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Estado de Minas 'ELE TEM QUE SAIR'

Protestos: 'Se opor a Bolsonaro � higiene moral', diz Lob�o, que apoiou presidente e hoje � a favor de manifesta��es

Cantor e compositor, que foi uma das principais vozes de apoio a Bolsonaro de 2018, hoje � a favor do impeachment do presidente. 'Tudo o que Bolsonaro toca vira merda, � virtuose na merda', diz o artista, que tamb�m n�o alivia para o PT e Lula.


03/07/2021 07:46 - atualizado 03/07/2021 09:50


Ex-eleitor de Bolsonaro, Lobão hoje se posiciona a favor do impeachment do presidente(foto: Divulgação)
Ex-eleitor de Bolsonaro, Lob�o hoje se posiciona a favor do impeachment do presidente (foto: Divulga��o)

 

Para o cantor e compositor Lob�o, que votou em Jair Bolsonaro e foi um dos artistas mais engajados na elei��o de 2018, o impeachment do presidente deveria ser a "prioridade zero" do Brasil no momento.

Segundo ele, o governo federal � uma "virtuose na merda" e se opor a ele � uma quest�o de "higiene moral".

"Chegou uma hora em que a gente precisa tirar esse cara. Ele tem que sair de qualquer jeito", disse, em entrevista � BBC News Brasil, por telefone.

Nos �ltimos dias, Lob�o est� produzindo um novo disco triplo, a ser lan�ado nos pr�ximos meses. J� em sua conta no Twitter ele tem compartilhado diversas mensagens de apoio �s manifesta��es que pedem a sa�da do presidente. Segundo a organiza��o, est�o previstos atos em mais de 160 cidades do Brasil neste s�bado (3/7), al�m de dezenas no exterior.

Partidos e movimentos de centro-direita ou direita, como o PSDB e o Movimento Brasil Livre (MBL), n�o devem participar das manifesta��es. Nesta semana, parlamentares de esquerda e de direita, como Gleisi Hoffmann (PT) e Kim Kataguiri (DEM), se uniram para apresentar um novo pedido de impeachment contra o mandat�rio.

Dessa vez, o pedido imputa a Bolsonaro 23 crimes previstos na lei 1.079/50, conhecida como Lei do Impeachment. Entre eles, cometer ato de hostilidade contra na��o estrangeira, tentar dissolver o Congresso Nacional, atrapalhar investiga��es, violar o direito � vida dos cidad�os na pandemia, incitar militares � desobedi�ncia � lei e n�o agir contra subordinados que agem ilegalmente.

At� o momento, o presidente Jair Bolsonaro tem minimizado os atos contra si e participado de atos pr�-governo, como demonstra��o de for�a. Em sua live mais recente, em 1° de julho, ele ironizou o "superimpeachment". "Quem n�o tem o que fazer fica tentando atrapalhar a vida de quem produz", declarou.

J� Lob�o afirma que apoia os protestos deste s�bado, mas n�o vai comparecer por receio de se infectar com a covid. "N�o vou porque tomei s� uma dose da vacina. A m�e da minha mulher est� morando com a gente. N�o posso bobear. Quando eu tomar a segunda dose, ainda vou sair de casa com todo o cuidado. Mas agora n�o vou sair, n�o."

Ele diz acreditar que esquerda e direita podem caminhar lado a lado em manifesta��es, embora haja "ressentimentos e acusa��es de ambos os lados".

Para o artista, Bolsonaro "n�o fez nada de bom desde que entrou". "O simples fato de esse cara andar na rua sem m�scara, tirando m�scara de crian�a, j� � motivo (para impeachment). Ele � o presidente da Rep�blica de um pa�s com 500 mil mortos na pandemia, e ele d� esse exemplo todos os dias na televis�o. Isso j� � criminoso por si s�, � genocida por si s�", afirma.

O compositor conta ter falado em impeachment de Bolsonaro ainda em abril de 2019, quando o governo estava em seus primeiros meses. "Desde a primeira semana eles est�o pisando na bola, falando em golpe de Estado, fazendo coisas absurdas todo dia, toda hora. � um abuso de poder", diz.

Lob�o faz parte de um grupo de artistas e influenciadores que apoiou ou sinalizou voto em Bolsonaro, mas hoje mudou de lado e se posiciona contra sua gest�o, como o comediante Danilo Gentili, o ator e deputado federal Alexandre Frota (PSDB) e o apresentador Luciano Huck, da TV Globo.

O compositor justifica seu apoio dizendo que "n�o havia alternativa" na �poca, que n�o a "retirada do PT do Presid�ncia".

"O Brasil queria se ver livre do PT, n�o tinha mais altern�ncia de poder. Ele se aliou com o que h� de pior na pol�tica, in�meros casos de corrup��o. Ele foi correspons�vel pelo chavismo na Venezuela, e iria dar um golpe", acusa. "A gente sabia que o Bolsonaro era o que ele �. Mas achava que uma fac��o liberal e o Ex�rcito, que tinha um prest�gio de 30 anos depois da ditadura e pessoas esclarecidas, poderiam segurar o cara. Mas n�o deu", diz.

N�o � a primeira vez que Lob�o apoia a sa�da de um presidente. Em 1992, foi a favor do impedimento de Fernando Collor e, em 2016, foi uma das vozes p�blicas que pediram o afastamento da petista Dilma Rousseff.


Protestos contra Bolsonaro ocorrerão em mais de 160 cidades do país, segundo organizadores(foto: Reuters)
Protestos contra Bolsonaro ocorrer�o em mais de 160 cidades do pa�s, segundo organizadores (foto: Reuters)

Na �poca, ele discursou em protestos comandados por movimentos como MBL e Vem Pra Rua.

"Para mim, o que Bolsonaro est� fazendo supera em muito em gravidade o que os outros dois fizeram. H� uma cole��o de crimes. O �ltimo � essa den�ncia de superfaturamento de vacina", diz, em refer�ncia �s suspeitas de cobran�a de propina para compra de vacinas Covaxin pelo Minist�rio da Sa�de.

Durante os governos petistas, o cantor se posicionou fortemente contra o PT, chamando o ex-presidente Lula de "ladr�o e psicopata".

Para as elei��es do pr�ximo ano, ele tamb�m refuta qualquer possibilidade de votar no ex-metal�rgico, mesmo em um poss�vel segundo turno entre Lula e Bolsonaro.

"Vou me abster. N�o voto em nenhum dos dois. Infelizmente, no Brasil o voto � negativo. A gente vota em um para que o outro, pior, n�o ganhe. Precisamos de um presidente em que a gente possa sair na rua e n�o haja um clima de semi-guerra civil entre as pessoas", diz Lob�o, que ainda acredita em uma poss�vel terceira via para disputar a Presid�ncia.

A mudan�a de postura em rela��o a Bolsonaro dificultou a rela��o do compositor com amigos que continuam seguindo o mandat�rio, como o m�sico Roger Moreira, l�der da banda Ultraje a Rigor, um dos mais fi�is defensores do bolsonarismo nas redes sociais.

"N�o falo mais com quem continua com Bolsonaro. Roger era um parceiro de 40 anos. Mas dei um block nele", conta Lob�o.

"Quem � Bolsonaro hoje em dia tem uma quest�o de higiene moral, n�o consigo nem falar. N�o tenho o menor tipo de aproxima��o. Voc� n�o precisa ser um g�nio para perceber o que est� acontecendo no Brasil. � um acinte, um estupro, uma viol�ncia. Bolsonaro n�o fez nada de bom, tudo o que ele toca vira merda, � uma virtuose na merda", diz.

Durante a pandemia, Lob�o perdeu 90% de sua renda, que vinha essencialmente dos shows. "Fico mais preocupado com os m�sicos que trabalham comigo, que dependem muito dos shows. Sou um eremita, fico muito em casa, compondo e tocando", diz.

Nos �ltimos meses, o artista de 63 anos tem se dedicado a produzir um novo disco triplo, Can��es de Quarentena, que ser� lan�ado em vinil em breve.

De tempos em tempos, o cantor lan�a na internet uma das faixas do �lbum, sempre uma vers�o dele para m�sicas que marcaram sua vida, como Gita, de Raul Seixas, e Disparada, de Geraldo Vandr�.

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O que � uma CPI?

As comiss�es parlamentares de inqu�rito (CPIs) s�o instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relev�ncia ligado � vida econ�mica, social ou legal do pa�s, de um estado ou de um munic�pio. Embora tenham poderes de Justi�a e uma s�rie de prerrogativas, comit�s do tipo n�o podem estabelecer condena��es a pessoas.

Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um ter�o dos 81 parlamentares. Na C�mara dos Deputados, tamb�m � preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).

H� a possibilidade de criar comiss�es parlamentares mistas de inqu�rito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, � preciso obter assinaturas de um ter�o dos integrantes das duas casas legislativas que comp�em o Congresso Nacional.

O que a CPI da COVID investiga?


O presidente do colegiado � Omar Aziz (PSD-AM). O alagoano Renan Calheiros (MDB) � o relator. O prazo inicial de trabalho s�o 90 dias, podendo esse per�odo ser prorrogado por mais 90 dias.



Saiba como funciona uma CPI

Ap�s a coleta de assinaturas, o pedido de CPI � apresentado ao presidente da respectiva casa Legislativa. O grupo � oficialmente criado ap�s a leitura em sess�o plen�ria do requerimento que justifica a abertura de inqu�rito. Os integrantes da comiss�o s�o definidos levando em considera��o a proporcionalidade partid�ria — as legendas ou blocos parlamentares com mais representantes arrebatam mais assentos. As lideran�as de cada agremia��o s�o respons�veis por indicar os componentes.

Na primeira reuni�o do colegiado, os componentes elegem presidente e vice. Cabe ao presidente a tarefa de escolher o relator da CPI. O ocupante do posto � respons�vel por conduzir as investiga��es e apresentar o cronograma de trabalho. Ele precisa escrever o relat�rio final do inqu�rito, contendo as conclus�es obtidas ao longo dos trabalhos. 

Em determinados casos, o texto pode ter recomenda��es para evitar que as ilicitudes apuradas n�o voltem a ocorrer, como projetos de lei. O documento deve ser encaminhado a �rg�os como o Minist�rio P�blico e a Advocacia-Geral da Uni�o (AGE), na esfera federal.

Conforme as investiga��es avan�am, o relator come�a a aprimorar a linha de investiga��o a ser seguida. No Congresso, sub-relatores podem ser designados para agilizar o processo.

As CPIs precisam terminar em prazo pr�-fixado, embora possam ser prorrogadas por mais um per�odo, se houver aval de parte dos parlamentares

O que a CPI pode fazer?

  • chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
  • convocar suspeitos para prestar depoimentos (h� direito ao sil�ncio)
  • executar pris�es em caso de flagrante
  • solicitar documentos e informa��es a �rg�os ligados � administra��o p�blica
  • convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secret�rios, no caso de CPIs estaduais — para depor
  • ir a qualquer ponto do pa�s — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audi�ncias e dilig�ncias
  • quebrar sigilos fiscais, banc�rios e de dados se houver fundamenta��o
  • solicitar a colabora��o de servidores de outros poderes
  • elaborar relat�rio final contendo conclus�es obtidas pela investiga��o e recomenda��es para evitar novas ocorr�ncias como a apurada
  • pedir buscas e apreens�es (exceto a domic�lios)
  • solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados

O que a CPI n�o pode fazer?

Embora tenham poderes de Justi�a, as CPIs n�o podem:

  • julgar ou punir investigados
  • autorizar grampos telef�nicos
  • solicitar pris�es preventivas ou outras medidas cautelares
  • declarar a indisponibilidade de bens
  • autorizar buscas e apreens�es em domic�lios
  • impedir que advogados de depoentes compare�am �s oitivas e acessem
  • documentos relativos � CPI
  • determinar a apreens�o de passaportes

A hist�ria das CPIs no Brasil

A primeira Constitui��o Federal a prever a possibilidade de CPI foi editada em 1934, mas dava tal prerrogativa apenas � C�mara dos Deputados. Treze anos depois, o Senado tamb�m passou a poder instaurar investiga��es. Em 1967, as CPMIs passaram a ser previstas.

Segundo a C�mara dos Deputados, a primeira CPI instalada pelo Legislativo federal brasileiro come�ou a funcionar em 1935, para investigar as condi��es de vida dos trabalhadores do campo e das cidades. No Senado, comit� similar foi criado em 1952, quando a preocupa��o era a situa��o da ind�stria de com�rcio e cimento.

As CPIs ganharam estofo e passaram a ser recorrentes a partir de 1988, quando nova Constitui��o foi redigida. O texto m�ximo da na��o passou a atribuir poderes de Justi�a a grupos investigativos formados por parlamentares.

CPIs famosas no Brasil

1975: CPI do Mobral (Senado) - investigar a atua��o do sistema de alfabetiza��o adotado pelo governo militar

1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor

1993: CPI dos An�es do Or�amento (C�mara) - apurou desvios do Or�amento da Uni�o

2000: CPIs do Futebol - (Senado e C�mara, separadamente) - rela��es entre CBF, clubes e patrocinadores

2001: CPI do Pre�o do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formula��o dos valores

2005: CPMI dos Correios - investigar den�ncias de corrup��o na empresa estatal

2005: CPMI do Mensal�o - apurar poss�veis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo

2006: CPI dos Bingos (C�mara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro

2006: CPI dos Sanguessugas (C�mara) - apurou poss�vel desvio de verbas destinadas � Sa�de

2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar poss�vel corrup��o na estatal de petr�leo

2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comit� organizador da Copa do Mundo de 2014

2019: CPMI das Fake News - dissemina��o de not�cias falsas na disputa eleitoral de 2018

2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do C�rrego do Feij�o


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