Mariana Peixoto

Lan�ado na Fran�a em janeiro de 2016, “Esperando Bojangles”, romance de estreia de Olivier Bourdeaut (no Brasil publicado pela Aut�ntica), foi um bestseller imediato em seu pa�s. Quatro meses ap�s o lan�amento, o livro j� havia alcan�ado 225 mil exemplares vendidos. Conseguiu o reconhecimento do p�blico, da cr�tica e venceu v�rios pr�mios liter�rios.
Diante de tal unanimidade, o cineasta R�gis Roinsard (“Os tradutores”, “A datil�grafa”) passou ao largo do fen�meno. “Sabe quando todo mundo est� falando de um filme e n�o te d� vontade de ver? Foi assim comigo com o livro”, diz ele, contando que v�rios produtores o procuraram insistindo para que ele adaptasse o livro para o cinema.
Estrelado por Romain Duris e Virginie Efira, “Esperando Bojangles”, que estreia nesta quinta-feira (3/11) nos cinemas, s� se tornou realidade ap�s muita insist�ncia, comenta Roinsard. Quando um produtor amigo ligou para ele emocionado contando que havia acabado de ler o romance, o cineasta deu o bra�o a torcer.
“Fiquei em l�grimas e quis entender por que o livro era capaz de fazer isto com as pessoas. Acabei me dando conta de que era uma hist�ria de amor incr�vel, muito cinematogr�fica, com uma montanha-russa de emo��es. Eu n�o tinha como n�o faz�-lo.”
Festa
No final dos anos 1950, no Sul da Fran�a, uma festa fabulosa est� acontecendo em uma mans�o. Georges Fouquet (Duris) � um simp�tico mit�mano, que encanta os rica�os do local com hist�rias fant�sticas, em que ele � sempre um her�i.
No meio do evento, ele se apaixona instantaneamente por Camille (Efira) que, al�m de linda, foge dos padr�es e faz o que quer, mesmo que por isso ganhe m� fama entre as jovens de sua idade. Quando suas mentiras s�o descobertas pelos convidados, Georges encontra em Camille uma t�bua de salva��o.
A paix�o, desenfreada, n�o diminui com o passar dos anos. Camille adora dan�ar, em especial a can��o “Mr. Bojangles” (no livro, ela ouve a vers�o do cl�ssico de Jerry Jeff Walker no registro de Nina Simone; para o filme, a can��o foi gravada pelo cantor e compositor australiano Marlon Williams).
Tempos depois, os dois, j� casados, vivem com o filho Gary (Solan Machado Graner) em um apartamento em Paris, que conta inclusive com uma �rvore ex�tica como quarto membro da fam�lia.
Georges j� compreendeu que Camille vive dois metros acima do ch�o. Oscila entre a depress�o e a euforia com muita const�ncia. Mas ele n�o arrefece: embarca nas fantasias extravagantes da mulher, como se a festa e, principalmente, a dan�a, n�o tivessem fim. Tudo para que ela se sinta bem, enquanto puder. A hist�ria vai para lugares tortuosos, entre a paix�o, o amor e a loucura, at� o desfecho, em um castelo da Espanha.
“Esperando Bojangles” inverte o t�pico conto de fadas. A narrativa come�a leve, com um clima de musical antigo, e vai ganhando densidade. “Foi um trabalho que exigiu muitas conversas com os atores, pois eu queria interpreta��es no fio da navalha”, afirma Roinsard.
O drama rom�ntico tamb�m encanta pelas loca��es e a dire��o de arte. Em cada um dos quatro cen�rios pelos quais a narrativa se desenrola, h� uma cor predominante. “� dif�cil saber o que j� estava apontado no livro e o que eu trouxe”, comenta Roinsard, dizendo que Olivier Bourdeaut foi algumas vezes ao set e os dois “ficavam questionando quem tinha colocado tal elemento na hist�ria”.
O �ltimo cen�rio, observa o diretor, diz muito sobre o tom da hist�ria e as motiva��es da adapta��o cinematogr�fica. “No livro, o castelo era uma mans�o. O autor, quando viu o local, achou at� que tinha sido meio t�mido no romance. � um castelo constru�do nos anos 1920, com estilo medieval, por um casal de americanos meio loucos que estavam apaixonados. Diante destes pontos em comum, d� para ver como os planetas se alinharam neste projeto”, afirma o diretor.
“ESPERANDO BOJANGLES”
(Fran�a, 2022, 124min., de R�gis Roinsard, com Romain Duris e Virginie Efira) – O filme estreia nesta quinta (3/11), no Ponteiro 3, �s 15h20, no Ponteio 4, �s 16h35 e 21h15 e no UNA Cine Belas Artes.