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Estado de Minas LIVRO

Especial 'Di�rio da quarentena' ganha edi��o em livro

Cr�nicas sobre a pandemia publicadas por 39 autores na coluna HIT e ilustradas por Quinho e Lelis saem em volume da Astrol�bio Edi��es


20/07/2021 04:00 - atualizado 21/07/2021 11:51

(foto: Lélis)
(foto: L�lis)

Todos os n�meros ligados � pandemia s�o assustadores. A come�ar pelos mortos, que, s� no Brasil, ultrapassam meio milh�o. Se colocarmos na conta o n�mero de vezes em que as ofertas de venda de vacina foram recusadas pelo governo federal, a� a indigna��o cresce em progress�o geom�trica. 

Na p�gina 3 deste caderno Cultura, a pandemia tamb�m deixou sua marca em n�meros. Em oito meses, de mar�o a outubro do ano passado, sem faltar nem um dia sequer, 210 personalidades, entre m�sicos, atores, diretores, dramaturgos, estudantes e empres�rios, se uniram nas cr�nicas do "Di�rio da Quarentena", edi��o especial da Coluna Hit. Com o tempo e sem pretens�o, o espa�o se tornou um registro hist�rico e importante de dois longos semestres do ano passado. 

Novamente, os n�meros chamam a aten��o. Sete meses depois do fim do di�rio, mais de 40 e-mails trocados com a Astrol�bio Edi��es at� o ‘OK’ com o arquivo final dos textos e o projeto gr�fico da Greco Design, o Di�rio chega �s livrarias, rebatizado como  “Di�logos da pandemia”. 



Com o selo Astrol�bio Edi��es, em 256 p�ginas est�o reunidas 40 cr�nicas com temas que variam das surpresas e descobertas da vida em isolamento � forma de distrair os filhos trancados em casa, sem esquecer  a preocupa��o com os amigos infectados pelo v�rus e, claro, o humor com a forma de encarar as tarefas dom�sticas. Nada escapou ao olhar dos meus 210 autores favoritos.


HOME OFFICE 

A mem�ria daquela segunda-feira, 16 de mar�o de 2020, �ltimo dia em que pisamos no pr�dio da Avenida Get�lio Vargas, onde fica a sede do Estado de Minas, mant�m-se fresca. Com a pandemia decretada no pa�s, as empresas se organizaram para o ent�o desconhecido home office. Na Reda��o n�o foi diferente.

Em uma reuni�o do setor, a editora deste caderno, Silvana Arantes, nos colocou a par da situa��o. Enquanto ela falava, minha preocupa��o era entender como me organizar e me preparar para ligar meu computador em casa. Afinal, o espa�o que ocupo nesta p�gina 3 cobre, h� ininterruptos 17 anos, festas e eventos culturais que, naquela altura do campeonato, j� estavam sendo cancelados, um depois do outro.

O jornalista Helvécio Carlos convidou 210 personalidades para escrever o
O jornalista Helv�cio Carlos convidou 210 personalidades para escrever o "Di�rio da Quarentena" no espa�o de sua coluna no Estado de Minas, a partir do in�cio da pandemia (foto: Fl�vio de Castro/ Toujours Fotografia/Divulga��o)


Para aliviar o estresse, um caf� foi a salva��o. Entre um gole e outro, um telefonema e bingo: que tal uma sequ�ncia de cartas escritas de um amigo para outro com as emo��es provocadas por uma situa��o que ningu�m tinha no��o do que se tratava? OK. Legal para os pr�ximos oito dias, at� que voltemos ao normal, pensei, em um momento da mais pura ingenuidade.

Uma semana depois, a certeza que t�nhamos era de que n�o haveria data certa de volta ao trabalho presencial. Adeus almo�os corridos nos restaurantes do outro lado da Get�lio Vargas, adeus aos nossos bol�es lot�ricos na Reda��o e, o mais lament�vel, adeus ao dia a dia com colegas com quem, nos �ltimos anos, pela jornada de trabalho, convivemos mais tempo do que com membros das nossas fam�lias.   
 
O formato de cartas n�o rendeu mais de duas. Limitava muito a rela��o dos convidados, que teriam que, obrigatoriamente, ter uma certa rela��o de intimidade exigida pelas correspond�ncias. Foi quando veio, em um estalo, a ideia das cr�nicas.  

Os n�meros da pandemia continuam assustadores. Estamos h� 15 meses, vejam que loucura, sem p�r os p�s na Reda��o. Sem ver os colegas, sem as reuni�es de pauta, sem as piadas, as brincadeiras, sem ver, mesmo que de soslaio, os jogos ou o notici�rio pelos televisores espalhados pela Reda��o. 

Tranquei o apartamento em Belo Horizonte, peguei a estrada e, de volta � casa de minha m�e, em Sete Lagoas, abri um arquivo no Excell. Ali comecei a montar minha tabela com os nomes de convidados e as datas para publica��o dos textos. Mas eu queria mais. J� que a solu��o para a pandemia era esperar passar, o jeito era incrementar o Di�rio. Que tal dar vozes aos textos? E por que n�o levar o que estava no papel para o v�deo? Com todo mundo naquela �poca em casa, a divers�o passava obrigatoriamente pelas telas do computador e do celular.   

Funcionou, e muito bem, da seguinte forma: o texto publicado seria lido pelo autor da cr�nica do dia seguinte. Legal? Super! Mas eu ainda tinha a certeza de que poderia colocar a cereja no bolo. Foi a� que veio a ideia de convidar atores para participa��es especial�ssimas, dando a sua leitura para as cr�nicas. 

Os textos de Edmundo Novais, do cartunista Lor, de Mauro Alvim e de Eduardo Moreira, lidos, respectivamente, por Ant�nio Fagundes, Jefferson Schredoer e Angela Vieira e Dira Paes, ganharam um destaque ainda maior.

Para o dramaturgo Edmundo Novaes, o livro � memorial. “Tem uma metodologia excelentemente bem-elaborada”, disse, em refer�ncia � ideia de juntar pessoas para falar desse momento que ainda estamos vivendo, sem precedentes na hist�ria. “Mas, a partir dessa metodologia, a ideia foi subvertida pela viv�ncia, pelo memorial, que oferece � ideia aspectos humanos profundos de ineg�vel qualidade narrativa, que � definida pelo pr�prio autor.”

Sobre a leitura de seu texto, “Nem se fosse um filme”, feita por Antonio Fagundes, Edmundo diz que, al�m de surpreendente, foi emocionante. “Fagundes � um colosso, um portento.”

Mauro Alvim acrescenta: “De fato, � um per�odo hist�rico que n�o deve ser esquecido para que o povo veja o quanto somos vulner�veis. Enfim, de que valem os preconceitos, o esnobismo, o orgulho, sabendo que vivemos como que num campo minado? Espero que o povo tire a conclus�o e jamais se esque�a de que ningu�m � melhor do que ningu�m”, afirma o autor de “Bom dia”, cr�nica que mostra um casal �s turras logo no caf� da manh�. “O livro traz um recorte muito relevante de um momento bem singular da nossa hist�ria. As cr�nicas ali reunidas traduzem como percebemos e lidamos com este per�odo de incertezas pelo vi�s da arte, sobre o papel da arte em tempos t�o estranhos”, afirma o rapper Roger Deff, autor do texto “Arte e palavra nos dias de isolamento”. “E o mais interessante � saber que s�o relatos feitos bem no olho do furac�o, quando ningu�m sabia como n�s, enquanto sociedade, reagir�amos a tudo o que estava acontecendo. Agora h� alguma luz no horizonte, e v�rias leituras poder�o ser feitas a dist�ncia daquele turbilh�o, mas as impress�es registradas por v�rios olhares no momento s�o contribui��es muito importantes.”

LER � VIVER 

Parte da renda obtida com as vendas do livro “Di�logos da pandemia” ser� destinada ao projeto Ler � Viver, que neste 2021 completa 15 anos. A��o do Instituto Gil Nogueira (IGN) para o combate ao analfabetismo funcional, o projeto j� atingiu 63 mil alunos e distribuiu 1,3 milh�o de livros em 60 escolas das redes p�blica estadual e municipal. 

“A leitura vem antes do aprendizado”, afirma Patr�cia Nogueira, presidente do Instituto Gil Nogueira.

Antes da pandemia, as escolas selecionadas pelo IGN recebiam livros entregues aos alunos, que deveriam se comprometer a ler e interpretar as obras durante o ano. Os melhores eram premiados com medalhas.

Patr�cia cita que algumas hist�rias d�o orgulho ao projeto. Como o ano em que um estudante foi salvo de ser expulso da escola gra�as ao apoio de uma professora, que pediu um prazo � dire��o para tentar ajud�-lo. “E foi uma surpresa quando o nome dele foi anunciado com o primeiro lugar e medalha de ouro. Todos que estavam na escola choraram de emo��o”, recorda Patr�cia. 

Para ela, o projeto, al�m de oferecer autoestima �s crian�as, tamb�m d� aos estudantes de escolas p�blicas acesso a bons livros. Todo o trabalho � acompanhado dentro de um crit�rio rigoroso de avalia��o.  Com a pandemia, as a��es foram virtuais, e a premia��o dos tr�s colocados ser� nesta ter�a-feira (20/07), na sede do IGN. 

“Di�logos da pandemia”

Organiza��o: Helv�cio Carlos
Astrol�bio Edi��es (256 p�gs.) 
Colet�nea de cr�nicas de 39 autores Ilustra��es: L�lis e Quinho 
R$ 35,10


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