
No artigo, 21 cientistas do zool�gico de Cincinnati, da Escola de Medicina de Harvard e da Universidade de Massachusetts, contam que a esteriliza��o ocorreu pelo aumento dos n�veis de horm�nio anti-M�lleriano (AMH, em ingl�s), produzido pelos ov�rios de f�meas de diferentes esp�cies.
O grupo come�ou a estudar o AMH anos atr�s e, em 2017, publicou um artigo mostrando o potencial contraceptivo do horm�nio em roedores. De l� para c�, com o apoio de funda��es de prote��o a c�es e gatos, os pesquisadores voltaram a aten��o para os felinos.
Segundo os cientistas, 80% da popula��o mundial de gatos, estimada em 600 milh�es, vive livre, e embora a castra��o seja a pr�tica habitual de controle, h� necessidade de alternativas de contracep��o mais eficientes, seguras e com bom custo-benef�cio.
"A esteriliza��o cir�rgica [castra��o] � um modelo dif�cil de alcan�ar em larga escala porque a cirurgia requer anestesia geral, uma sala de cirurgia devidamente equipada e mais veterin�rios do que h� atualmente", disse o pesquisador Bill Swanson em entrevista divulgada pelo zool�gico de Cincinnati.
Para aumentar os n�veis de AMH, a equipe empregou um vetor viral com uma vers�o modificada do gene respons�vel pela express�o do horm�nio em gatos.
"Uma �nica inje��o do vetor da terapia g�nica fez com que os m�sculos das gatas produzissem AMH, que normalmente � produzido apenas nos ov�rios, e elevou o n�vel geral de AMH em cerca de 100 vezes", comentou em nota David P�pin, professor em Harvard e tamb�m autor do artigo.
O impacto da terapia foi avaliado a partir da observa��o de nove gatas: tr�s do grupo controle e seis que receberam a inje��o com duas doses diferentes.
Por duas vezes, as f�meas foram colocadas na companhia de um macho ao longo de quatro meses, e as intera��es foram monitoradas por v�deo.
No primeiro teste, realizado entre outubro de 2019 e fevereiro de 2020, as tr�s f�meas do grupo controle engravidaram, dando origem a dez filhotes, ao passo que nenhuma f�mea dos outros grupos engravidou.
No segundo experimento, conduzido entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021, novamente as tr�s gatas sem tratamento geraram 11 filhotes, enquanto as gatas tratadas n�o engravidaram.
As f�meas continuaram sendo monitoradas e agora est�o dispon�veis para ado��o por moradores da regi�o de Cincinnati, onde seguir�o passando por avalia��es de sa�de.
De acordo com os cientistas, o aumento do n�vel de AMH barrou o desenvolvimento dos fol�culos ovarianos e a ovula��o das f�meas, mas n�o afetou horm�nios importantes, como o estrog�nio, nem causou efeitos adversos.
Os pesquisadores destacaram, por�m, que s�o necess�rios mais estudos, com um n�mero maior de gatas, para avaliar o efeito contraceptivo do tratamento. Tamb�m lembraram que a terapia g�nica ainda � recente e que n�o h� estrutura para a produ��o de doses em quantidade suficiente para esterilizar milh�es de animais.
"Nossa meta � mostrar que a contracep��o permanente, segura e eficaz em animais de estima��o pode ser alcan�ada usando terapia g�nica", disse P�pin. "Esperamos que, conforme a capacidade de fabrica��o de vetores virais for aumentando com a populariza��o da terapia g�nica em humanos, se torne fact�vel ofertar essa forma de contracep��o para controlar popula��es de gatos abandonados."