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Estado de Minas MEIO AMBIENTE

A rec�m-descoberta �rvore mais alta da Amaz�nia que corre risco de desaparecer

Angelim-vermelho gigante, do tamanho de um pr�dio de 30 andares, est� sob amea�a por causa da a��o ilegal de grileiros e garimpeiros, alertam ambientalistas.


22/12/2022 10:02 - atualizado 22/12/2022 10:12
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Angelim-vermelho gigante
Altura de angelim-vermelho gigante, � equivalente a de um pr�dio de 30 andares (foto: Imazon, Ideflor-Bio e Havita Rigamonti)

A �rvore mais alta da Amaz�nia — um angelim-vermelho de aproximadamente 400 anos, 9,9 metros de circunfer�ncia e 88,5 metros de altura, o equivalente a um pr�dio de 30 andares — "corre perigo" por causa da a��o ilegal de grileiros e garimpeiros, alertam ambientalistas.

A �rvore, que foi descoberta em setembro durante uma expedi��o apoiada pela ONG Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amaz�nia (Imazon), faz parte de um conjunto de �rvores gigantes encontradas na Floresta Estadual (Flota) do Paru, na divisa dos Estados do Amap� e do Par�.

Ela � maior, por exemplo, do que alguns dos principais cart�es postais do mundo, como a Grande Esfinge de Giz� (20 metros), no Egito, o Cristo Redentor (38 metros), no Rio de Janeiro e a Torre de Pisa (57 metros), na It�lia. Por pouco n�o ultrapassa o Big Ben (96 metros), em Londres, na Inglaterra e a Est�tua da Liberdade (93 metros), em Nova York, nos EUA.

A Flota do Paru � a terceira maior unidade de conserva��o de uso sustent�vel em floresta tropical do mundo. O bioma tem 36 mil km², cerca de tr�s vezes o tamanho do Catar, que sediou a Copa do Mundo de 2022.

Ou seja, ali � permitida a explora��o sustent�vel de parte dos recursos naturais desde que aliada � conserva��o da natureza.


Árvore angelim-vermelho gigante
Angelim-vermelho gigante est� sob amea�a por causa da a��o ilegal de grileiros e garimpeiros, alertam ambientalistas (foto: Imazon, Ideflor-Bio e Havita Rigamonti)

No entanto, ambientalistas afirmam que n�o � isso que vem ocorrendo. Segundo eles, a Flota do Paru, que pertence ao maior bloco de �reas protegidas do mundo, sofre com a a��o de grileiros e garimpeiros — em novembro, foi a terceira unidade de conserva��o mais desmatada de toda a Amaz�nia.

Dados baseados em imagens de sat�lite do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon mostram que a floresta j� perdeu 46,5 km² de cobertura vegetal desde 2008. J� dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amaz�nia Legal por Sat�lite (PRODES) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), tamb�m baseados em imagens de sat�lite, indicam um n�mero maior em igual per�odo: 74 km².

Ambos apontam um pico de desmatamento em 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), acusado de beneficiar desmatadores e criticado por sua pol�tica ambiental em rela��o � Amaz�nia. Desde 2019, o Par� � governado por Helder Barbalho (MDB), reeleito nas elei��es de outubro. Ele se manteve neutro nas elei��es presidenciais daquele ano e declarou apoio ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) no �ltimo pleito.

Na �ltima quinta-feira (15/12), a Imazon e outras nove ONGs lan�aram uma campanha online com a hashtag #ProtejaAsArvoresGigantes, com o objetivo de chamar a aten��o da sociedade para a necessidade de o governo do Par� fiscalizar e monitorar a �rea.

Segundo Jakeline Pereira, pesquisadora do Imazon e conselheira da Flota do Paru, as �rvores gigantes est�o amea�adas pela grilagem de terras e, sobretudo, pelo garimpo ilegal de ouro.

"No limite sul da unidade de conserva��o, est� havendo uma mudan�a de ocupa��o do solo, com arrendamento de terras para a agropecu�ria e retirada ilegal de madeira", diz ela � BBC News Brasil.


Área desmatada para abertura de garimpo
�rea desmatada para abertura de garimpo (foto: Jakeline Pereira)


Vista aérea de um garimpo
Vista a�rea de um garimpo. (foto: Jakeline Pereira)


Imagem de desmatamento e do rejeito da lavagem do garimpo em meio à floresta
Imagem de desmatamento e do rejeito da lavagem do garimpo (que emprega merc�rio) em meio � floresta (foto: Jakeline Pereira)

"Mas s�o os garimpos ilegais de ouro que est�o mais pr�ximos das �rvores. Apesar de o desmatamento causados por eles n�o ser t�o grande, uma vez que abrem uma pequena clareira na floresta e usam m�todos artesanais, o impacto acaba sendo, pois se usa merc�rio e promove a circula��o de pessoas dentro da unidade de conserva��o. Um levantamento estimou em 2 mil o n�mero de garimpeiros na �rea em 2009", acrescenta.

Pereira diz que, para acessar o local onde ficam as �rvores gigantes, na �ltima expedi��o de setembro, os pesquisadores "passaram pelos garimpos".


Angelim-vermelho, árvore gigante
�rvore tem cerca de 400 anos, estimam especialistas (foto: Imazon, Ideflor-Bio e Havita Rigamonti)

"O local � uma regi�o de dif�cil acesso, com rios encachoeirados. � preciso andar muito tempo na floresta, ent�o o acesso � bem ruim", diz.

Segundo a especialista, essas �rvores gigantes n�o s�o comuns na regi�o — o angelim-vermelho � "uma esp�cie madeireira", que cresce normalmente "entre 25 e 30 metros", explica.

Com 88,5 metros, o angelim-vermelho gigante tornou-se a quarta �rvore viva mais alta documentada pelo Guinness World Records, o livro dos recordes. A maior do mundo � uma sequoia de 116 metros localizada no Parque Nacional de Redwood, no Estado da Calif�rnia, nos Estados Unidos.


Garimpo de barrancos
Garimpo de barrancos. � quando garimpeiros quebram a terra com a for�a da �gua. A lama � escoada para uma peneira com merc�rio e o ouro fica grudado no merc�rio. O rejeito � jogado na floresta (foto: Jakeline Pereira)


imagem de garimpo de barrancos
O garimpo ilegal destr�i a flora e polui a floresta com merc�rio (foto: Jakeline Pereira)

Segundo Pereira, "al�m da maior �rvore da Amaz�nia, a Flota do Paru tem v�rias esp�cies end�micas, aquelas que s� existem em uma determinada regi�o. � uma �rea importante para preservar a biodiversidade local, conter as mudan�as clim�ticas e tem enorme potencial para ecoturismo e extrativismo vegetal, que pode gerar renda com a floresta em p�".


Garimpo de filão
Garimpo de fil�o (foto: Jakeline Pereira)

"Portanto, n�o podemos perder nosso patrim�nio para esses infratores, precisamos de fiscaliza��o e efetiva implementa��o do plano de manejo para impedir a destrui��o", conclui.

De janeiro a novembro, 10.286 km² de floresta na Amaz�nia foram derrubados, o equivalente a mais de 3 mil campos de futebol por dia. � o pior acumulado dos �ltimos 15 anos, segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon. Somente o Par� foi respons�vel por desmatar 279 km² em novembro, quase a metade do que foi registrado em toda Amaz�nia.


Maquinário e acampamento de garimpeiros
Maquin�rio e acampamento de garimpeiros (foto: Imazon, Ideflor-Bio e Havita Rigamonti)


Maquinário usado em garimpo ilegal na região da Floresta Estadual do Paru
Maquin�rio usado em garimpo ilegal na regi�o da Floresta Estadual do Paru (foto: Imazon, Ideflor-Bio e Havita Rigamonti)

Outro lado

Em comunicado enviado � BBC News Brasil, o governo do Par�, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (IDEFLOR-Bio) informa que "recebeu uma den�ncia de invas�o de grileiros nas �reas da Unidade de Conserva��o (UC) da Floresta Estadual do Paru (Flota Paru), que est�o sob concess�o florestal, na por��o sudeste da (UC), especificamente nas Unidades de Manejo Florestal (UMF) 1 e 2, que somam 190 mil hectares e representam 5,3% da FLOTA (3,613 milh�es de hectares)".

"Desde o dia 08 de dezembro uma equipe da Diretoria de Gest�o de Floresta P�blica do Ideflor-Bio e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e Pol�cia Civil, incluindo a Pol�cia Cient�fica, est�o na �rea sob concess�o florestal averiguando estas den�ncias. Informamos tamb�m, que por meio da Diretoria de Gest�o e Monitoramento das Unidades de Conserva��o (DGMUC), o Ideflor tem avan�ado na implementa��o das Unidades de Conserva��o, estabelecendo ferramentas importantes de gest�o como: a elabora��o dos Planos de Manejo das (UCs), utilizando metodologia participativa de todos os setores que representam a sociedade civil organizada; garantia da participa��o direta como cogestores, nos Conselhos Gestores, discutindo e trazendo solu��es para todos os problemas que envolvem as Unidades de Conserva��o", conclui a nota.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63995033


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