
A batalha � feita por meio das rimas, mas tamb�m faz toda diferen�a a atitude de quem declama os versos. � assim nos slams de poesia, que na quinta-feira (26), ter� mais uma disputa. Ser� a final do Slam Clube da Luta , seletiva para a etapa estadual da batalha de poesia falada em Belo Horizonte.
O vencedor da capital garantir� uma vaga no Slam MG, podendo chegar � etapa nacional e disputar uma vaga no Slam Internacional, realizado, anualmente, em Paris. O Slam MG conta com 31 coletivos, mas, devido � pandemia, nem todos conseguiram migrar para o formato online e quase metade n�o est� em atividade.
O slam de poesia teve origem nos anos 1970 em Chicago, Estados Unidos, com o termo sendo oficializado nos anos 1980. E tem as mesmas ra�zes que o o Hip Hop, que traz como caracter�stica as letras de luta e resist�ncia. A chegada do Slam no Brasil se deu em 2008 pela poeta, atriz e cantora Roberta Estrela D'Alva, atrav�s do ZAP!, Zona Aut�noma da Palavra, em S�o Paulo.
A vinda do slam para Belo Horizonte, em 2014, foi uma iniciativa de Rog�rio Coelho, em parceria com Jo�o Paiva e Eduardo DW, que j� estavam envolvidos com movimentos art�sticos. Quando ouviram falar da batalha de poesia ficaram interessados e viajaram a S�o Paulo, percorrendo saraus e slams para entenderem a din�mica das batalhas. Nesse processo receberam dicas e conselhos de Thiago Peixoto, do Slam do 13, um dos mais antigos do pa�s.
O interesse de Rog�rio pela poesia iniciou desde cedo, cursou Letras na PUC-Minas e integrou um grupo de inicia��o cient�fica com o tema a literatura e a rua. Em 2008, iniciou o Coletivoz, um sarau de periferia e depois da viagem a S�o Paulo, fundou o Slam Clube da Luta, que organiza at� hoje em parceria com Tha�s Carvalhais. O slam tem como casa o Teatro Espanca, no Centro de BH, ponto escolhido por ser de f�cil acesso e perto do metr�.
O nome vem em refer�ncia ao filme norte-americano de 1999 dirigido por David Fincher. Por sua vez, o filme � baseado no romance hom�nimo de Chuck Palahniuk, publicado em 1996. A produ��o cinematogr�fica � protagonizado por Brad Pitt, Edward Norton e Helena Bonham Carter.

O nome Clube da Luta foi uma sugest�o de DW, que quis fazer analogia com o filme no que se refere � luta dos protagonistas contra o sistema capitalista. "Com o tempo a gente foi entendendo que essa luta, � uma luta pela redu��o das desigualdades raciais e de g�nero", conta Rog�rio. "Al�m de ser um Clube da Luta, � tamb�m um clube que luta" completa.
No in�cio, as pessoas n�o conheciam as batalhas de poesia, ent�o a participa��o eram de pessoas que estavam ligadas aos saraus e j� se apresentavam. Quando perguntavam como eram as competi��es de poesia, Rog�rio respondia: "� uma competi��o de poesia. Em poesia n�o se compete, mas em si compete a n�s estarmos aqui."
Virou um bord�o. "Hoje eu percebo, ao longo desse tempo, que tem sim a competi��o e pessoas que v�o ali para querer ganhar. Mas na sua dimens�o mais simb�lica, as pessoas competem consigo mesmas. Essa competi��o tem a ver com a performance com 'Eu quero dizer isso da melhor forma'", diz.
Com o tempo o movimento Slam foi crescendo e dentro de um ano o Clube da Luta se consolidou e, at� o in�cio da pandemia, mantinha um p�blico constante de pelo menos 100 espectadores.

Para Rog�rio, o Slam se configura como em um espa�o de permiss�o no qual as vozes podem ser colocadas com seguran�a e escutadas, onde os poetas podem falar sobre suas viv�ncias na periferia, a exclus�o e a negritude, como forma de desabafo e luta. "Os poetas marginais t�m uma premissa de, �s vezes, aprender a escrever um poema pela dureza que � a vida, pela necessidade de denunciar, de fazer enxergar e humanizar a palavra. Isso no Slam vem com muita for�a".
A partir do Slam Clube da Luta, foram criados v�rios outros em Belo Horizonte e Regi�o Metropolitana. Com a cultura "O mais velho ensina o mais novo" em 2015 foi criado na capital o Slamternas, organizado pelo Coletivo Lanternas. Em 2016 foram criados mais tr�s Slams: Slam Trincheira no Barreiro, Slam da Esta��o em Sarzedo e Slam A Rua Declama em Tim�teo.