhar em empregos que exigem menor qualifica��o. Assim, muitos trabalham como auxiliares de enfermagem ou funcion�rios de casas de repouso, ocupa��es que nem sempre exigem uma revalida��o do diploma, mas tendem a ser mais precarizadas".

 

"Na �rea da odontologia, profissionais que n�o conseguem passar por todo o processo de revalida��o de seus diplomas se empregam muitas vezes como assistente de dentista ou higienista dental, trabalhos que por vezes n�o exigem a convers�o da forma��o ou que tem menos burocracia para isso", explica Batalova.

 

O paulista Jo�o Ant�nio Costa, de 48 anos, trabalha desde 2018 como dentista em um centro comunit�rio em Hyannis, Massachusetts, mas com licen�a limitada.

 

Formado no Brasil, ele preferiu n�o enfrentar a revalida��o e procurar alternativas de emprego em sua �rea que aceitassem um diploma estrangeiro. "H� algumas alternativas, que variam de estado para estado. No meu caso, consegui trabalho no centro comunit�rio com a condi��o de ser sempre supervisionado por um dentista formado nos Estados Unidos. Mas essa � uma permiss�o concedida apenas pelo estado de Massachusetts".


João Antônio Costa com a esposa e filhas
Jo�o Ant�nio Costa com a esposa e filhas: dentista trabalha nos EUA desde 2018 (foto: Arquivo pessoal)
"No centro comunit�rio, oferecemos muitos tratamentos gratuitos ou com custo reduzido. Para mim � um privil�gio e satisfa��o muito grande fazer o que eu sei e o que eu gosto para quem realmente precisa", diz.

 

Jo�o afirma que at� recentemente nunca havia considerado a possibilidade de iniciar a revalida��o do diploma, mas foi incentivado pelo irm�o, que tamb�m � dentista e conseguiu uma licen�a permanente no Canad�, a melhorar sua situa��o.

 

"Por isso, no ano passado fui aprovado na prova exigida para tirar a licen�a americana e nos pr�ximos meses vou come�ar a me inscrever para os cursos de resid�ncia e especializa��o que tamb�m s�o necess�rios", diz o brasileiro natural de S�o Jos� dos Campos, que est� documentando toda sua jornada em um blog pessoal.

 

"H� uma demanda muito grande por servi�os de odontologia e quero poder ajudar outros dentistas brasileiros que queiram vir aos Estados Unidos trabalhar".

Dinheiro no bolso

Mas apesar das burocracias e investimentos necess�rios para realizar o sonho de trabalhar em solo americano, muitos brasileiros t�m optado por seguir o caminho da imigra��o por conta da promessa de sal�rios mais altos do que no Brasil.

 

Segundo dados de maio de 2021 da Secretaria de Estat�sticas Trabalhistas dos EUA, um dentista ganha em m�dia cerca de US$ 163.000 (R$ 834.000) por ano no pa�s. J� enfermeiros s�o pagos na m�dia de US$ 77.000 (R$ 390.000) por ano, enquanto um fisioterapeuta ganha cerca de US$ 95.000 (R$ 485.000) anuais.

A m�dia salarial de um m�dico nos Estados Unidos � de US$ 208.000 por ano.

 

Em compara��o, de acordo com o Guia Brasileiro de Ocupa��es, a m�dia de sal�rio mensal de um m�dico cl�nico no Brasil � de R$ 10.788, ou cerca de R$ 140.000 anuais, considerando 12 meses e o 13º sal�rio. O valor varia para mais ou para menos, a depender da especializa��o.

 

J� os dentistas ganham em m�dia R$ 83.000 anuais no pa�s, enfermeiros R$ 68.000 e fisioterapeutas R$ 50.000, tamb�m de acordo com o Guia Brasileiro de Ocupa��es.

 

"Muitos dos profissionais brasileiros chegam nos EUA j� com p�s-gradua��o, o que faz a remunera��o crescer bastante acima da m�dia. N�o � raro ouvirmos casos de sucesso de pessoas ganhando mais de sete vezes o sal�rio que recebiam no Brasil e at� empreendendo por conta pr�pria", diz Rodrigo Costa.

 

Cristian Brutten, odontopediatra brasileiro que fundou empresa dedicada a auxiliar dentistas estrangeiros com o processo de revalida��o de diploma e aloca��o no mercado de trabalho americano, confirma a percep��o.

 

"Quase todos os dentistas brasileiros que trabalham nos EUA com que converso e lido diariamente ganham mais do que a m�dia. O profissional brasileiro, al�m de ser muito qualificado, tamb�m � conhecido por aqui por suas habilidades sociais e empatia - qualidades essenciais na �rea da sa�de", diz.


Cristian Brutten
Cristian Brutten: "O profissional brasileiro, al�m de ser muito qualificado, tamb�m � conhecido por aqui por suas habilidades sociais e empatia", diz (foto: Arquivo pessoal)
O dentista natural de Natal mora nos Estados Unidos desde 2008 e, ap�s completar duas resid�ncias no pa�s para validar seu diploma, abriu um consult�rio pr�prio com um s�cio. Tamb�m decidiu se dedicar a auxiliar outros brasileiros que desejam seguir o mesmo caminho.

 

"A migra��o de estrangeiros para os EUA � uma realiza��o profissional para essas pessoas, mas tamb�m uma mais valia para o pa�s, porque os EUA precisam urgentemente de profissionais de sa�de", diz Brutten.

 

Mas o professor Eduardo Siqueira, especialista em imigra��o brasileira nos EUA da Universidade de Massachusetts Boston, lembra que a partida de alguns desses profissionais representa um preju�zo para o mercado de trabalho e ambiente acad�mico brasileiros.

"Quanto maior � o grau de qualifica��o dos profissionais que saem, mais dif�cil fica recuperar sua perda", diz.

 

"Temos visto muitos indiv�duos extremamente qualificados, com p�s-doutorado e pesquisas importantes sendo desenvolvidas, deixarem o Brasil para vir para os Estados Unidos em busca especialmente das melhores condi��es na �rea cient�fica", afirma Siqueira.

"Nem todos ser�o uma perda definitiva para o Brasil, mas uma pessoa t�o especializada pode demorar 10 ou mais anos para chegar a esse n�vel. Ou seja, vai demorar para encontrar um substituto".

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)