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Estado de Minas LITERATURA

Autora mineira Cidinha da Silva lan�a edi��o ampliada de "Exuzilhar"

Defensora da cr�nica, escritora destaca em seu livro o legado dos negros por meio de Itamar Assump��o, Elza Soares, Marku Ribas e M�e Stella de Ox�ssi


06/12/2022 04:00 - atualizado 05/12/2022 22:50

Usando óculos, escritora Cidinha da Silva sorri
Cidinha da Silva diz que sua escrita tem o movimento da ginga e do fluxo das �guas (foto: Acervo pessoal)

“Quando o mundo quiser de voc� a mediocridade, conv�m ouvir Itamar Assump��o. O preto velho e s�bio aparece como lenitivo para esse tipo de agress�o”, escreve Cidinha da Silva em uma das cr�nicas de “Exuzilhar”.

A autora continua o texto sobre o compositor e cantor, que morreu em 2003. “Quando propuserem brincar de casinha, enquanto voc� quer construir casa com funda��o e alicerce para crescer rumo aos c�us, conv�m desenhar a planta sob supervis�o de Itamar, um gigante na arquitetura da palavra.”

Arquitetura da palavra

Com 20 livros publicados, entre cr�nicas, contos, textos para teatro e hist�rias voltadas ao p�blico infantojuvenil, a mineira radicada em S�o Paulo tamb�m tem se esmerado na “arquitetura da palavra”.

Cidinha acaba de lan�ar a vers�o ampliada de “Exuzilhar”, livro publicado originalmente em 2019 e que sai agora com 10 cr�nicas a mais.

Nascida em Belo Horizonte, em 1967, Cidinha se deu conta do �mpeto para escrever suas pr�prias hist�rias na passagem dos 10 para os 11 anos, quando cursava a quinta s�rie. Formada em hist�ria pela Universidade Federal de Minas Gerais, publicou sua primeira obra de literatura, “Cada tridente em seu lugar e outras cr�nicas”, em 2006, aos 39 anos.
 

''Tenho um carinho grande pelas cr�nicas, mas os contos me desafiam mais''

Cidinha da Silva, escritora

 

Lan�ado h� tr�s anos, “Um Exu em Nova York” venceu o pr�mio da Biblioteca Nacional na categoria conto. “Transito tranquilamente entre os g�neros, sempre atendendo ao que o texto me pede, ao formato que ele quer ter. Tenho um carinho grande pelas cr�nicas, mas os contos me desafiam mais”, diz.

Na bibliografia de Cidinha, alguns aspectos sobressaem, como a presen�a da espiritualidade de matriz africana, a exalta��o da cultura negra no Brasil e a observa��o atenta da desigualdade de ra�a e de g�nero. Em rela��o ao estilo, a capacidade de concis�o se destaca, assim como a prosa com um acento l�rico.

Todo esse pacote est� representado, em maior ou menor grau, no t�tulo do livro. “'Exuzilhar' n�o � um conceito, � apenas um verboneologismo criado a partir de uma brincadeira com os nomes Exu e encruzilhada”, ela escreve. “'Exuzilhar' � um jeito de corpo que me ajuda a construir o movimento da minha escrita, num fluxo de �guas e ginga.”

Cidinha une mem�rias de sua conviv�ncia com figuras simb�licas da negritude no pa�s e coment�rios sobre a relev�ncia dessas pessoas. Al�m de Itamar, surgem a ialorix� M�e Stella de Ox�ssi, a cantora Elza Soares, o core�grafo e dan�arino Ismael Ivo, e os compositores Luiz Carlos da Vila e Marku Ribas.

Sueli Carneiro, fil�sofa e fundadora da ONG Geled�s – Instituto da Mulher Negra, � tema de uma das suas cr�nicas. “Sueli � presente em todos os aspectos da minha vida desde que a conheci, h� 36 anos. Quando a encontrei, eu rec�m-entrara na vida adulta e, desde ent�o, me beneficiei da maneira generosa e amorosa com que ela me acolheu em sua vida, como uma filha”, afirma Cidinha.

Segundo a escritora, Sueli ofereceu a ela “uma tela grande e ferramentas para que eu pudesse xilografar minha hist�ria”.

Orix�s e africanidades

Outras cr�nicas de “Exuzilhar” trazem os orix�s, como Ogum, Ians� e Oxum, para o primeiro plano. No entanto, o leitor n�o deve esperar neste e em outros livros de Cidinha textos de introdu��o a essas divindades – sua literatura n�o busca o didatismo.

“Meu interesse maior � construir mundos a partir das �guas das africanidades e coloc�-los para jogo, em intera��o ou em confronto com as refer�ncias de quem me l�”, afirma.

Chama a aten��o, por exemplo, a forma como ela fala sobre Xang�, conhecido por empunhar o machado de dois gumes. No di�logo entre a umbanda e o catolicismo, cap�tulo importante do sincretismo no Brasil, esse orix�, associado � justi�a e ao fogo, corresponde a S�o Jer�nimo.

“Xang� n�o sabe escrever um nome na areia, esculpe-o na pedra. Seu consolo � saber que a pedra um dia foi �gua e a natureza das coisas permanece, mesmo quando muda de forma”, diz.
 

Capa do livro Exuzilhar
(foto: Pallas/reprodu��o)
“EXUZILHAR”

.De Cidinha da Silva
.Editora Pallas
.88 p�gs
.R$ 37



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