A literatura ind�gena � rica, vasta, carregada de ensinamentos inspirados em suas origens e na tradi��o oral aprendida. Repassada de gera��o em gera��o. Apesar disso, livros escritos por ind�genas ainda carecem de visibilidade. Escritores, poetas e pensadores dos povos origin�rios carecem de visibilidade. Afinal, quantos autores voc� conhece? Ou, melhor, quantos livros escritos por ind�genas voc� j� leu?
Nesta edi��o do podcast DiversEM, o Estado de Minas conversou com a escritora e poeta Auritha Tabajara. Mulher ind�gena, l�sbica e cordelista, ela � autora do livro “Cora��o na aldeia, p�s no mundo”.
A tradi��o oral � extremamente marcante na cultura dos povos origin�rios, sendo a principal fonte de conhecimento passada entre as gera��es. Essa foi, inclusive, a forma com a qual Auritha teve seus primeiros contatos com as hist�rias, os livros e os cord�is, t�picos da cultura Tabajara que ocupa o litoral cearense, de onde Auritha vem.

“Minha av� � minha maior refer�ncia e a minha incentivadora de tudo. Ela n�o sabe ler, n�o sabe escrever. Ningu�m da minha fam�lia, dos mais velhos, sabe. Meu av� era vaqueiro improvisador de toadas, que n�o est�o escritas em lugar nenhum, eram coisas ancestrais”, comenta Auritha.
Aos 43 anos, a cordelista come�ou a escrever muito cedo. Uma das �nicas mulheres ind�genas na escola que frequentava, Auritha aprendeu a escrever aos 9, quando come�ou a tra�ar os rascunhos de “Cora��o da aldeia, p�s no mundo”.
Desafios e preconceito na carreira

Auritha voltou atualmente a morar em sua regi�o, com as irm�s, que insistiam em participar da entrevista para este podcast, o que rendeu � escritora algumas interrup��es e boas risadas durante nossa conversa.
Auritha viaja para dar palestras e fazer apresenta��es para diversos p�blicos ind�genas e n�o ind�genas, incluindo em universidades. Por�m, apesar do prest�gio, ela cobra maior reconhecimento e valoriza��o dos saberes tradicionais por parte das institui��es de ensino. “Nunca tem dinheiro para pagar uma ajuda de custo. O que a gente repassa pra comunidade � vivenciado, s�o coisas ancestrais, n�o s�o aprendidos em livro nenhum”, comenta.

Literatura ind�gena x indigenista
Auritha gosta de destacar a diferen�a entre os conceitos que considera de o que � literatura ind�gena e o que � literatura indigenista. A primeira ela diz ser aquela produzida pelos pr�prios ind�genas, enquanto a segunda � a escrita por terceiros, sejam antrop�logos ou pesquisadores, sobre suas vis�es da cultura ind�gena.
O podcast DiversEM � uma produ��o quinzenal dedicada ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar al�m do convencional. Cada epis�dio � uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar �nico e apurado de nossos convidados.
*estagi�ria sob supervis�o do editor-assistente Rafael Alves
Ou�a e acompanhe as edi��es do podcast DiversEM
O podcast DiversEM � uma produ��o quinzenal dedicada ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar al�m do convencional. Cada epis�dio � uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar �nico e apurado de nossos convidados.
*estagi�ria sob supervis�o do editor-assistente Rafael Alves