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Estado de Minas NEX No Extinction

Instituto de on�a da novela 'Pantanal' abriga felinos v�timas de inc�ndios e viol�ncia

O NEX � uma esp�cie de santu�rio sem fins lucrativos e cuida atualmente de 25 animais


22/04/2022 16:17 - atualizado 25/04/2022 09:04


Onça-pintada Ousado bebendo água em rio
Ousado chegou do Pantanal com queimaduras de segundo grau e depois foi solto em natureza (foto: Ailton Lara-NEX)

Logo em suas primeiras apari��es na nova vers�o da novela Pantanal, exibida pela rede Globo, a on�a-pintada Mat�, de tr�s anos, encantou quem acompanha a produ��o.

O animal foi encontrado com poucos meses de vida e levado ao NEX No Extinction, Instituto de Defesa e Preserva��o de quatro tipos de felinos selvagens criado em 2001, que permitiu e acompanhou a participa��o da on�a nas grava��es.

Para Daniela Gianni, coordenadora de projetos e filha dos fundadores do Instituto localizado em Corumb� de Goi�s, o sucesso medido pelos coment�rios do p�blico - e tamb�m pelos novos seguidores nas redes sociais do NEX - faz com que ela acredite que a miss�o tenha sido cumprida.

"Quando aceitei o convite da emissora, foi pensando em trazer evid�ncia para a on�a pintada. A gente n�o protege o que a gente n�o conhece, por isso queria que as pessoas pudessem ver, mesmo que pela tela, a beleza e a import�ncia dela. E alcancei esse objetivo."

O Brasil � o pa�s com a maior densidade populacional de on�as-pintadas do mundo. Os animais est�o presentes em todos os biomas brasileiros, com exce��o do Pampa, e apresentam caracter�sticas diversas de acordo com o ambiente onde vivem.

"Uma on�a-pintada da Caatinga, por exemplo, pelas condi��es clim�ticas que oferecem menos �gua e alimento, chega a pesar no m�ximo 45 quilos. J� no Pantanal, onde a fartura � maior, a on�a-pintada pode chegar a 135 quilos", explica Thiago Luczinski, veterin�rio do NEX.

Apesar da presen�a dos felinos no pa�s, eles s�o quase lendas para boa parte dos brasileiros, que, se n�o viram apenas por fotos, no m�ximo passaram pelo animal em um zool�gico.

E assim que deve ser, j� que o ser humano � o �nico predador da on�a-pintada, e por seus instintos selvagens e pr�pria seguran�a, ela deve se manter longe.

Mas a falta de familiaridade com o animal tamb�m pode afastar a popula��o de conhecer a situa��o de risco em que a esp�cie se encontra: queimadas, ca�adores, desmatamento e tr�fico de animais amea�am a vida da on�a-pintada no Brasil.

"Por isso a visibilidade � t�o importante e ajuda na conscientiza��o e na manuten��o do Instituto, que s� sobrevive por meio de doa��es", diz Gianni, complementando que o NEX hoje abriga 25 animais, entre on�as pintadas, pardas, jaguatiricas e jaguarundis, cada qual com um custo mensal de cerca de R$ 2.300.

Algumas on�as s�o 'humanizadas', mas nunca domesticadas

Mat� n�o foi escolhida para estrelar na novela por acaso. Pelo fato de ter sido encontrada ainda beb�, sozinha ap�s o assassinato de sua m�e, ela precisou de cuidados humanos constantes, e acabou se tornando o que os t�cnicos do Instituto chamam de "on�a humanizada".


Onça-pintada Amanaci com as patas enfaixadas
On�a-pintada Amanaci com as patas enfaixadas (foto: Ampara Animal)

"Geralmente, depois que o animal n�o precisa dessa assist�ncia, n�s o 'isolamos' de n�s e ele recupera seus instintos e agressividade. Mas com Mat� n�o foi assim, ela ficou mais dependente, e hoje n�o tem caracter�sticas comuns como soltar os esturros [o rugido da on�a] e tamb�m n�o mostra as garras", explica Gianni, complementando que a cena em que Mat� aparece com uma fei��o agressiva � uma montagem.

Para que as filmagens da novela fossem feitas em seguran�a, o animal foi acompanhado pela coordenadora de projetos, dois t�cnicos, tr�s veterin�rios, al�m de bombeiros e seguran�as na �rea, que tinham como objetivo impedir que outros animais se aproximassem.

Mas ainda que existam on�as de comportamento mais tranquilo, como Mat�, n�o quer dizer que � poss�vel transform�-las em pets.

"N�o concordamos com esse tipo de conduta. A on�a n�o tem como ser domesticada, ela pode ser condicionada, mas uma hora ou outra, pode acontecer um acidente. � um animal individualista e territorialista, que n�o aceita ser controlado", diz Gianni.

Como as on�as chegam e s�o cuidadas no Instituto

Os felinos que o NEX recebe s�o encaminhados pelo Ibama, ap�s consulta pr�via. Ficam abrigados, provisoriamente, nos diversos CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres) ou CRAS (Centro de Reabilita��o de Animais Silvestres) localizados em v�rios Estados do Brasil.

A depender do or�amento, espa�o e da situa��o do animal, o Instituto avalia se poder� receb�-lo. "N�s pedimos que os exames sejam feitos nos �rg�os ambientais para evitar casos de contamina��o e n�o colocar os outros em risco. De qualquer forma, todos os rec�m-chegados passam por quarentena", diz o veterin�rio.

Se o animal � aceito, os �rg�os de fiscalizam fazem visitas peri�dicas presenciais sem aviso pr�vio para checar as condi��es.

L�, os felinos t�m espa�os abertos e vastos para se exercitar, e s�o constantemente estimulados com as chamadas "atividades de enriquecimento ambiental".

"Um exemplo � em vez de dar um peda�o de carne para eles, o cuidador entra, espalha o cheiro do alimento no local e esconde, digamos, no fundo do lago. Assim o animal precisa ir atr�s dessa comida", aponta a coordenadora.


Amanaci com as patas enfaixadas
Amanaci com as patas enfaixadas durante recupera��o (foto: Policia Militar de Mato Grosso)

Em alguns casos, quando o animal tem sequelas, os profissionais do NEX fazem mudan�as para que ele se adapte.

"Temos aqui o Merlin, que levou um tiro na cabe�a e ficou cego. � o retrato do qu�o cruel o homem � capaz de ser. Precisamos reservar um local s� para ele, porque � mais vulner�vel e n�o consegue se defender. Outras mudan�as que fizemos foram instalar corrim�es para que ele se sinta mais seguro e criar um lago raso, porque on�as amam nadar, mas como � cego, poderia se afogar", diz Daniela Gianni.

Amanaci, uma on�a que teve as patas carbonizadas por um dos inc�ndios no Pantanal em 2020 � outra moradora que precisou de cuidados especiais. "A recomenda��o era eutan�sia, mas conseguimos salvar a vida dela", lembra.

Apesar de o intuito do NEX n�o ser a reprodu��o em cativeiro, como Amanaci nunca poder� voltar � natureza, os profissionais respons�veis pelo local permitiram a cruza dela com um macho que veio da mesma regi�o, para que gerassem um filhote com as caracter�sticas do bioma.

O Apoena, filhote do casal, j� nasceu e ser� treinado durante cerca de tr�s anos antes de ser solto no Pantanal.

Soltura dos animais na natureza

Gianni diz que o intuito � que o NEX fosse um local principalmente de pesquisa, mas a realidade do sofrimento desses felinos fez com que os planos mudassem. "Viramos abrigo desses animais que n�o podem voltar. N�o t�nhamos no��o que tantas precisariam disso."


Publicação de Next sobre onças-pintadas
No Instagram, perfil do Next compartilha parte da rotina de animais e acumula quase 100 mil seguidores (foto: Reprodu��o/Instagram)

Quando os felinos n�o t�m sequelas e s�o considerados aptos pelos profissionais a voltar � natureza, por manterem caracter�sticas como agressividade e capacidade de ca�ar, inicia-se um longo projeto visando a soltura deles na natureza, sempre no habitat de onde vieram.

Entre os requisitos na hora de encontrar o lugar ideal, est�o: 400 quil�metros quadrados de �rea n�o desmatada, sem comunidades ou fazendas pr�ximas e com presas em excesso

"� emocionante, especialmente quando vemos, por continuarmos monitorando o animal eletronicamente, que ele conseguiu reproduzir. � a cereja do bolo", diz o veterin�rio Thiago Luczinski.

De acordo com o profissional, se a on�a � humanizada, fica imposs�vel devolv�-la � natureza. "Ela precisa ter o ser humano como principal inimigo."

Gianni afirma que todos que participam do NEX adorariam fazer planos para projetos futuros, de expans�o e estudo, mas dependem da contribui��o da sociedade e por isso, o foco atual � apenas manter bem os animais que j� moram l�, com a ajuda da doa��o de pessoas e empresas.

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