Jacqueline Pitanguy lan�a o livro 'Feminismo no Brasil', esta noite, em BH
Obra traz depoimentos de mulheres que participaram da 'segunda onda' do movimento, a partir dos anos 1970. Autora estar� nesta ter�a (23/8) na Livraria Quixote
Feministas Branca Moreira Alves, Santinha Tavares e Rosangela Celem em passeata realizada no Rio de Janeiro, em 1989 (foto: Claudia Ferreira/divulga��o)
Entre o final dos anos 1960 e o in�cio dos 1970, Branca Moreira Alves e Jacqueline Pitanguy eram brasileiras que conheciam o mundo em lugares onde as coisas estavam realmente acontecendo. A primeira estudava hist�ria na Universidade da Calif�rnia, em Berkeley. A segunda cursava sociologia, no Chile – vivia no pa�s quando Salvador Allende foi eleito. Ambas tiveram contato com movimentos revolucion�rios, marxistas, pelos direitos civis.
“A quest�o da mulher n�o tinha a menor relev�ncia, n�o existia nada perto de feminismo no Chile. Fiquei feminista no Brasil”, diz Jacqueline. “Ningu�m sabia da exist�ncia de grupos sobre mulheres. At� que, um dia, caiu a ficha”, completa Branca.
Isso ocorreu partir de 1973, j� no Rio de Janeiro, quando as duas, com um grupo pequeno de mulheres, come�aram a se reunir para discutir quest�es, at� ent�o, � margem da luta contra a ditadura.
Cinquenta anos de luta
Branca e Jacqueline recuperam essa viv�ncia de 50 anos da luta pelos direitos das mulheres no livro “Feminismo no Brasil” (Bazar do Tempo). Nesta ter�a-feira (23/8), Jacqueline estar� em Belo Horizonte para lan�ar a obra, na Livraria Quixote.O encontro ter� debate da autora com a soci�loga e jornalista mineira Elizabeth Fleury, cofundadora do movimento Quem Ama N�o Mata.
� o segundo livro que Branca e Jacqueline escrevem em dupla. Em 1981, publicaram “O que � feminismo”. “Ali, ele era rec�m-nascido no Brasil, e o livro aborda o semin�rio (“Pesquisa sobre o papel e o comportamento da mulher brasileira”, realizado em 1975 na Associa��o Brasileira de Imprensa, considerado o marco inicial da segunda onda do feminismo no Brasil). Temos que entender que nossa gera��o n�o foi a primeira, houve os movimentos pelo sufr�gio (na primeira metade do s�culo 20) muit�ssimo organizados nos EUA, na Inglaterra e inclusive no Brasil”, conta Branca.
'� muito mais f�cil ser feminista hoje. Quando come�amos, o movimento estava ganhando legitimidade pol�tica. Nos primeiros anos, o feminismo era como alegoria de escola de samba, 'abre alas que eu quero passar'. Ao longo da hist�ria, houve feministas, mas eram vozes individuais. Ser feminista hoje est� fashion, tem mais aceita��o'
Jacqueline Pitanguy, soci�loga
Para o novo livro as autoras percorreram a trajet�ria da chamada segunda onda n�o s� a partir das pr�prias experi�ncias, como de outras companheiras, que concederam entrevistas. Entre elas est�o a escritora e integrante da Academia Brasileira de Letras Rosiska Darcy de Oliveira e a deputada federal Benedita da Silva, al�m de acad�micas e intelectuais atuantes em Belo Horizonte, como Celina Albano, Sandra Azeredo, Mirian Chrystus, Dinorah do Carmo e Elizabeth Fleury.
“Cada momento hist�rico tem a sua caracter�stica, � muito dif�cil analisar a atualidade sem fazer men��o ao tempo. � muito mais f�cil ser feminista hoje. Quando come�amos, o movimento estava ganhando legitimidade pol�tica. Nos primeiros anos, o feminismo era como alegoria de escola de samba, ‘abre alas que eu quero passar’. Ao longo da hist�ria, houve feministas, mas eram vozes individuais. Ser feminista hoje est� fashion, tem mais aceita��o, at� pelo momento pol�tico que o Brasil est� vivendo”, continua Jacqueline.
Se no per�odo inicial as refer�ncias vinham de fora – como a francesa Simone de Beauvoir e a norte-americana Betty Friedan –, a partir do momento em que o feminismo vai crescendo no pa�s ele passa a ter suas pr�prias vozes.
“O movimento feminista faz com que a academia teorize sobre ele. Mas � um movimento vivo, real, pol�tico, que vai inaugurar conceitos de g�nero, de direitos sexuais e reprodutivos”, continua Jacqueline.
De acordo com ela, para que o discurso fa�a sentido, ele deve refletir a realidade. Dessa maneira, vai adquirindo outros matizes no decorrer do tempo.
“Durante o per�odo da ditadura, o discurso feminista era de mulheres comprometidas com a redemocratiza��o, contra a viol�ncia do Estado e pela liberdade de imprensa. No final da d�cada de 1970, a arena pol�tica se torna mais complexa, ent�o h� a agenda ambientalista, o movimento negro vai adquirindo mais presen�a, assim como o LGBT. Hoje, a luta �, sobretudo, pela identidade de g�nero e pelo reconhecimento do racismo estrutural”, finaliza Jacqueline.
(foto: Bazar do Tempo/reprodu��o)
"FEMINISMO NO BRASIL – MEM�RIAS DE QUEM FEZ ACONTECER"
. De Branca Moreira Alves e Jacqueline Pitanguy
. Bazar do Tempo
. 352 p�ginas
. R$ 69
. O livro ser� lan�ado nesta ter�a (23/8), �s 18h, na Livraria Quixote, Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi. Haver� debate com Jacqueline Pitanguy e a soci�loga Elizabeth Fleury.
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