
Numa �poca em que n�o havia internet na verdade, naquele mesmo ano ela come�ava a ser desenvolvida no meio militar — tampouco telefones celulares, tr�s astronautas foram lan�ados por um sat�lite � dist�ncia de 384,4 mil quil�metros da Terra, enviaram imagens em tempo real e ainda mandaram o c�lebre recado, pela voz de Neil Armstrong: “� um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade”. Depois, fincaram a bandeira norte-americana em solo lunar, recolheram amostras da superf�cie e voltaram, com seguran�a, ao planeta azul.
A �ltima miss�o Apollo ocorreu nos anos 1970 e, durante muito tempo, ningu�m mais falou em voltar � Lua. At� que, em 2019, a Ag�ncia Espacial Norte-Americana (Nasa) anunciou os planos de retornar ao sat�lite em 2024, fazer experimentos mais sofisticados e erguer os alicerces de uma esta��o explorat�ria que ser� ponto de partida para futuras miss�es tripuladas a Marte. “Pela primeira vez desde a d�cada de 1970, h� um cronograma realista para as pessoas andarem novamente na Lua”, comemora Pat Noris, ex-funcion�rio da Nasa e autor do livro Returning people to the moon after Apollo: will it be another fifty years? (Levando pessoas de volta � Lua ap�s Apollo: ser�o mais 50 anos?, sem tradu��o no Brasil).
Noris, que trabalhou em diversos projetos na Nasa, incluindo o Apollo, explica que, h� meio s�culo, os interesses em explorar o sat�lite eram bem menos cient�ficos que hoje. “A decis�o de maio de 1961 de enviar homens � Lua foi tomada por motivos pol�ticos estrat�gicos da Guerra Fria. A motiva��o principal n�o era o avan�o da ci�ncia ou a explora��o do universo”, diz.
Parcerias
Agora, as coisas parecem um pouco diferentes. Embora a pr�pria Nasa informe, em seu site, que o retorno ao sat�lite � importante para demonstrar a superioridade da tecnologia espacial dos EUA, a miss�o Artemis — que leva esse nome em refer�ncia � deusa grega irm� de Apollo — tem diversos objetivos cient�ficos, incluindo a pavimenta��o da futura explora��o do Planeta Vermelho (leia mais nesta p�gina) . “A Lua possui um vasto potencial cient�fico e os astronautas v�o nos ajudar a acessar essa ci�ncia”, diz Thomas Zurbuchen, administrador do Diret�rio de Miss�o Cient�fica da Nasa. Entre as prioridades da equipe est� a investiga��o de recursos potenciais do p�lo sul do sat�lite, onde a base lunar dever� ser montada at� o fim da d�cada.
Outra diferen�a da era Apollo � que n�o se trata mais de uma miss�o solit�ria. Embora Artemis seja liderada pela Nasa, parceiros internacionais, como Jap�o, Canad� e alguns pa�ses europeus, participam da nova empreitada. Companhias privadas, tamb�m: a multinacional finlandesa Nokia, por exemplo, anunciou recentemente que implantar� um sistema de telecomunica��es na Lua. Por fim, entre os 18 astronautas anunciados para a miss�o, nove s�o mulheres — nas viagens lunares anteriores, apenas homens foram escalados.
Seis dias para a explora��o
A miss�o Artemis come�a ainda em 2021, quando ser� testado o novo foguete pesado SLS, com a c�psula Orion, sem humanos a bordo. A Artemisa 2 levar� astronautas para a �rbita da Lua em 2023, mas sem pousar no sat�lite natural da Terra. Por fim, Artemisa 3 enviar� dois astronautas ao solo lunar, incluindo a primeira mulher, em 2024.
A Nasa estabeleceu sete objetivos cient�ficos para a Artemisa 3, como a compreens�o dos processos planet�rios e a origem da mat�ria vol�til dos polos da Lua. Para tanto, os dois astronautas que caminharem no sat�lite dever�o trazer para a Terra 85kg de amostras de materiais diversos, extra�dos da superf�cie e do subsolo, conforme a recomenda��o de um extenso relat�rio da Nasa, que enumera as opera��es cient�ficas a serem realizadas, o que dever� ocorrer em 2024. Os tripulantes s� ter�o seis dias e meio para a explora��o.
Os autores do informe encomendado pela ag�ncia querem melhorar as condi��es de trabalho dos astronautas, com rela��o �s miss�es Apolo, especialmente para ajud�-los a selecionar as amostras mais interessantes. Diferentemente da �ltima viagem � Lua, em 1972, nenhum ge�logo far� parte da tripula��o.
Comunica��o por v�deo
Portanto, os especialistas incentivam a Nasa a fornecer um link de comunica��o de v�deo em alta velocidade para que os astronautas possam receber o apoio de uma equipe de cientistas na Terra. Tamb�m pedem � ag�ncia que desenvolva dispositivos cient�ficos mais leves e capazes de realizar v�rias medi��es ao mesmo tempo, com a finalidade de que caibam no m�dulo de aterrissagem que est� para ser constru�do. H� tr�s projetos de empresas privadas em disputa e a Nasa ainda n�o selecionou o contrato.
Tudo isso servir� para a constru��o do campo base de Artemisa, previsto para o fim da d�cada. Para isso, o pr�ximo presidente americano, Joe Biden, e o Congresso ter�o de concordar em liberar as dezenas de bilh�es de d�lares necess�rias para o projeto.