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Estado de Minas PADR�O DE BELEZA

Movimento body positive luta contra novo padr�o de corpo que exalta magreza

O culto � magreza est� crescendo com a populariza��o dos estilos Y2K e Barbiecore


28/10/2022 15:49 - atualizado 28/10/2022 16:09

Montagem de foto com Aninha it a gorda e Khloe Kardashian
"A gorda tem que ser truqueira", diz influenciadora mineira sobre tend�ncias fashion que valoriza a magreza (foto: Reprodu��o Redes Sociais )
As irm�s Khloe e Kim Kardashian se destacaram na cultura pop como �cones de beleza curvil�neas. Exibiam as coxas grossas e o bumbum grande, bem ao estilo brasileiro, apesar de manterem a barriga chapada. Mas as curvas j� s�o passado. Recentemente, a dupla passou por um processo de emagrecimento radical, que provocou, al�m da barriga chapada, a perda das curvas.
O movimento n�o passou despercebido, pelo contr�rio, como tudo que elas fazem, chamou a aten��o dos seguidores e da m�dia e acendeu alertas sobre a mudan�a dr�stica na forma f�sica. Khloe, inclusive, supostamente era uma das adeptas do BBL - Brazilian Butt Lift -, t�cnica que implantava gordura nos gl�teos para deix�-los com aspecto de “bunda brasileira”. 

No MET Gala de 2022, Kim contou que perdeu sete quilos em 21 dias para usar o vestido de Marilyn Monroe, o que abriu espa�o para cr�ticas � influenciadora por supostamente incentivar dist�rbios alimentares e o culto � magreza. 

A mudan�a est�tica ainda pode ter sido influenciada pela volta da moda que era comum nos anos 2000, com cal�as de cintura baixa, piercing no umbigo e minissaias. Batizado de Y2K, o estilo se popularizou nas redes e nas passarelas, e conquistou tamb�m nomes como Anitta e Bruna Marquezine. 

Assim como as Kardashians, as artistas brasileiras emagreceram e as curvas sa�ram de cena. Com essa mudan�a, a internet questionou se est� se criando um novo “padr�o de beleza” que exalta o corpo magro e difere do antigo padr�o est�tico, que era curvil�neo. 

Essa mudan�a no ‘‘tipo de corpo ideal’’ representado na m�dia acarreta problemas de autoimagem e autoestima, principalmente entre jovens, que buscam se sentir parte da sociedade, aceitos e desejados. A press�o para alcan�ar esses padr�es pode fazer uma pessoa desenvolver dist�rbios de imagens e alimentares. 

Mas, com o crescimento do "body positive", um movimento que fortalece a seguran�a das pessoas com os pr�prios corpos, os padr�es est�ticos est�o perdendo for�a e h� mais espa�o para questionar que tipos de imagem s�o exaltadas na m�dia. As manifesta��es pressionam marcas, estilistas e desfiles a mostrarem corpos diversos e criarem roupas para todo mundo. 

O movimento contr�rio 

A criadora de conte�do Ana Paula Aguiar, conhecida como Aninha It-Gorda, afirma que a volta do culto � magreza est� em um momento diferente dos anos 2000 e 1990, quando foi o auge do estilo Y2K, por conta do "body positive".

“Esse movimento cria um lugarzinho de conforto e apoio para essas pessoas que nunca v�o ter o corpo da Anitta, da Bruna Marquezine e da Kim Kardashian”, afirma. A influenciadora comenta que as bolhas nas redes sociais fortalecem ideias. 

O movimento do body positive se fortaleceu nos �ltimos cinco anos e produtos foram criados para atender corpos gordos. “Essas marcas v�o continuar. Mas, eu tenho medo de como as tend�ncias v�o chegar para a gente. Isso � um problema para pessoas mais jovens”, explica Ana. 

“Ou a pessoa � muito segura de si e vai sair com a barriga de fora, que � um percentual muito pequeno entre gordos. Ou vai ver todas as pessoas magras com umbigo de fora e se cobrir”, acrescenta.

‘A gorda na moda’

Em seus conte�dos, Ana procura usar tend�ncias conforme se sente confort�vel: “Eu n�o quero usar a cal�a de cintura baixa. Mas aquele cintinho de strass n�o tinha do meu tamanho. Ent�o, eu comprei uma corrente de brilhos, coloquei na cintura com a cal�a de cintura alta e arrasei”. 

A influenciadora recomenda que pessoas gordas sigam outros perfis com corpos similares para se inspirarem na hora de montar estilos. “A gorda que quer estar na moda tem que ser truqueira”, brinca. 

Ana comenta que as blogueiras de moda gordas n�o t�m o mesmo reconhecimento e recep��o do p�blico que as magras: “Para pessoas que n�o seguem pessoas gordas, o corpo gordo � fora do padr�o. E o que est� fora do padr�o, de primeira, � considerado feio”. 

“Quando eu saio de casa com uma roupa oversized, ou um cropped e uma bermuda, as pessoas me olham feio. � dif�cil comunicar que meu corpo � bonito. Para as pessoas da minha bolha, eu sou estilosa. Quem t� de fora, fala que eu sou sem no��o”, acrescenta.  
 

‘Corpo como tend�ncia de moda’

Para Aninha It-Gorda, a volta do corpo magro como padr�o est�tico n�o � uma surpresa por causa do ciclo da moda, que repete est�ticas fashion de outras fases. E o formato do corpo segue essas mudan�as para acompanhar as tend�ncias. 

� o caso, por exemplo, do desenho da sobrancelha, seja com pelo grosso ou fino, moldado conforme os estilos que est�o em alta. “Mas, � muito louco a gente pensar em moda c�clica, que vai e volta, e corpo como tend�ncia de moda”, afirma. 

“Assim como o ganho de peso das pessoas deveria deixar de ser assunto, a perda tamb�m deveria. Mas � um mundo ut�pico", disse em entrevista ao Estado de Minas. 

Influ�ncia da m�dia no espelho 

A imagem de celebridades e pessoas p�blicas influencia na auto imagem e autoestima do p�blico. A professora do departamento de pediatria  da Faculdade de Medicina da UFMG, Ana Maria Lopes, explica que mulheres famosas s�o uma refer�ncia �s garotas, o que cria um ideal de beleza. 

“Imagens estimulam a constru��o do corpo, de certos valores de medidas, tudo isso vai levar a uma supremacia da imagem do corpo na forma de identidade a qual os jovens idealizam os corpos”, conta. 

Mas, o que � valorizado e exaltado nas m�dias muda conforme “o que est� em alta no momento”. “Agora, valoriza a massa magra, magreza, de algo pr�ximo do fisiculturismo, na busca de um corpo estruturado. Mas, isso muda de uma forma muito r�pida. Aquilo que era idealizado em um momento, passa”, explica. 

A professora afirma que as pessoas devem ser cr�ticas a essa influ�ncia, principalmente quem � adolescente: “Tem que se perguntar: ‘ser� que tem que ser a Anitta?’”. 

Ana Maria explica que os jovens, em sua maioria, n�o levam em considera��o os multifatores que comp�em o biotipo de uma pessoa e tendem a se for�ar a encaixar no padr�o est�tico. “O peso pode estar relacionado com mais de 90 tipos de contribui��o gen�tica e isso tem rela��o com o ambiente”, pontua. 

“Na sociedade contempor�nea, n�s temos uma vida sedent�ria, uma alimenta��o muito rica em industrializados. � como se tivesse a luta de dois pontos: a press�o da magreza x sociedade obesog�nica (contribui para o aumento de peso). A gente sabe que � muito mais f�cil um artista ou uma pessoa que ganha dinheiro com o corpo que pode investir no corpo, mesmo que tenha predisposi��o, do que uma jovem que n�o tem o recurso financeiro para investir em cirurgias pl�sticas. E muitas vezes, esses corpos s�o moldados em photoshop”, comenta. 

O que � o culto � magreza?

O culto � magreza � uma express�o para comportamento social que relaciona o corpo magro � beleza. “Ideal da magreza ligado � ideia de fama, sucesso, rela��es amorosas e popularidade”, afirma a professora Ana Maria. 

Esse comportamento social cria a ideia de que as pessoas devem ser magras para serem felizes. Mas v�rios fatores fazem um corpo ser magro. “H� pessoas que j� trazem consigo uma predisposi��o inclusive gen�tica para a magreza. Elas apresentam o corpo mais magro. Exemplo: uma paciente com transtorno alimentar, anorexia, o grande inc�modo dela � ver que as amigas comem muito mais que ela e tem um corpo magro”. 


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