(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas LITERATURA

Bruna Kalil Othero defende a valoriza��o do legado modernista de Pagu

Escritora vai falar sobre o papel revolucion�rio de Patr�cia Galv�o, nesta quinta (23/3), em videopalestra promovida pela Academia Mineira de Letras


23/03/2022 04:00 - atualizado 23/03/2022 00:12

Escritora Patrícia Galvão, a Pagu, sorri, atrás de Oswald de Andrade, que está sentado. Rudá, filho deles, está sentado no ombro do pai
Mulher � frente de seu tempo, Pagu influenciou Oswald de Andrade, com quem teve o filho Rud� (foto: Agir/reprodu��o)

Poeta, pesquisadora e professora mineira, Bruna Kalil Othero acredita ter uma “d�vida pessoal” com Patr�cia Galv�o, a Pagu (1910-1962). Durante sua gradua��o e mestrado na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bruna foi a fundo na obra dos modernistas, chegando a publicar o livro de poemas “Oswald pede a Tarsila que lave suas cuecas” (2019), com o qual ganhou o pr�mio 100 Anos da Semana de Arte Moderna (2018), �ltima premia��o do Minist�rio da Cultura antes de sua extin��o. Pagu, at� ent�o, n�o havia recebido a devida aten��o.

H� oito meses vivendo em Bloomington, nos Estados Unidos, onde cursa doutorado na Indiana University, Bruna se impressionou com a proje��o da obra da escritora, tradutora, desenhista e militante comunista no meio acad�mico norte-americano.

“Eu j� conhecia a obra dela, que li na gradua��o. Mas na UFMG, onde foi toda a minha forma��o, o modernismo � muito focado nos homens. No geral, a literatura brasileira fala sempre nos mesmos nomes, ent�o resolvi fazer uma pesquisa diferente”, conta.
 

IDENTIDADE BRASILEIRA

Sua pesquisa de doutorado ser� sobre a identidade nacional em alguns momentos da literatura brasileira: o Romantismo, o Modernismo e a produ��o contempor�nea. Pagu ser� a �nfase do per�odo modernista. E � sobre ela e sua obra que Bruna conversa, nesta quinta-feira (24/3), com Rog�rio Faria Tavares, presidente da Academia Mineira de Letras. O encontro on-line ser� transmitido �s 11h no canal da institui��o no YouTube.

Em cenário que remete ao Modernismo, Bruna Kalil Othero sorri, comendo banana, segurando uma escada. No sofá ao lado, há um quadro de Tarsila Amaral. No chão, melancia, coco e limão
Bruna Kalil Othero diz que a literatura militante de Pagu n�o tem sua import�ncia devidamente reconhecida (foto: Mateus Lustosa/Est�dio Ventana/divulga��o)
“A vis�o da Pagu sobre a identidade nacional � diferente de outros modernistas. Ela transgride o projeto nacional que eles t�m, propondo algo distinto da proposta nacionalista de Oswald (com quem foi casada nos anos 1930 e teve seu primeiro filho, o cineasta Rud� de Andrade) e M�rio de Andrade. Para ela, o Brasil era um pa�s subdesenvolvido dentro do mundo capitalista. Ent�o, nossa identidade era ser pobre, dar suor para os ricos. Ela pensava sobre a luta de classes dentro do proletariado”, comenta Bruna.

Na conversa on-line, ela vai comentar  “Parque industrial” (1932), primeiro romance de Pagu, relan�ado em janeiro pela Companhia das Letras. “� o grande livro dela. O subt�tulo, ‘Romance prolet�rio’, � visto pela cr�tica como um aspecto negativo. Falam ‘� um romance bom, apesar de ser militante’. Minha leitura � justamente o contr�rio: � bom porque � militante. A proposta ideol�gica do livro faz parte da est�tica, d� for�a, fazendo com que seja totalmente interseccional. Pagu discute a opress�o de ra�a, de g�nero e de classe de uma maneira que n�o tinha sido feita antes na literatura brasileira. E ela ainda usa a est�tica vanguardista. O livro traz fragmentos, n�o tem linearidade. Lendo-o hoje em dia, voc� n�o acredita que � de 90 anos atr�s.”

''Para ela (Pagu), o Brasil era um pa�s subdesenvolvido dentro do mundo capitalista. Ent�o, nossa identidade era ser pobre, dar suor para os ricos''

Bruna Kalil Othero, pesquisadora e escritora


MATERNIDADE

A vida de Pagu, que n�o participou da Semana de 22, porque era pr�-adolescente na �poca, tamb�m estar� na pauta.

“Ela foi m�e, teve filhos, e escreveu sobre isso. � uma precursora de quest�es que s�o faladas hoje, de ‘amo meu filho, mas odeio ser m�e’. Chega um momento em que abandona o filho (Rud�; ela teve outro, o cr�tico Geraldo Galv�o Ferraz, conhecido como Kiko, com o segundo marido, Geraldo Ferraz) para viajar, militar. Ela n�o estava dando conta do lugar da m�e”, diz Bruna.

Os relacionamentos de Pagu tamb�m estar�o em pauta. “A cr�tica sempre associa seus livros aos maridos, como se ela fosse influenciada por eles, e n�o eles por ela. Claro que Oswald foi influenciado por ela”, finaliza Bruna.

PAGU

A pesquisadora e escritora Bruna Kalil Othero conversa com Rog�rio Faria Tavares sobre a obra de Patr�cia Galv�o, nesta quinta-feira (24/3), �s 11h, em Youtube.com/c/AcademiaMineiraDeLetras


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)