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Estado de Minas

Bi�grafo de Dom Pedro II relata as dores e os amores do imperador

Com aten��o � personalidade, aos sentimentos e � vida amorosa do monarca, Paulo Rezzutti tra�a um retrato 'de carne e osso' do rei que assumiu o trono aos 5 anos e governou o Brasil durante 49


04/09/2019 04:00 - atualizado 03/09/2019 19:06

A família imperial na varanda da residência da princesa Isabel e do conde d'Eu, em Petrópolis, hoje Casa da Princesa, por volta de 1889(foto: Museu Imperial/Ibram/MinC)
A fam�lia imperial na varanda da resid�ncia da princesa Isabel e do conde d'Eu, em Petr�polis, hoje Casa da Princesa, por volta de 1889 (foto: Museu Imperial/Ibram/MinC)

Na semana em que se completou um ano do inc�ndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, edifica��o tamb�m conhecida como Pal�cio de S�o Crist�v�o, que serviu de resid�ncia para a fam�lia imperial brasileira, chega �s livrarias a biografia de um dos mais destacados ex-moradores do edif�cio hist�rico – Dom Pedro II (1825-1891). Governante que permaneceu mais tempo no poder no pa�s (49 anos), ele nasceu no pal�cio e viveu ali boa parte de sua vida.

O acervo do Museu Nacional contava com cole��es pertencentes ao imperador, como a de m�mias, e tamb�m de sua m�e, a imperatriz Leopoldina. “Boa parte da documenta��o que utilizei est� no Museu Imperial, em Petr�polis, mas � lament�vel que um lugar onde nasceram dois monarcas – Dom Pedro II e a irm� Dona Maria II, que foi rainha de Portugal, e ainda foi o ambiente onde boa parte da trajet�ria do imp�rio –  tenha sido praticamente destru�do. Infelizmente, pouca coisa restou”, lamenta o historiador Paulo Rezzutti, autor de Dom Pedro II – A hist�ria n�o contada: O �ltimo imperador do Novo Mundo revelado por cartas e documentos in�ditos.

Depois de biografar a Marquesa de Santos, Dom Pedro I e Leopoldina, Rezzutti decidiu se dedicar a contar a hist�ria de um dos personagens mais plurais, complexos e fascinantes da nossa hist�ria. Belo Horizonte sediar� o lan�amento nacional do livro, nesta quinta-feira (5), com sess�o de aut�grafos (na Leitura do P�tio Savassi, �s 18h) e palestra do autor sobre a m�e do Imperador, dona Leopoldina (no CCBB, �s 20h30).

O historiador afirma que, entre as figuras hist�ricas que biografou, Dom Pedro II � o dono da vida mais intensa. Aos 5 anos j� era rei, pois Dom Pedro I abdicou do trono em 1831 e foi embora para Portugal deixando no Brasil quatro filhos pequenos. Aos 9, o imperador era �rf�o de pai e m�e. Num soneto escrito em 1850, quando tinha, portanto, 25 anos, Dom Pedro II abordou a conota��o tr�gica de sua inf�ncia. “Coube-me o mais funesto dos destinos: vi-me sem pai, sem m�e, na inf�ncia linda”, escreveu.

''Coube-me o mais funesto dos destinos: vi-me sem pai, sem m�e, na inf�ncia linda''

Trecho de soneto escrito por Dom Pedro II aos 25 anos

No livro de Rezzutti, h� comoventes passagens sobre esse per�odo, como a que descreve a morte do pai do pequeno rei, em 1834. O menino imperador sabia que o estado de sa�de de Dom Pedro I era grave e mandou algumas cartas ao seu “querido pap� do cora��o”, querendo saber not�cias. Ficou sem resposta.
 
A not�cia da morte de Dom Pedro I lhe chega por meio de uma carta de Dona Am�lia, sua madrasta. De acordo com a filha de uma das aias do Pal�cio de S�o Crist�v�o, a informa��o sobre o falecimento do pai foi dada por tr�s pessoas, simultaneamente, para as tr�s crian�as – Janu�ria, de 12 anos; Francisca, de 10, e Pedro, de 9, que se encontravam em diferentes locais do pal�cio. Dona Paula Mariana, a outra filha, morrera pouco antes, aos 9 anos).

“Por um singular movimento instintivo, o pr�ncipe e as princesas sa�ram dos aposentos em que se achavam, com o �nico fito de se procurarem reciprocamente. Encontrando-se logo, todos tr�s se enla�aram no mais amplexo mudo, at� que torrentes de l�grimas e ais prorromperam dos amargurados peitos, com uma intensidade e afeto filial capaz de comover o mais empedrado cora��o que semelhante espet�culo presenciasse...”, relata um dos trechos da publica��o.

Dom Pedro II aos 9 anos de idade em 1832, autorretrato a lápis(foto: Editora Leya/Reprodução)
Dom Pedro II aos 9 anos de idade em 1832, autorretrato a l�pis (foto: Editora Leya/Reprodu��o)
“A inf�ncia e a juventude foram bem sofridas. N�o s� por essa quest�o familiar, mas com rela��o aos tutores, j� que Jos� Bonif�cio, o primeiro deles, de quem ele se apegou muito, foi substitu�do. Dom Pedro II vai perdendo as refer�ncias mais importantes da sua vida e acaba se tornando uma pessoa mais fechada, insond�vel, como se fosse uma esfinge”, aponta o autor.

Outros escritores j� se debru�aram sobre a trajet�ria do pai da princesa Isabel, inclusive quando o imperador ainda estava vivo. Paulo Rezzutti fez a op��o por focar na personalidade do rei e fazer um mergulho em sua intimidade. O pesquisador diz ter tido acesso a documentos nunca antes consultados, como uma carta de Dom Pedro II para um escritor franc�s na qual comenta sobre a morte da imperatriz Teresa Cristina e fala das saudades que sentia da esposa.

Essa carta faz parte de um lote entregue em 2017 pelo presidente russo Vladimir Putin ao ent�o mandat�rio brasileiro Michel Temer e hoje se encontra no Museu Imperial. Outra novidade � uma carta do Conde D’Eu, marido da princesa Isabel, � Condessa de Barral, uma das amantes de Pedro II, narrando os bastidores do 15 de novembro, quando se deu a Proclama��o da Rep�blica, e do banimento da fam�lia imperial do Brasil.

''A inf�ncia e a juventude foram bem sofridas. N�o s� por essa quest�o familiar, mas com rela��o aos tutores, j� que Jos� Bonif�cio, o primeiro deles, de quem ele se apegou muito, foi substitu�do. Dom Pedro II vai perdendo as refer�ncias mais importantes da sua vida''

Paulo Rezzutti, escritor

Al�m de revelar o conte�do dessa carta, Dom Pedro II – A hist�ria n�o contada se ocupa de outros aspectos da movimentada vida amorosa do rei brasileiro. Segundo o escritor, embora fossem de conhecimento de outros autores, as cartas que D. Pedro II dirigiu �s amantes e que se encontram na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, nunca haviam sido reproduzidas na �ntegra em um livro.

A biografia publica a correspond�ncia, com cartas de v�rias mulheres para D. Pedro II e algumas dele para elas. Rezzutti observa que h� missivas datadas do mesmo dia, ou dias pr�ximos, para duas amantes diferentes, nas quais o missivista jurava a cada uma que n�o sabia o que era o amor antes de conhec�-la. “O livro desmitifica um pouco essa figura, mostrando que ele era de carne e osso, como qualquer um de n�s.Tinha defeitos, qualidades, fraquezas e limita��es, como todo ser humano. Dom Pedro I ficou com essa imagem forte de namorador, mas Dom Pedro II n�o ficou atr�s. S� que era bem mais discreto que o pai”, afirma.

Aclamação de dom Pedro II, gravura de Jean-Baptiste Debret(foto: Editora Leya/Reprodução)
Aclama��o de dom Pedro II, gravura de Jean-Baptiste Debret (foto: Editora Leya/Reprodu��o)
Apesar de muitos pesquisadores relacionarem o imperador � figura da m�e, n�o s� por sua semelhan�a f�sica, mas tamb�m por compartilharem o interesse pela cultura, as artes, a ci�ncia, a hist�ria e a filosofia, a grande influ�ncia de D. Pedro II foi o pai, segundo Rezzutti. “A m�e morreu dias ap�s Dom Pedro completar um ano. Ele tinha lembran�as dela por meio de suas cole��es, que ampliou, mas a proximidade maior foi com o pai, com quem conviveu at� os 5 anos e rocou cartas durante mais tr�s”, aponta.

Na correspond�ncia entre pai e filho, “Dom Pedro I est� sempre estimulando-o a estudar, dando conselhos pol�ticos, mostrando qual caminho deveria seguir. O filho guardou essas cartas ao longo da vida e sempre as consultou. E ambos eram tamb�m muito ansiosos, apressados. Tinham muita coisa em comum”.

Com tend�ncia cosmopolita, o imperador viajou muito, dentro e fora do pa�s e se aproximou de intelectuais, pesquisadores e artistas estrangeiros, como o cientista franc�s Louis Pasteur (1822-1895) e o compositor alem�o Richard Wagner (1813-1883). “Foi ele tamb�m que trouxe o tel�grafo, o telefone e a fotografia para o Brasil. Era um cara antenado com tudo o que acontecia no mundo. Acho que o grande legado dele � o seu modelo de governo. Houve pouqu�ssimos como Dom Pedro II que colocaram o Brasil acima de tudo, dos partidos pol�ticos, ao ponto de nomear ministros republicanos pensando no melhor para todos. O foco sempre foi o pa�s”, diz Rezzutti.
 
(foto: Editora Leya/Reprodução)
(foto: Editora Leya/Reprodu��o)
 
Dom Pedro II – A hist�ria n�o contada. O �ltimo imperador do Novo Mundo revelado por cartas e documentos in�ditos
Paulo Rezzutti
LeYa (576 p�gs.)
R$ 69,90
Lan�amento do livro em Belo Horizonte nesta quinta-feira (5), �s 18h, na Livraria Leitura do P�tio Savassi (Av. do Contorno, 6.061, Savassi). �s 20h30, no Teatro I do CCBB (Pra�a da Liberdade, 450), o autor ministra palestra sobre a princesa Leopoldina. Entrada franca.

PERSONAGEM DE NOVELA

Dom Pedro II estar� na tela da Globo no primeiro semestre de 2020, quando estreia Nos tempos do imperador, na faixa das 18h. Com texto de Alessandro Marson e Thereza Falc�o, a novela � uma esp�cie de continua��o de Novo mundo (2017), dos mesmos autores e que abordou o primeiro reinado. O ator mineiro Selton Mello dar� vida ao protagonista. Let�cia Sabatella, Mariana Ximenes e Alexandre Nero tamb�m est�o no elenco.


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