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Estado de Minas TRANSFOBIA

'Quem chora por n�s?': Travesti � morta perto do Dia da Visibilidade Trans

Paulinha foi encontrada pr�xima a uma pra�a no centro de Timon, no Maranh�o, com sinais de agress�o


24/01/2022 15:15 - atualizado 24/01/2022 17:47

Paulinha em uma praia. Seus cabelos voam com o vento e ela veste uma regata preta.
A travesti Paulinha foi brutalmente assassinada na cidade de Timon (MA) (foto: Arquivo Pessoal/Reprodu��o)

A menos de uma semana do Dia da Visibilidade Trans, comemorado em 29 de janeiro, uma travesti foi morta na cidade de Timon, no Maranh�o. Conhecida apenas como Paulinha, seu corpo foi encontrado na tarde deste domingo (23/01) pr�ximo � Pra�a Higino Cunha com sinais de espancamento, pedradas e facadas, al�m de ter sido despida da cintura para baixo e possuir um peda�o de madeira em sua boca colocado pelo assassino.

O caso ainda est� sendo investigado pelo Departamento de Homic�dios da Pol�cia Civil da cidade de Timon e, at� o momento, ningu�m foi preso pelo crime. Durante os pr�ximos dias, testemunhas e parentes ser�o chamados para depor.

Visibilidade Trans

Apesar de a motiva��o do crime ainda n�o ter sido divulgada, � bastante simb�lico que a morte de uma travesti tenha ocorrido a poucos dias do Dia da Visibilidade Trans, comemorado no dia 29 de janeiro no Brasil desde 2004.

A data foi escolhida a partir de um ato promovido em Bras�lia pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Minist�rio da Sa�de. Naquele dia, foi lan�ada a campanha “Travesti e Respeito” no Congresso Nacional e, hoje, � considerada um marco contra a transfobia no Brasil.

Al�m da transfobia, caracterizada pelo conjunto de a��es negativas, discriminat�rias ou preconceituosas contra pessoas transg�nero, o Brasil tamb�m lida com uma alta de transfeminic�dio. Berenice Bento, doutora em Sociologia, professora da UnB e p�s-doutora pela CUNY/EUA, define o termo como uma pol�tica disseminada e sistem�tica de elimina��o da popula��o trans motivada pelo �dio e pelo nojo.

Logo da Antra. O fundo é a bandeira da comunidade trans, em sua frente há a silhueta geográfica do Brasil e uma fada ruiva usando um vestido com as cores do arco-íris (roxo, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho) e um salto alto.
A Antra (Associa��o Nacional de Travestis e Transexuais) � respons�vel pela maior parte das pesquisas sobre a comunidade trans no Brasil (foto: Antra/Reprodu��o)

Um dossi� da Associa��o Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) revelou que o Brasil � o pa�s que mais mata pessoas trans no mundo, tendo alcan�ado 175 mortes mapeadas apenas em 2020. Apesar de o pa�s n�o saber exatamente quantas s�o e nem como vivem as brasileiras e os brasileiros trans, a ANTRA estima que cerca de 1,9% da popula��o perten�a � comunidade.

“Resistir pra existir, existir pra reagir”


O caso de Paulinha ainda faz relembrar outras diversas ocorr�ncias de transfobia e de transfeminic�dio no Brasil que tiveram grande repercuss�o pela brutalidade dos crimes, como Dandara dos Santos, que foi espancada e executada a tiros em Fortaleza, no Cear�, e cujas imagens circularam nas redes sociais em 2017; ou Savana Vougue, que recebeu um tiro no rosto enquanto trabalhava em Teresina (PI) em 2013.

Keila Simpson, presidenta da Antra, fala que “n�o h� o que comemorar [sobre os n�meros expressivos de transfeminic�dios]. Repetimos a cada ano e as nossas vozes n�o ecoam onde deveriam chegar. Estamos � merc� de n�s mesmas. Quem chora por n�s?”. Ela tamb�m comenta que, muitas vezes, as travestis que s�o mortas s�o enterradas como indigentes e que a associa��o costuma fazer arrecada��es para que sejam veladas com dignidade.

O lema da ANTRA, “resistir pra existir, existir pra reagir”, reflete uma das lutas di�rias da comunidade trans, que � a da visibilidade de suas causas e de suas necessidades. Keila comenta que “essa popula��o j� entendeu que s� a luta constante os salvar�” e que � crucial chamar a aten��o para as graves e constantes viola��es de direitos humanos.

Nesta segunda-feira (24), internautas est�o subindo a hashtag #Justi�aPorPaulinha nas redes sociais.
 
*Estagi�ria sob a supervis�o de M�rcia Maria Cruz 


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