Sandro Ramos olha para a câmera tendo ao fundo equipamentos no palco de um show

O roadie Sandro Ramos, que tamb�m � m�sico, quer se dedicar tamb�m � produ��o de palco e � �rea t�cnica de eventos

Acervo pessoal

'A sensa��o � de dever cumprido e de muita gratid�o, antes de tudo. Felizmente, continuarei acompanhando o Samuel em sua nova fase. Tenho certeza de que ser� muito legal'

Sandro Ramos, roadie


O adeus do Skank em show para o Mineir�o lotado, no �ltimo domingo (26/3), n�o se limitou a Samuel Rosa, Henrique Portugal, Lelo Zaneti e Haroldo Ferretti. O guitarrista Doca Rolim, o trombonista Pedro Aristides, o saxofonista Vin�cius Augustus e o roadie Sandro Ramos tamb�m se despediram da banda com a qual trabalharam por v�rios anos.


Doca Rolim entrou para a banda em 1992 para substituir o pr�prio Samuel, que havia quebrado o bra�o jogando bola. “N�o fiquei muito tempo, foi a conta de ele recuperar o movimento do bra�o, talvez um m�s e meio. Foi antes de lan�arem aquele CD independente, relan�ado em 1993 pelo selo Chaos”, conta.

O guitarrista � “das antigas”: Doca acompanhou a banda no “Programa Livre”, comandado por Serginho Groisman de 1991 a 2001, exibido no SBT/Alterosa.

“O programa at� foi gravado em BH, no Teatro Alterosa. Fiz alguns shows com eles e, naquela �poca, a banda j� lotava os espa�os por onde passava. Dez anos depois, entrei para o Skank, que j� fazia um sucesso enorme, tinham lan�ado o �lbum “Cosmotron”, relembra

“Os quatro fizeram uma reuni�o comigo e disseram: gravamos esse �lbum com muito viol�o e muita guitarra”, conta Doca. Samuel explicou que precisava de um guitarrista. “Topei de cara. Aos poucos, fui conquistando meu espa�o. No in�cio, ficava t�mido, ali do lado da bateria. Era at� plaus�vel, pois eu tocava nos botecos de BH e, de repente, estava me apresentando com a maior banda do cen�rio pop brasileiro.”

A rotina de Doca Rolim mudou radicalmente. Numa semana, ele se apresentava em algum bar em BH, na outra estava ao lado do Skank tocando no festival de Roskilde, na Dinamarca.

“Quando olhei a grade do festival, vi nomes como Coldplay e Metallica, bandas que s� via pela televis�o. E l� estava eu ao lado dos caras, uma loucura”, diz Rolim. Foi o primeiro festival dele ao lado do Skank.

“Logo em seguida, fizemos turn� pela Europa e nos apresentamos em v�rios festivais. Ca� na estrada com o Skank. Fui conquistando devagarinho o meu espa�o, a minha import�ncia ali. Acabou que, no �ltimo show, estava no palco ao lado deles, como se fosse m�sico da banda”, diz o guitarrista.

Orgulhoso, conta que recebeu elogios de Nando Reis e de Liminha. “Tudo isso gra�as ao Skank. Foram anos, rodei o mundo com eles, conheci mais de 10 pa�ses”, observa. No curr�culo, Doca tem quatro edi��es do Rock in Rio, al�m do Rock in Rio Lisboa. “� muita hist�ria pra contar, shows inacredit�veis”.
 
Samuel Rosa e Doca Rolim tocam guitarra no palco

Samuel Rosa e Doca Rolim, que conheceu 10 pa�ses com o Skank. Guitarrista planeja montar a sua "bandinha"

Instagram/reprodu��o
 

'Tive de dar um tempo, pois a agenda do Skank era fren�tica. Agora terei tempo para produzir. Estou aberto, quero fazer coisas que gosto, como tocar m�sicas antigas'

Doca Rolim, guitarrista


O guitarrista garante que o show do Mineir�o, no �ltimo domingo, foi o mais impactante para ele, carregado de emo��o.

“� praticamente uma vida, afinal foram muitos anos. Ali no palco, passou tudo na minha cabe�a, pois criei a minha fam�lia, os meus filhos, tocando no Skank. De repente, estava fazendo o �ltimo show da banda, uma grandeza daquela, com o est�dio lotado e a grava��o de um DVD”, comenta.

Ao rememorar o showza�o que encerrou a “Turn� de despedida”, confessa: “Nem sei como toquei as primeiras m�sicas, acho que foi no autom�tico mesmo, pois fiquei meio em transe, uma loucura.”
 

Baque geral

Quando recebeu a not�cia do fim do Skank, Doca Rolim ficou muito triste. “Foi um baque para todos. A gente havia acabado de chegar de uma turn� e, de repente, o Fernando Furtado nos liga dando a not�cia, informando que a partir do pr�ximo ano seria a �ltima turn� e o Skank encerraria as atividades. Isso foi antes da pandemia, acho que a banda acabaria em 2019, se n�o me falha a mem�ria.”

Doca imaginava outro futuro para Samuel, Henrique, Haroldo e Lelo. “Na minha cabe�a, o Skank s� acabaria depois que algu�m morresse”, revela. “A gente ia ficar velhinho e continuar tocando, sei l�, tipo Rolling Stones e Paul McCartney. N�o imaginei que Samuel teria vontade de seguir carreira solo, por se tratar de uma banda com sucessos eternos. Mas tamb�m � natural que ele queira seguir outro caminho. Felizmente, o Samuel me convidou para continuar com ele nesta nova fase.”

Paralelamente, Doca sempre trabalhou com produ��o de discos e jingles. 

“Tive de dar um tempo, pois a agenda do Skank era fren�tica. Agora terei tempo para produzir. Estou aberto, quero fazer coisas que gosto, como tocar m�sicas antigas. Vou montar a minha bandinha e fazer shows por a�, em uma vibe instrumental”, conta.

Quando foi convidado a ingressar no Skank, Doca montava seu pr�prio est�dio. “Estava decidido a ir para a �rea de produ��o musical, a banda me pegou nessa transi��o. J� estava cansado da noite, pois n�o acontecia nada de relev�ncia ali. Estava abandonando um pouco a noite quando o Skank me chamou. Tenho muita gratid�o, os meninos me respeitam muito. Ali�s, sempre me respeitaram como m�sico e pessoa.”
 
Músico Vinícius Augustus segura o saxofone e olha para a câmera

O saxofonista Vin�cius Augustus ficou 14 anos com o Skank, vai prosseguir com Samuel Rosa e abriu sala para dar aulas de m�sica

Diego Ruhan/divulga��o

'Imagina o f� tendo o privil�gio de tocar com a banda preferida. Por�m, estou com aquela sensa��o de dever cumprido e de muita gratid�o. Foram quase 15 anos, muitos shows, CDs, DVDs, programas de TV. Enfim, muita hist�ria'

Vin�cius Augustus, saxofonista


Cover do Skank

Formado em saxofone pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Vin�cius Augustus completaria 15 anos com o Skank em setembro. “Entrei na banda na turn� do disco 'Estandarte', em 2008. Minha hist�ria com o grupo � de muitas coincid�ncias. O primeiro show a que fui em minha vida era do Skank, em Diamantina, quando tinha 15 anos. A primeira banda na qual toquei era meio cover dele. Na �poca, tocava viol�o, guitarra e baixo”, conta.

Vin�cius se mudou para Carbonita, no Vale do Jequitinhonha, onde ingressou na m�sica. Mais tarde, foi para o interior de S�o Paulo. 

“Era um hobby que eu levava a s�rio, por�m nunca imaginei que me tornaria m�sico de verdade. Em 1997, voltei a morar em BH e fui ao show do saxofonista americano Michael Brecker (1949-2007). Pensei: vou ser saxofonista, � mais legal. No mesmo ano, assisti ao show do Skank na Festa da Cerveja, em Divin�polis. Chico Amaral ainda participava da banda. Quando ele fez o solo de sax na m�sica 'Te ver', pensei: quero ser m�sico, quero fazer isto a�.”

Onze anos depois, Vin�cius ingressou na banda. “Eles queriam algu�m para tocar sax-bar�tono e fui indicado. Depois, muita coisa aconteceu na minha vida.”, 
 
Ao comentar os shows com a banda, Vin�cius diz que o �ltimo foi o mais impactante. “Era um p�blico s� do Skank. Tive a honra de participar com eles de tr�s festivais Rock in Rio, mas n�o eram p�blicos somente deles, ao contr�rio do Mineir�o. Foi muito bom. Agora estou feliz e honrado por receber o convite do Samuel para continuar com ele.”

Al�m de trabalhar com o vocalista, o saxofonista abriu uma sala de m�sica no Bairro Silveira, na qual d� aulas, desenvolver� projetos e receber� tamb�m pequenos ensaios.
 
“Vou us�-la para praticar, porque o som do saxofone � alto. Participo da banda Macondos Brasil junto do cantor Marcelo Dai, que � baterista do Samuel. A gente tem um trabalho instrumental muito legal e at� j� gravamos EP no est�dio Sonast�rio”, conta.

O fim do Skank, claro, foi um choque para ele. “Imagina o f� tendo o privil�gio de tocar com a banda preferida. Por�m, estou com aquela sensa��o de dever cumprido e de muita gratid�o. Foram quase 15 anos, muitos shows, CDs, DVDs, programas de TV. Enfim, muita hist�ria.”

Vin�cius deseja refazer suas conex�es musicais e avisa que est� aberto a novas propostas. “Quer queira, quer n�o, estando em uma banda do porte do Skank � como se a gente sa�sse do mercado, de certa forma. Ningu�m te chama, porque sabe que voc� estar� sempre ocupado”, explica.
 
Antes do Skank, ele tocou com outro mineiro de sucesso: o cantor e compositor Vander Lee (1966-2016). “Gravei aquele DVD dele no Pal�cio das Artes. Vander Lee me deu uma grande chance tamb�m.”

Roadie tamb�m passa som

O roadie Sandro Ramos entrou para o Skank em 2013, depois de trabalhar com o Jota Quest de 2005 a 2011. “Fiquei fora da estrada em 2012. Samuel precisou de roadie, pediu algumas indica��es e v�rias pessoas me indicaram”, relembra. Agora, ele vai prosseguir com o vocalista.

“Na realidade, a gente sempre meio que imaginou que algum dia o Samuel tomaria essa decis�o. Afinal, um casamento de mais 30 pessoas n�o � f�cil. Al�m do mais, a estrada � cansativa”, diz Sandro, que acompanhou a banda em tr�s edi��es do Rock in Rio.

Antes de se tornar roadie, Sandro era m�sico profissional e tocava em banda cover do Creedence, al�m de trabalhar com manuten��o de instrumentos.

“Chegou uma �poca em que estava meio cansado de tocar e tendo que tocar algumas coisas de que n�o gostava. Como j� fazia manuten��o em instrumentos, resolvi ser roadie. Em 2005, conheci o Marco T�lio, guitarrista do Jota, dei um toque nele. Pouco tempo depois, surgiu vaga l� e ele me chamou”, relembra.

Na �poca, o Skank contava com quatro roadies – um para a bateria, outro para os teclados, al�m do que trabalhava com Samuel e do outro que ficava com Lelo Zaneti e Doca Rolim.

“A gente passava o som para eles, pois os quatro roadies s�o instrumentistas. Deix�vamos tudo pronto. A banda raramente passava o show, apenas em apresenta��es maiores, como o Rock in Rio. No dia a dia, era a gente mesmo”, diz.

Outra atividade de Sandro � a produ��o t�cnica de eventos. “J� tenho algumas coisas agendadas. Vou continuar nessa de produ��o de palco e t�cnica, al�m de trabalhar como roadie, caso algu�m queira me chamar. Tenho de estar aberto, n�o posso escolher muito.”

Sandro afirma que foi um privil�gio trabalhar com o Skank por tanto tempo. “A sensa��o � de dever cumprido e de muita gratid�o, antes de tudo. Felizmente, continuarei acompanhando o Samuel em sua nova fase. Tenho certeza de que ser� muito legal.”
 
Músico Pedro Aristides olha para baixo, segurando o trombone

O trombonista Pedro Aristides d� aulas e faz arranjos e grava��es, al�m de participar dos grupos Trombominas e Macondos

Elisa Paci/divulga��o

'Minha ideia � continuar trombonista. Estou aberto a algum cach� de orquestra, m�sica de c�mara. Pretendo tocar outros estilos, n�o somente m�sica popular'

Pedro Aristides, trombonista

 

Mais de mil shows

O trombonista Pedro Aristides entrou para o Skank em 2002, substituindo o instrumentista que tocava com a banda. “Comecei em agosto daquele ano, fiquei at� dezembro. Em maio de 2003, assumi de vez”, relembra.

Mineiro de Divin�polis, ele se mudou para BH aos 18 anos, quando passou no vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“Fiz a substitui��o no Skank j� com 21 anos. Quando me formei, em 2004, j� estava trabalhando com a banda. Desde ent�o, estou direto, h� 20 anos. Pelas minhas anota��es, fiz mais de mil shows com eles.”

“Vamos fazer alguns shows com o Samuel este ano, acredito que somente no ano que vem � que ele tocar� com a banda completa”, diz.

Os planos de Pedro incluem estudar e desenvolver trabalhos na �rea. “Quando a gente � m�sico, n�o sabe muito do futuro. Muita gente que gostaria de tocar comigo sempre soube que eu estava ocupado com o Skank. Mas agora ser� mais tranquilo.”

Aberto �s oportunidades, ele continua estudando trombone, tem dado aulas e faz arranjos e grava��es. “Minha ideia � continuar trombonista. Estou aberto a algum cach� de orquestra, m�sica de c�mara. Pretendo tocar outros estilos, n�o somente m�sica popular”, avisa.
 
Pedro Aristides participa do quarteto de trombone chamado Trombominas, que existe h� mais de 20 anos. Quer fazer mestrado e, talvez, tentar vaga, via concurso, em alguma faculdade.

“O Skank foi oportunidade �nica que a vida me deu, pois conheci 12 pa�ses. N�s viajamos muito e fiz quatro Rock in Rio com eles”, orgulha-se Pedro.

Integrante do grupo Macondos Brasil com Vin�cius Augustus e Marcelo Dai, conta que “j� est�o pintando algumas coisas”. E avisa: “Bola pra frente.”