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Estado de Minas PREVIS�ES

Como a ci�ncia explica pessoas que parecem 'prever' o futuro

N�o � magia ou charlatanismo, � ci�ncia. Existem pessoas comuns que rotineiramente superam os especialistas quando se trata de prever o futuro


19/06/2021 17:43 - atualizado 20/06/2021 15:55

O deus grego Apolo concedeu à sacerdotisa Cassandra o dom da profecia, mas depois a amaldiçoou: ninguém jamais acreditaria em suas previsões(foto: Getty Images)
O deus grego Apolo concedeu � sacerdotisa Cassandra o dom da profecia, mas depois a amaldi�oou: ningu�m jamais acreditaria em suas previs�es (foto: Getty Images)

Voc� sabia que aquilo iria acontecer, n�o sabia?

�s vezes, a vida nos d� a oportunidade de nos orgulhar, proferindo a frase "Eu avisei!".

E h� aqueles que realmente acreditam que s�o muito bons em prever o futuro.


Mas, se formos honestos, na maioria dos casos, n�s "sab�amos" que algo iria acontecer somente depois que aconteceu. Aquela era uma das possibilidades que consideramos.

Os humanos tentam prever o futuro desde os tempos antigos.

Os chineses tinham o I Ching, enquanto os or�culos gregos preferiam procurar respostas nas entranhas dos animais.

Hoje, as ag�ncias de intelig�ncia em todo o mundo confiam principalmente na opini�o de especialistas para prever eventos.

Mas existem pessoas comuns entre n�s que rotineiramente superam os especialistas quando se trata de fazer previs�es precisas sobre o futuro.

S�o chamados de "superprevisores" e, caso pare�a charlatanismo, n�o h� fraude envolvida.

"N�o estamos falando de algum tipo de vidente ps�quico ou algo parecido", ressalta David Robson, autor de "The Intelligence Trap" (A armadilha da intelig�ncia).

Em vez disso, os cientistas descobriram certos tra�os de personalidade e habilidades espec�ficas ligadas a essas pessoas.

"S�o pessoas que podem prever, por exemplo, se uma guerra civil vai estourar em uma regi�o conturbada ou quem vai ganhar as Olimp�adas", disse Robson ao programa da BBC CrowdScience.

Eles t�m um talento natural para examinar evid�ncias e ver aonde v�o levar no futuro.

'Super'

O termo "superprevisor" surgiu de uma competi��o cujo objetivo era buscar novas abordagens nas previs�es pol�ticas. O torneio foi chamado de Good Judgment Project (Projeto Bom Julgamento) e financiado pela organiza��o Intelligence Advanced Research Projects Activity.


Em um teste, 2% das pessoas mostraram ter capacidade inata de acertar previsões(foto: Getty Images)
Em um teste, 2% das pessoas mostraram ter capacidade inata de acertar previs�es (foto: Getty Images)

Sob a lideran�a do cientista pol�tico Philip E. Tetlock, desde 2011, a equipe convidou milhares de participantes de todas as origens sociais para testar suas habilidades de previs�o.

Quatro anos, 500 perguntas e mais de um milh�o de previs�es depois, os 2% mais bem-sucedidos foram chamados de superprevisores.

O projeto mais tarde se transformou em uma empresa de previs�o comercial dirigida por Tetlock, cujo trabalho anterior havia mostrado que analistas profissionais na verdade n�o eram muito precisos.

Depois de analisar 82.361 previs�es feitas por 284 especialistas em �reas como ci�ncia pol�tica, economia e jornalismo, ele concluiu que "chimpanz�s jogando dardos em resultados poss�veis" provavelmente obteriam resultados semelhantes, como ele deixou claro em seu livro "Expert Political Judgment" (2005).

"Ser� que esses superprevisores, que n�o eram considerados especialistas, poderiam desempenhar um papel melhor em previs�es?", perguntou-se o cientista pol�tico.

Mente realmente aberta

A resposta foi: sim. Alguns deles tinham a capacidade inata de acertar as previs�es.

Mas por qu�? O que havia de especial neles?


Não se trata de ser
N�o se trata de ser "liberal", mas de n�o se apegar a convic��es (foto: Getty Images)

"Eles eram frequentemente curiosos, tinham a mente aberta, estavam dispostos a buscar evid�ncias e questionar suas suposi��es. Tamb�m eram intelectualmente humildes, ent�o eram capazes de reconhecer seus pr�prios preconceitos e lev�-los em considera��o", diz Robson.

N�o se tratava apenas de ouvir ou ler muitas opini�es, mas de ter "a capacidade de atualizar previs�es ou opini�es com base nas informa��es encontradas... e nem todos podemos fazer isso, porque muitas vezes estamos muito ligados �s nossas cren�as".

"Os supermeteorologistas s�o muito bons em simplesmente abandonar o que pensavam ser correto e adotar outra opini�o."

"Eles s�o psicologicamente distintos", disse Tetlock � BBC em 2015.

"Se eu tivesse que identificar algo em particular, � que, embora a maioria das pessoas pense em suas cren�as como algo muito precioso que as define, algo mesmo sagrado, os superprevisores tendem a ver suas cren�as como hip�teses a serem testadas, que devem ser revisadas de acordo com as evid�ncias."

"Isso significa que eles tendem a ser melhores em fazer estimativas iniciais assim que voc� lhes faz uma pergunta, mas s�o ainda melhores em atualizar o que pensam � medida que obt�m mais informa��es, para que possam recalibrar se a probabilidade for maior ou mais baixa", explicou o cientista pol�tico.

Fa�a um teste

Assim como os cientistas, os superprevisores veem suas previs�es como hip�teses e est�o sempre em busca de novas informa��es, avaliando cuidadosamente esses dados e atualizando suas previs�es.

Mas, al�m de ter uma mente genuinamente aberta, eles se destacam no pensamento anal�tico.

Ser� que voc� tamb�m?

Tente responder a esta pergunta de David Robson.


"O vento est� soprando do leste e um trem el�trico est� indo para o oeste" (foto: Getty Images)

"O vento est� soprando do leste e um trem el�trico est� indo para o oeste. Em que dire��o cardeal a locomotiva vai soprar fuma�a?"

Y?

A resposta � que a fuma�a n�o est� indo em nenhuma dire��o. "Eu disse que era um trem el�trico."

Outra?

Neste caso, come�amos com tr�s pessoas: Jack, Ana e Jorge.

Jack est� olhando para Ana, mas Ana est� olhando para Jorge. Jack � casado, mas Jorge n�o. Existe uma pessoa casada olhando para uma pessoa solteira?

As op��es s�o: "Sim", "N�o" ou "N�o � poss�vel determinar". A resposta est� no final do artigo.

"Esses tipos de perguntas procuram estabelecer se voc� est� simplesmente se deixando levar por suas intui��es ou se est� realmente analisando o que est� sendo dito e questionando isso", explica Robson.

E a� est� o ponto: pode-se pensar que ler muito e ser anal�tico � uma caracter�stica de gente muito inteligente, mas n�o basta. Curiosamente, ter muita capacidade intelectual pode levar voc� a conclus�es erradas.

"Muitas vezes, quanto mais inteligente voc� for, melhor ser� em encontrar todos os tipos de raz�es e fundamentos para suas opini�es e detectar as pequenas discrep�ncias nos argumentos dos outros, para demolir o que eles est�o dizendo."

"Portanto, o problema � que, na verdade, quanto mais inteligente voc� for, melhor ser� em enganar a si mesmo e a outras pessoas."

2%

Talvez seja bom n�o estarmos limitados pela nossa capacidade intelectual, porque isso significa que ser�amos capazes de melhorar como previsores.


Curiosamente, ter muita capacidade intelectual pode levar você a conclusões erradas(foto: Getty Images)
Curiosamente, ter muita capacidade intelectual pode levar voc� a conclus�es erradas (foto: Getty Images)

Mas h� algo mais para manter em mente.

Al�m de mente aberta e pensamento anal�tico, fazer boas previs�es requer o que � conhecido como pensamento probabil�stico.

E algu�m que sabe disso � Michael Storey, um dos membros originais daquele seleto grupo de 2% do Good Judgment Project, que fez carreira como superprevisor e continuou a trabalhar para a Good Judgment Inc.

"Sou uma pessoa muito curiosa e essa � provavelmente a minha principal motiva��o na maioria das coisas que fa�o."

Em sua conversa com a BBC CrowdScience, Storey destacou a import�ncia de ter uma perspectiva externa.

"Existe uma teoria que diz que se voc� est� muito pr�ximo das coisas, tende a errar mais. O que acontece � que, sem perceber, voc� opta por prestar aten��o a uma parte da informa��o e ignorar coisas que n�o se encaixam no seu ponto de vista; isso � chamado de vi�s de confirma��o."

Sair mentalmente de uma situa��o para levar em considera��o as opini�es dos outros e olhar para tr�s em busca de exemplos pode ser muito �til.

"Imagine que voc� est� em um casamento e te perguntam se voc� acha que o relacionamento vai durar."

� f�cil se deixar levar pelo romance e pela alegria do momento "e, na maioria dos casos, o final � feliz", mas os superprevisores ajustam essa impress�o, indo al�m das informa��es imediatas.

"E quando voc� fizer isso, voc� pode fazer uma avalia��o mais s�bria e ver, por exemplo, se o casal � idoso ou religioso, o que significa que s�o muito menos propensos a se separarem. Voc� incorpora outros fatores que voc� pode obter de fora e formar uma perspectiva externa. "

O que voc� estaria fazendo � ajustar intui��es com a ajuda de informa��es. Al�m disso, algo muito importante, Storey aponta: correspond�ncia de padr�es.

"Quando testamos as pessoas para ver a probabilidade de serem bons prognosticadores, n�o testamos seus conhecimentos sobre algum t�pico ou algo parecido, mas sim suas habilidades em reconhecimento de padr�es de imagem."

E embora nem todos tenhamos todos esses talentos naturais, a boa not�cia � que os pesquisadores acreditam que essas habilidades podem ser aprendidas. Na verdade, existem cursos para adquiri-los.

Por que faz�-lo?

Porque mesmo que voc� n�o se dedique a prever eventos geopol�ticos ou movimentos de a��es, aprender a pensar analiticamente e questionar suposi��es e cren�as pode ajud�-lo a decidir se deve mudar de emprego, comprar aquela casa ou investir no neg�cio de seus amigos.


Jack, Ana e Jorge(foto: BBC)
Jack, Ana e Jorge (foto: BBC)

Jack, Ana e Jorge: a resposta

Como n�o nos informam sobre o estado civil de Ana, a resposta parece ser "indeterminado".

Mas a resposta correta � "sim".

N�o � necess�rio saber se Ana � casada ou n�o.

Se for, ela � a pessoa casada que olha para uma pessoa solteira: Jorge. Se n�o, Jack � a pessoa casada olhando para uma pessoa solteira, Ana.

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