
Em todo o mundo, estima-se que mais de 70 milh�es de pessoas sejam afetadas por alguma forma de transtorno alimentar, seja anorexia, bulimia, transtorno de compuls�o alimentar, entre outras. O coordenador da Comiss�o de Transtornos Alimentares da Associa��o Brasileira de Psiquiatria (ABP), Jos� Carlos Appolin�rio, disse que os transtornos alimentares s�o doen�as mentais diferentes, “porque o limite entre a doen�a mental e a doen�a cl�nica, �s vezes, � muito t�nue”.
Pessoas com anorexia nervosa, por exemplo, podem atingir graus de desnutri��o muito grandes, perda de prote�nas, baixa de press�o arterial e de pot�ssio, podem at� morrer em fun��o da desnutri��o.
As pessoas com bulimia nervosa, com v�mitos autoinduzidos e uso de laxativos e diur�ticos, podem causar altera��es hidroeletrol�ticas que tamb�m podem levar � morte. Essas altera��es ocorrem quando os n�veis de hidrata��o e de eletr�litos corporais, como s�dio, pot�ssio, c�lcio, magn�sio, entre outros, est�o descompensados. “S�o transtornos mentais com consequ�ncias muito importantes sobre a sa�de f�sica dos indiv�duos”.
Multiprofissional

Segundo o m�dico psiquiatra, a Associa��o Brasileira de Psiquiatria (ABP) tem incentivado a divulga��o desta data e de todos os t�picos da campanha. Como associa��o de psiquiatras e profissionais de sa�de mental, a entidade tem o papel importante de ajudar a popula��o a ter um conhecimento maior sobre transtornos alimentares. De acordo com ele, isso pode fazer com que as pessoas tenham um diagn�stico precoce, porque quanto mais cedo � iniciado o tratamento, melhor � o progn�stico.
“Essa conscientiza��o da popula��o em rela��o a transtornos alimentares � uma atividade que a ABP desenvolve, inclusive divulgando o dia mundial e levando informa��o � sociedade. Os pais e familiares v�o ser muito ajudados nisso para levar mais precocemente seus filhos, parentes e pessoas conhecidas que tenham esses problemas a suspeitar antecipadamente da doen�a”, afirmou.
O tratamento para pessoas com transtornos alimentares tem que ser multiprofissional. Deve ser conduzido por um psiquiatra, um psic�logo, um nutricionista e um cl�nico. “Esses quatro profissionais t�m que atuar conjuntamente. V�rias dessas condi��es v�o necessitar de conhecimentos espec�ficos”, lembrou o especialista, acrescentando que a anorexia nervosa � considerada a doen�a de maior mortalidade na psiquiatria.
Treinamento
A ABP realiza tamb�m treinamentos e programas de desenvolvimento dos pr�prios psiquiatras, para que tenham, cada vez mais, melhor capacita��o no tratamento da doen�a. No Brasil, o maior n�mero de transtornos alimentares inclui bulimia, anorexia nervosa e compuls�o alimentar. Considerando todos os transtornos alimentares, conjuntamente, h� uma preval�ncia em 3% a 4% da popula��o.
Jos� Carlos Appolin�rio advertiu, entretanto, que h� casos que n�o s�o ainda transtornos propriamente ditos, mas que necessitam acompanhamento e tratamento.
Jos� Carlos Appolin�rio advertiu, entretanto, que h� casos que n�o s�o ainda transtornos propriamente ditos, mas que necessitam acompanhamento e tratamento.
“A gente chama de s�ndromes parciais. Voc� ainda n�o tem um baixo peso, mas um comportamento alimentar muito restrito. Est� em queda de peso muito acentuada. Ou, ent�o, n�o tem ainda uma frequ�ncia muito alta, mas j� come�ou a induzir v�mitos depois de epis�dios de compuls�o, ou seja, n�o tem um diagn�stico completo, mas j� necessitaria de acompanhamento”. De acordo com o m�dico, se somarmos tudo isso, podem ser identificadas s�ndromes parciais.
Diante dessas doen�as complexas, que alteram o comportamento do indiv�duo e, geralmente, a partir de idade muito jovem - em geral, fim da inf�ncia ou in�cio da adolesc�ncia - com a pessoa ainda muito ligada aos pais, os familiares ficam perturbados com todas as modifica��es, disse o coordenador da Comiss�o da ABP, tamb�m professor da Universidade Federal do Rio.
Rela��o familiar
“Isso perturba, principalmente, uma fun��o de rela��o familiar, que � a alimenta��o”, afirma Apolin�rio. A pessoa com anorexia nervosa rejeita comida, n�o senta com a fam�lia para fazer as refei��es. Isso mexe com a rela��o familiar e provoca sobrecarga em rela��o � doen�a e ao tratamento.
Por isso, ele sugere que a fam�lia participe do tratamento desde o in�cio das altera��es. Tamb�m refor�a a import�ncia de se tratar n�o s� os doentes, mas dar apoio e suporte aos familiares, amigos, companheiros (as), pessoas que est�o ajudando a cuidar de quem est� com transtornos alimentares.
Por isso, ele sugere que a fam�lia participe do tratamento desde o in�cio das altera��es. Tamb�m refor�a a import�ncia de se tratar n�o s� os doentes, mas dar apoio e suporte aos familiares, amigos, companheiros (as), pessoas que est�o ajudando a cuidar de quem est� com transtornos alimentares.
Muitas vezes, a pessoa com esse tipo de dist�rbios n�o aceita que est� com a doen�a e que precisa buscar tratamento. Por isso, � preciso cuidar tamb�m dos cuidadores, que v�o precisar de muito apoio e suporte. O papel do cuidador � de extrema import�ncia no processo de recupera��o dos afetados por transtornos alimentares. A ABP destacou que para cuidar do outro faz-se necess�rio o autocuidado.
A associa��o sugeriu algumas estrat�gias simples que podem ajudar na qualidade de vida do cuidador, como dividir tarefas, dedicar um tempo para si, cuidando da pr�pria sa�de f�sica, e construir uma rede de apoio para que possa pedir ajuda. Segundo a ABP, os transtornos alimentares, quando tratados precoce e corretamente, t�m importante taxa de recupera��o.
Agente de transforma��o
Para marcar a data, a Associa��o Brasileira de Transtornos Alimentares (Astral), que congrega mais de 40 grupos especializados de diversas regi�es do pa�s, promove campanha com o tema Seja um agente de transforma��o!.
A campanha inclui a publica��o de uma s�rie de v�deos e pequenos informativos para as redes sociais da entidade, produzidos em colabora��o com profissionais de sa�de especializados.
A Astral defende que a preven��o dos transtornos alimentares se faz estimulando uma alimenta��o saud�vel e adequada, livre da cultura da dieta e da culpa, “um estilo de vida ativo, sem foco exclusivo no peso corporal, e o incentivo � constru��o de uma imagem corporal positiva”.