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Estado de Minas PR�MIO

Abdulrazak Gurnah, da Tanz�nia, vence o Nobel de Literatura 2021

A escolha do escritor anticolonialista e professor de literatura inglesa confirma a tend�ncia da Academia Sueca em reconhecer autores de pa�ses perif�ricos


07/10/2021 17:48 - atualizado 07/10/2021 18:11

Abdulrazak Gurnah
Abdulrazak Gurnah, da Tanz�nia, vence o Nobel de Literatura 2021 (foto: AFP/Reprodu��o )
Abdulrazak Gurnah, professor de literatura inglesa na Universidade de Kent, no Reino Unido, disse que o Nobel indica um reconhecimento � import�ncia do debate sobre a quest�o migrat�ria, foco principal de sua obra. Ele pediu � Europa “outro olhar” em rela��o aos imigrantes africanos

"Quero apenas escrever com a maior veracidade poss�vel e tentar dizer algo nobre." Com esse declarado objetivo em sua carreira de escritor, o tanzaniano Abdulrazak Gurnah teve seu talento reconhecido com o Nobel de Literatura, anunciado nesta quinta-feira (7/10) pela Academia Sueca. 

Nascido em Zanzibar, em 1948, Gurnah come�ou a escrever ap�s sua mudan�a para o Reino Unido, onde foi estudar, aos 21 anos, no fim dos anos 1960. "Comecei a escrever casualmente, com uma certa ang�stia, sem um plano em mente, mas com pressa e vontade de dizer algo mais", disse ele em entrevista ao di�rio brit�nico “The Guardian”.  "Em grande medida, teve rela��o com a sensa��o esmagadora de estranheza e diferen�a que senti ali (Londres)."

Seu primeiro romance, "Memory of departure", s� foi publicado quase 20 anos depois, em 1987. Em seguida vieram "Pilgrims way" (1988) e "Dottie" (1990). Os tr�s livros falam sobre as experi�ncias dos imigrantes no Reino Unido daquela �poca.

A aclama��o por parte da cr�tica veio com seu quarto romance, "Paradise" (1994), ambientado no Leste da �frica colonial durante a Primeira Guerra Mundial e que foi finalista do Booker Prize brit�nico.  

Em "Admiring silence" (1996), ele narra a hist�ria de um jovem que retorna a Zanzibar 20 anos depois da mudan�a para a Inglaterra, onde se casou com uma brit�nica e trabalhou como professor.

Embora a Academia o situe na tradi��o liter�ria de l�ngua inglesa, "� necess�rio destacar que rompe conscientemente com as conven��es, transformando a perspectiva colonial para valorizar as popula��es locais", afirmou o j�ri do Nobel.

Sua obra se afasta das "descri��es de estere�tipos e abre o nosso olhar para um Leste da �frica culturalmente diverso, que n�o � bem conhecido em muitas partes do mundo", completou.

Apelo


Em sua primeira entrevista � Funda��o Nobel ap�s o an�ncio do pr�mio, Gurnah fez um apelo � Europa para que mude sua vis�o a respeito dos refugiados da �frica e reconhe�a que "eles t�m algo a oferecer". O escritor apontou que os migrantes "n�o chegam com as m�os vazias" e ressaltou que s�o "pessoas com talento e energia".

"Percebo que a Academia (Sueca) escolheu destacar esses temas que est�o presentes em toda a minha obra, � importante abord�-los e falar deles", disse tamb�m � ag�ncia de not�cias brit�nica PA.

As obras de Gurnah s�o "dominadas pelas quest�es de identidade e deslocamento, e como estas s�o moldadas pelos legados do colonialismo e da escravid�o", escreveu o acad�mico Luca Prono no site do British Council, organismo p�blico que promove a cultura brit�nica.

"Todos os relatos de Gurnah se baseiam no impacto que emigrar para um novo contexto geogr�fico e social tem na identidade de seus personagens", destacou.

"As quest�es que apresento n�o s�o novas", reconheceu o escritor ao “Guardian”, ao comentar seu trabalho. "Mas se n�o s�o novas, s�o fortemente influenciadas pelo particular, pelo imperialismo, pelo deslocamento, pelas realidades do nosso tempo. E uma das realidades do nosso tempo � o deslocamento de tantos estrangeiros para a Europa". 

Em 2001, com "By the sea", Gurnah voltou a abordar o tema com a hist�ria de Saleh Omar, um demandante de asilo que acaba de chegar ao Reino Unido. Suas �ltimas obras incluem "Desertion" (2005) e "The last gift" (2011), que a revista “Publishers Weekly” descreveu como um "romance inquietante, com uma trama s�lida, com reflex�es poderosas sobre a mortalidade, o peso da mem�ria e a luta para estabelecer uma identidade p�s-colonial". 

Professor 


O romance mais recente de Gurnah, "Afterlives", foi lan�ado no ano passado e conta a hist�ria de um menino que foi vendido �s tropas coloniais alem�s. O escritor se aposentou recentemente como professor de Literatura Inglesa e P�s-Colonial na Universidade de Kent e vive em Brighton, Sul da Inglaterra. Ele � reconhecido como um grande especialista na obra do Nobel de Literatura nigeriano Wole Soyinka e do queniano Ngugi wa Thiong'o. Este �ltimo era apontado como um dos favoritos este ano.

Bashir Abu-Manneh, chefe do departamento de literatura inglesa, destacou sua "luta pela voz individual, pela justi�a, por se sentir em casa em um mundo que sempre muda". Afirmou ainda que "ningu�m que escreve hoje em dia articulou t�o bem as dores do ex�lio e as recompensas do pertencimento. Canterbury e Kent s�o, por sua vez, seu ex�lio e seu lar".

Tanz�nia Comemora 


O governo da Tanz�nia saudou a concess�o do Nobel de Literatura a Abdulrazak Gurnah e considerou que se trata de "uma vit�ria" para a Tanz�nia e o continente africano. "Sem d�vida, voc� fez justi�a � sua profiss�o; sua vit�ria � tamb�m da Tanz�nia e da �frica", escreveu no Twitter o porta-voz do governo tanzaniano. Gurnah � o primeiro autor africano a ser laureado com o maior pr�mio liter�rio desde 2003 e o quinto na hist�ria. � tamb�m o primeiro autor negro africano a vencer o pr�mio mais importante da literatura mundial desde o nigeriano Wole Soyinka, em 1986.



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