
Um encontro para celebrar o que h� de novo e bom na cidade. O Festival de Gastronomia e Arte (Figa) faz a sua estreia em Belo Horizonte, de sexta a domingo, com a miss�o de dar visibilidade a uma nova gera��o de cozinheiros ainda pouco conhecidos pelo grande p�blico, mas que se destacam pela qualidade do trabalho.
Este ser� o primeiro festival de gastronomia nos jardins do Pal�cio das Mangabeiras, inaugurado h� menos de dois meses como parque.
O curador � o chef Jorge Ferreira, de 36 anos, que se inclui nesse grupo de novos nomes da gastronomia. Ele trabalhou por um bom tempo no Glouton e hoje tem o seu pr�prio restaurante, Ol�via.
“Como chef de cozinha de uma gera��o um pouco mais nova, fiquei pensando em como valorizar quem s�o os novos cozinheiros, que ainda n�o est�o totalmente consagrados no mercado, mas t�m bagagem e fazem comida boa”, pontua.
O Figa une a vontade de Jorge de fomentar a gastronomia em BH com a expertise do seu s�cio, Didio Mendes, como produtor de eventos. “Sou apaixonado pela cidade, me considero belo-horizontino de cora��o e n�o trocaria BH por nenhum outro lugar do mundo. Aqui me sinto em casa”, destaca o chef, que � de S�o Paulo e mora h� 14 anos na capital mineira.

Sofia Marinho, de 31, vai participar pela primeira vez de um festival em BH. Para ela, ser� uma oportunidade de mostrar sua cozinha a um p�blico maior e de se conectar com colegas da nova gera��o. “Festival d� visibilidade ao nosso trabalho e abre portas para que mais pessoas nos conhe�am. Al�m disso, tem a quest�o do networking”, avalia.
A chef j� trabalhou com Leo Paix�o (no Glouton e no Nicolau) e com Massimo Battaglini. Teve restaurante e caf� em Pipa (RN). Desde 2018, segue carreira solo em BH com aulas, consultorias e eventos. H� tr�s meses, abriu A Cozinha de Sofia, espa�o voltado para encontros gastron�micos.
No Figa, Sofia vai servir empanadas, que fazem parte da sua hist�ria desde Pipa. Seu namorado na �poca era argentino e sentia falta de comer o lanche que encontrava na sua cidade, San Lorenzo. “Fiquei um ano testando a receita e, nessa busca pela empanada perfeita, acabei praticamente me especializando”, conta. Segundo ela, a massa tem que ser bem fina e o recheio suculento.
O p�blico poder� escolher entre dois sabores cl�ssicos: criolla (carne, azeitona verde, ovo cozido, uva-passa, cominho e p�prica picante) e fugazzeta com um toque mineiro (queijo canastra no lugar da mu�arela, cebola e or�gano).
Outra op��o do seu card�pio � o ragu de ossobuco com risoto de a�afr�o, prato reconfortante e quente pensado para o frio. Temperada com louro, tomilho, vinho tinto e legumes, a carne fica cozinhando por muito tempo. “Uso o tutano do ossobuco, ent�o o ragu fica com um sabor diferenciado. Foge do comum”, aponta. O risoto milan�s vai por baixo.

Se voc� quiser conhecer mais sobre o trabalho de Sofia, � bom saber que ela vai abrir seu espa�o ao p�blico, a partir deste m�s, para jantares com menus autorais. A primeira edi��o ser� entre os dias 23 e 25 e contar� a participa��o do chef Cadu Evangelist, de Ribeir�o Preto (SP), tamb�m dessa nova gera��o.
Futuramente, sair�o da cozinha produtos para consumir em casa, incluindo as empanadas, massas e o seu famoso pat� de foie gras.
O Figa sempre ter� pelo menos um nome de fora. Nesta edi��o, vem de S�o Paulo Rubens Salfer, de 33, conhecido como Catarina, chef-executivo do D.O.M, de Alex Atala.
Al�m de ser a primeira vez na cidade, ele est� feliz com o convite para estar ao lado dessa nova leva de cozinheiros, que, assim como ele, est�o “voando abaixo do radar”, mas que t�m tudo para se destacar pela qualidade do trabalho.
'Gera��o da mudan�a'
“Acredito que essa nova gera��o vai ser a gera��o da mudan�a, da t�o necess�ria e esperada uni�o dos cozinheiros pela gastronomia do Brasil todo. Temos que entender que, quanto mais unidos estivermos, independentemente das diferen�as, mais for�a e visibilidade vamos alcan�ar”, defende o chef, que nasceu em Joinville (SC), da� o apelido.

Aos 18 anos, Catarina foi fazer est�gio em Portugal. O plano era ficar seis meses, mas ele acabou morando na Europa por oito anos. Passou por tr�s restaurantes estrelados: Vila Vita (Portugal), Michel Gu�rard (Fran�a) e Arzak (Espanha). “O chef Juan Mari Arzak foi o meu padrinho na gastronomia. Quando resolvi voltar para o Brasil, ele ligou para o Alex Atala e me apresentou”, conta.
O trabalho no D.O.M vem sendo desenvolvido h� nove anos. Catarina come�ou como estagi�rio, passou por todas as pra�as, assumiu a chefia e hoje cuida da parte burocr�tica e auxilia a equipe na cria��o dos menus.
Em paralelo, faz seus pr�prios eventos e � jurado do reality show “Merendeiras do Brasil”, idealizado pelo Minist�rio da Educa��o.
O chef acredita em uma cozinha de produto (olhando sempre para o Brasil, como aprendeu com Atala) combinada com sabor. E � o que ele quer mostrar em BH.
O bolinho de aligot feito com batatas, queijos minas e tipo gruy�re catarinense, empanado em macarr�o instant�neo e servido com geleia de pimenta e abacaxi, conecta alguns epis�dios da sua hist�ria.

“Aligot foi um cl�ssico do D.O.M por muito tempo e eu fazia esse bolinho para os funcion�rios aproveitando o que havia sobrado.” A combina��o de queijo com geleia revive sua passagem pela Fran�a.
A origem de Catarina � lembrada no bob� de camar�o. Frutos do mar s�o muito consumidos no seu estado e ele cresceu comendo esse prato em casa. Basta cozinhar a mandioca num caldo de camar�o, bat�-la e acrescentar ab�bora. Para finalizar, camar�es grelhados e um azeite arom�tico de ervas (destaque para a chic�ria do Par�).
O terceiro prato faz uma homenagem a Minas Gerais: carne de panela com legumes e quirera de milho finalizada com manteiga e pur� de cebola.
“Essa combina��o representa muito Minas, onde encontramos uma comida cativante, ensopada, com aquele fundo de panela, que � quase um abra�o, um seja bem-vindo. Tem gosto de casa de v�”, comenta.
Um pulo na �sia
Voltar da Espanha para abrir um restaurante em BH j� era desafiador. Ainda mais com um conceito diferente. Gabriella Guimar�es e Guilherme Furtado, ambos de 34 anos, s�o os idealizadores do Okinaki, voltado para comida de rua asi�tica contempor�nea.
Dez meses depois da inaugura��o, eles participam do primeiro festival na cidade e querem que esses sabores sejam conhecidos por mais pessoas.

Seguindo a proposta do restaurante, nenhum prato exige o uso de talher. Tanto o bao (p�ozinho assado no vapor) quanto o oniguiri (tri�ngulo de arroz) s�o para segurar com as m�os e dar bocadas. O primeiro tem recheio de copa lombo com molho de ostra, gengibre e cebolinha e o segundo ganha sabor com pat� de salm�o e wasabi, molho ponzu e furikake (mistura de algas e peixes secos) de wasabi.
Para compartilhar, os chefs indicam o saketini de mel�o, que virou �cone do Okinaki. A fruta � infusionada em saqu�, shichimi togarashi (mistura de especiarias) e raspas de lim�o e vira um coquetel s�lido. Com um palito, voc� vai espetando os cubinhos servidos por cima da casca em um bowl com gelo.
Al�m de ser o curador do Figa, Jorge Ferreira participa como chef do Ol�via, restaurante em Nova Lima que serve comida inspirada no Mediterr�neo e aposta na simplicidade para enaltecer os produtos.
N�o deixe de comer a por��o de trufas de joelho de porco, que s�o queridinhas do card�pio. A ideia � mesmo parecer a iguaria italiana, mas, quando morde, voc� se surpreende com a sucul�ncia da carne com sabor trufado. Outra sugest�o � o vinagrete de polvo com salada de tomate e cebola roxa.

O chef vai aproveitar a ocasi�o para lan�ar o arroz de pato, que entrar� em seguida no card�pio do Ol�via. “Esse prato � franc�s, mas dou o meu tempero mediterr�neo com o chorizo espanhol e a laranja-ba�a encontrada no Sul da Espanha”, detalha.
Completam a lista de participantes Raffaele Autorino, da Popolare, com a aut�ntica pizza italiana artesanal; Elisa Dayrell, da Espetacular Doceria, com sobremesas inspiradas nas confeitarias francesas; e o mixologista Tiago Santos, do The URBN, com drinques autorais ousados e cl�ssicos repaginados. O bar do festival ainda servir� cervejas e vinhos.
A ideia dos organizadores � que o Figa seja semestral e ocupe diferentes espa�os da cidade, sempre com novos chefs e restaurantes. H� planos de organizar uma edi��o de ver�o em janeiro.
Bolinho de aligot com geleia de pimenta e abacaxi (Rubens Salfer)
Ingredientes
1kg de batata asterix; 20ml de creme de leite fresco; 20ml de leite integral; 10g de manteiga sem sal; 200g de queijo minas; 100g de queijo gruy�re; 1 pacote de macarr�o instant�neo; 1 ovo; 20ml de leite; 200ml de �leo de milho
Modo de fazer
Em uma panela com �gua, adicione as batatas inteiras e deixe cozinhar at� que fiquem macias (o garfo entrar� e sair� com facilidade). Retire as batatas da �gua, descasque e passe por um espremedor. Leve ao fogo em uma panela junto com a manteiga, o creme de leite e o leite. Cozinhe at� que todos os ingredientes estejam misturados. Adicione aos poucos os queijos e v� mexendo sempre. Quando tudo estiver derretido e bem misturado, desligue o fogo e deixe esfriar. Separe a massa em bolinhas de 30g e empane. Passe pelo ovo, o leite e o macarr�o instant�neo quebrado. Aperte bem e fa�a o processo novamente. Congele as bolinhas para que n�o derretam na hora da fritura. Aque�a o �leo a 200 graus e frite rapidamente (apenas para dar cor). Leve ao forno por 5 minutos a 180 graus. Sirva com a geleia de sua prefer�ncia.
Servi�o
Festival de Gastronomia e Arte (Figa)
Data: de 16 a 18 de junho
Hor�rio: das 12h �s 22h
Local: Parque do Pal�cio das Mangabeiras (Rua Professor Djalma Guimar�es, 157 – Mangabeiras)
Ingressos: a partir de R$ 45
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