O Big Brother Brasil j� virou um evento nacional. Ap�s a edi��o de 2020, primeira vez que a casa foi dividida entre Pipocas e Camarotes, a repercuss�o do programa tem ganhado cada vez mais relev�ncia, principalmente nas redes sociais, inclusive com cobertura 24h do que acontece no reality sem necessidade de assinatura paga em canais de plataformas como o Telegram.
Desde ent�o, o pr�mio de R$ 1,5 milh�o j� deixou de ser o objetivo principal pelo qual os participantes querem permanecer no reality e a relev�ncia social passou a ser o foco. As redes sociais da maioria dos brothers e das sisters passaram a ser assessoradas por empresas de comunica��o e a preocupa��o com a imagem do lado de fora da casa cresce a cada edi��o.
Medo do cancelamento
Nos BBB21 e 22, cresceu, entre os membros do confinamento, o receio de como seriam recebidos pelo p�blico assim que entrassem na casa mais vigiada do Brasil. O medo de serem “cancelados” pela audi�ncia passou a ser um fator constante e determinante de como os participantes escolhem se comportar.
Em 2021, foi revelado que Fiuk, terceiro colocado da edi��o, chegou at� a fazer aulas sobre hist�ria do Brasil, feminismo e movimentos LGBTQIA+ quando soube que entraria no programa. O intuito do ator e cantor seria evitar erros de participantes anteriores e evitar seu cancelamento.
Preconceituosos aprendizes
Por conta dessa preocupa��o com o cancelamento nas redes, � comum chegarem participantes que se alegam desconstru�dos, abertos a novos pontos de vista e dispostos a aprender. A princ�pio, isso parece ser bastante positivo, mas as atitudes dentro da casa mostram que, geralmente, essas declara��es s�o instrumento para a vitimiza��o. Quem usa desse recurso s�o os preconceituosos “aprendizes”.
O termo, elaborado pela criadora de conte�do Clara Fagundes, explica a narrativa usada � exaust�o para perdoar, justificar e amenizar preconceitos e opress�es cometidos por pessoas que podem pertencer a qualquer faixa et�ria e grupo social, mas que s�o preconceituosas e usam a desculpa de que est�o aprendendo sobre determinado assunto.
“Preconceituosos ‘aprendizes’ est�o em todo lugar, inclusive no BBB. Todo ano, elas aparecem: as pessoas adultas que v�o ao programa aprender a respeitar as pessoas”, comenta Clara em seu post no Instagram sobre o assunto. “Decidem que sempre quiseram aprender a respeitar as pessoas, mas declaram isso apenas quando conv�m. Num reality show, por exemplo”, completa ela.
No Big Brother Brasil
Uma das t�ticas mais vistas na edi��o de 2022 � a de Rodrigo, que, frequentemente, pede opini�es a Douglas sobre quest�es raciais, ou � Linn sobre quest�es de g�nero, para criar uma imagem de v�tima para si. Jade Picon comenta que j� percebeu o que o brother est� fazendo. “� a quinta vez que eu ouvi o Rodrigo falando, para pessoas diferentes, a mesma coisa”, diz ela em uma conversa. Em outra intera��o, Rodrigo reclama: “eles est�o falando que perguntar � cansativo. Por exemplo, eu perguntei para o DG [Douglas], pegou mal, mas por que [ele] n�o falou para mim?”.
Naiara Azevedo tamb�m � uma participante que se beneficia dessa narrativa. Em conversa com Pedro Scooby, que comentou sobre as pessoas estarem cansadas de ficar dando explica��o toda hora, a cantora diz que “Aqui dentro, nunca vi ele [Douglas] falando”, ao que � respondida com “Eu j�. Estou toda hora do lado dele”. Mais cedo, Douglas falou com Naiara sobre o assunto: “Nesse momento, eu n�o vou te ensinar pro resto da vida. Quando voc� sair daqui, pesquise mais. Quantas pessoas pretas t�m no seu c�rculo de vida?”.
* Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Ellen Cristie.