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Estado de Minas TRANSFORMA��O

O cirurgi�o que salvou milhares de vidas gra�as a uma les�o cerebral que mudou sua personalidade

Stephen Westaby � um famoso grande cirurgi�o de cora��o que salvou cerca de 10 mil pessoas e cujas t�cnicas inovadoras podem salvar muitas mais ainda


06/06/2022 10:22 - atualizado 06/06/2022 10:22

Stephen Westaby
Stephen Westaby � um famoso grande cirurgi�o de cora��o que salvou cerca de 10 mil pessoas e cujas t�cnicas inovadoras podem salvar muitas mais ainda (foto: Getty Images)

Stephen Westaby operou mais de 12.000 cora��es e estima que salvou 97% de seus pacientes.

Isso, por si s�, � impressionante.

Mas o m�dico, agora com 73 anos, tamb�m � um pioneiro inovador, reconhecido internacionalmente por ter ajudado a desenvolver e refinar o uso de bombas card�acas, cora��es artificiais e tecnologia de suporte circulat�rio para levar sangue por todo o corpo.




Ele teve sempre voca��o para a medicina e disse que decidiu ser cirurgi�o card�aco aos sete anos de idade, depois de ver uma m�quina cora��o-pulm�o em a��o numa s�rie m�dica da BBC chamada Your Life in Their Hands (Sua vida nas m�os deles).

Apesar disso, Westaby diz que sua carreira profissional teria sido muito diferente se n�o fosse um golpe na cabe�a que recebeu quando tinha 18 anos.

 

Como foi que tudo come�ou?

O av�

A doen�a e morte agonizante de seu amado av� cimentou a decis�o de Westaby de se tornar cirugi�o card�aco.

"Um dia est�vamos passeando com o cachorro e ele colocou a m�o no peito e caiu de joelhos. Depois de cerca de meia hora, ele se levantou e fomos para casa", disse ao programa Outlook da BBC.

"N�s n�o sab�amos que o que ele teve foi um ataque card�aco. Ent�o eu o vi ter outro e outro, e depois afundar em uma grave insufici�ncia card�aca, levando a uma exist�ncia miser�vel. Finalmente, um dia cheguei da escola e vi o carro do m�dico do lado de fora da casa do meu av�. Entrei silenciosamente e vi meu av� morrer azul sem poder respirar."

Foi esse mesmo av� que percebeu que o neto tinha uma habilidade altamente valorizada para um cirurgi�o. "Ele notou que eu era ambidestro. Ele me ensinou a pintar e viu que eu podia desenhar com as duas m�os."

Embora fosse predominantemente destro, Westaby podia manipular uma caneta, pincel (e eventualmente instrumentos cir�rgicos) com ambas as m�os.

Com essa destreza e uma consci�ncia espacial extraordinariamente precisa que lhe permitia desenhar bem, ele j� tinha dois pontos a seu favor para se tornar o que queria.

Mas havia um fator relevante que pesava contra ele.

Timidez excessiva

"Os cirurgi�es precisam ter o temperamento certo", explicou Westaby em um artigo do jornal brit�nico Daily Mail.

"Voc� tem que ser capaz de explicar a morte para os familiares enlutados. Voc� tem que ter a coragem de substituir o seu chefe quando ele se cansa, a coragem de assumir a responsabilidade pelos cuidados p�s-operat�rios de beb�s pequenos ou enfrentar cat�strofes na sala de emerg�ncia."

"Eu era um garoto t�mido, modesto e despretensioso, que tinha medo da pr�pria sombra."

Tanto que quando lhe ofereceram a oportunidade de estudar em Cambridge, uma das melhores universidades do mundo, ele recusou, achando que se sentiria deslocado.


jogadores de rugby
Durante uma partida de r�gbi, Westaby levou um golpe forte na cabe�a que acabou por mudar sua personalidade (foto: Getty Images)

Em vez disso, optou pela Charing Cross Medical School, em Londres, pensando que ali poderia ter uma vida estudantil mais discreta. E assim foi. No in�cio, sua vida universit�ria foi mon�tona.

Durante este per�odo, por�m, ele decidiu aprender a jogar r�gbi, o que mudaria sua vida para sempre.

A pancada na cabe�a

Em 1968, "sa�mos em turn� jogando r�gbi. Em um dia cinzento de inverno, enfrentamos um time da Cornualha, que tinha jogadores muito duros. Eu fui atingido na cabe�a, fraturando o osso frontal do meu cr�nio".

"Eu estava vendo estrelas no vesti�rio e, em vez de me levar para um hospital, aqueles estudantes de medicina me levaram para o pub. Depois de v�rias canecas de cerveja e de desmaiar, acordei no dia seguinte muito doente."

Finalmente, o mandaram para o hospital. Westaby n�o apenas perderia a turn� de r�gbi, como isso poderia ter sido o fim de sua carreira m�dica. Mas o incidente, curiosamente, teve exatamente o efeito oposto.


Stephen
'A cirurgia para mim n�o � um trabalho, sempre foi um compuls�o. Se pudesse passar o dia e parte da noite fazendo s� isso, eu faria', diz Westaby (foto: BBC)

"Na primeira noite no hospital, eu, aquele menino introvertido e t�mido, flertei com a enfermeira que estava cuidando de mim."

Quando tentaram atend�-lo, ele respondeu de forma agressiva, como nunca teria feito antes.

Algo havia mudado.

Sem medo

Os raios X revelaram uma pequena rachadura no osso frontal do cr�nio.

"O traumatismo craniano afetou a parte do meu c�rebro respons�vel pelo racioc�nio cr�tico e pela preven��o de riscos. Isso explicava minha nova falta de inibi��o, irritabilidade e agress�o ocasional."

"Os testes dos psic�logos mostraram que eu obtive uma pontua��o alta em algo chamado 'invent�rio de personalidade psicopata', e o psic�logo me disse: 'N�o se preocupe, a maioria dos grandes realizadores s�o psicopatas. Cirurgi�es em particular.' Era esperado que voltasse ao normal quando o incha�o diminu�sse, mas felizmente para mim isso n�o aconteceu."

O resultado da les�o na cabe�a foi reduzir o medo e as inibi��es de Westaby.


Pintura de Keith Holmes
Westaby diz que, se n�o fosse pancada na cabe�a que levou jogando r�gbi, ele n�o teria se tornado um grande cirurgi�o (foto: Getty Images)

"De repente me tornei o secret�rio social da faculdade de medicina, que organizava as festas da universidade e, logo depois, o capit�o de r�gbi e cr�quete."

"Eu parecia imune ao estresse e me tornei um tomador de risco habitual, um viciado em adrenalina que constantemente ansiava por excita��o. Em suma, sa� da experi�ncia de les�o na cabe�a desinibido e implacavelmente competitivo."

Westaby agora tinha "a combina��o completa de habilidades para um cirurgi�o de sucesso": coordena��o, destreza manual e ousadia.

"A �ltima coisa que voc� quer � um cirurgi�o assustado."

Cora��o mec�nico

Westaby viveu as quatro d�cadas seguintes naquela zona tensa entre a vida e a morte, pontuada pelo sons de batimentos card�acos.

Entre outras coisas, ele se especializou no complicado campo da cirurgia pedi�trica e opera��o em beb�s e desenvolveu um m�todo de cirurgia card�aca sem cuidados intensivos.

Mas uma �rea em particular o deslumbrava: o potencial dos cora��es artificiais.


Cena de série da BBC
Westaby em um epis�dio de "Sua vida nas m�os deles", a s�rie da BBC que o inspirou quando tinha sete anos de idade (foto: BBC)

"Voc� pode ajudar pessoas com insufici�ncia card�aca, mas os transplantes de cora��o s�o muito raros. Voc� precisa que algu�m morra para lhe dar esse �rg�o."

"Sempre pensei que deveria haver uma maneira melhor, uma solu��o mec�nica." Mas os cora��es artificiais eram muito grandes, volumosos e impratic�veis.

"Um dia, em 1993, conheci um engenheiro que trabalhava com cora��es artificiais chamado Robert Jarvik." Era o in�cio de uma parceria que revolucionaria a cirurgia card�aca.

Jarvik havia inventado uma bomba que ajudava a circular o sangue pelo corpo, mas n�o sabia como mant�-la funcionando. Foi a� que o Dr. Westaby entrou. Juntos, eles criaram o Jarvik 2000, uma turbina em miniatura movida a bateria.

"A primeira pessoa a possuir um Jarvik 2000 foi um homem de 59 anos chamado Peter Houghton."

Westaby foi informado pelo Oxford Research Laboratory que ele s� poderia inserir o dispositivo num paciente cuja expectativa de vida fosse de apenas algumas semanas.

"Quando ele foi trazido ao meu escrit�rio em uma cadeira de rodas, seus tornozelos estavam inchados, seus l�bios estavam azuis, sua barriga estava inchada. Ele me lembrou meu av� pouco antes de morrer e eu fiquei desesperado para ajud�-lo."

Peter viveria mais 8 anos, muito mais do que qualquer pessoa com um cora��o artificial na �poca.

Enquanto isso, Westaby ganhava fama, e n�o apenas nos c�rculos m�dicos. Em 2004, recebeu um telefonema que trouxe ecos do passado. "Eram alguns produtores de televis�o que queriam fazer um programa chamado 'Sua vida nas m�os deles' comigo."

"Eu imediatamente disse que ficaria feliz em conversar com eles porque esse foi o programa que assisti quando tinha 7 anos." D�cadas depois de ver o programa que o inspiraria a ser m�dico, Westaby virou protagonista de um dos epis�dios da s�rie.

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