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Estado de Minas N�O � VIOL�NCIA

Dia Internacional para a Elimina��o da Viol�ncia contra as Mulheres: o assassinato das irm�s Mirabal que deu origem � data

O nome das irm�s Mirabal, assassinadas nos anos 1960 pela pol�cia secreta da Rep�blica Dominicana, se converteu em s�mbolo da luta da mulher e fez com que a ONU declarasse o 25 de novembro como o Dia Internacional da N�o-Viol�ncia Contra a Mulher.%u200E


25/11/2022 08:06 - atualizado 25/11/2022 08:39


Hermanas Mirabal
As irm�s Mirabal se converteram em um s�mbolo contra a viol�ncia de g�nero. Foto: Casa Museo Hermanas Mirabal (foto: BBC)

"Se me matam, levantarei os bra�os do t�mulo e serei mais forte".

Com esta frase, a ativista Minerva Mirabal, da Rep�blica Dominicana, respondeu aos que a advertiram de que o regime do presidente Rafael Le�nidas Trujillo (1930-1961) iria mat�-la, no in�cio da d�cada de 1960.

O alerta se concretizou pouco depois. Em 25 de novembro de 1960, seu corpo foi encontrado no fundo de um barranco, no interior de um jipe, junto com os corpos de suas irm�s, Patria e Maria Teresa, e do motorista Rufino de la Cruz.

A promessa de Minerva parece ter sido cumprida: a morte das irm�s nas m�os da pol�cia secreta dominicana � considerada por muitos um dos principais fatores que levou ao fim do regime trujillista.

E os nomes das irm�s Mirabal se converteram em um s�mbolo mundial da luta da mulher.

A cada 25 de novembro, a for�a de Minerva, Patria e Mar�a Teresa se faz sentir. A data foi declarada pelas Na��es Unidas como o Dia Internacional da N�o-Viol�ncia Contra a Mulher, em homenagem �s tr�s irm�s.

A gota que encheu o copo

Conhecidas como "Las Mariposas" (as borboletas), essas mulheres nascidas em uma fam�lia rica da prov�ncia dominicana de Salcedo (hoje chamada de Hermanas Mirabal) tinham forma��o universit�ria, maridos, filhos e cerca de uma d�cada de ativismo pol�tico na �poca em que foram mortas.


Rafael Leónidas Trujillo.
A pol�cia secreta da Rep�blica Dominicana assassinou as irm�s Mirabal por ordem de Rafael Le�nidas Trujillo. Foto: Getty Images (foto: BBC)

Duas delas, Minerva e Mar�a Teresa, j� haviam passado pela pris�o em v�rias ocasi�es. Uma quarta irm�, B�lgica Adela "Ded�" Mirabal, que morreu em 2014, tinha um papel menos ativo na oposi��o e conseguiu salvar-se.

"Elas tinham uma longa trajet�ria de conspira��o e resist�ncia, muitas pessoas as conheciam", explica para a BBC Mundo Luisa de Pe�a D�az, diretora do Museu Memorial da Resist�ncia Dominicana (MMRD).

Naquele fat�dico 25 de novembro, funcion�rios da pol�cia secreta interceptaram o ve�culo que transportava as irm�s em uma estrada da prov�ncia de Salcedo, no norte do pa�s.

As mulheres foram enforcadas e depois espancadas para que quando o ve�culo fosse jogado no precip�cio a morte parecesse resultado de um acidente de carro.

Tinham entre 26 e 36 anos e 5 filhos

"Foi um dia terr�vel, porque apesar de sabermos (dos perigos), n�o pens�vamos que o crime iria se concretizar", disse Ded� Mirabal no document�rio Las Mariposas: Las Hermanas Mirabal.

"Eu agarrava os policiais e dizia: n�o foi um acidente, as assassinaram."


Dede Mirabal
O assassinato marcou a vida de Ded� Mirabal (que aparece na foto) e a hist�ria da Rep�blica Dominicana. Foto: Getty Images (foto: BBC)

A popularidade das tr�s mulheres, somada ao aumento dos crimes, torturas e desaparecimentos daqueles que se atreviam a se opor ao regime de Trujullio fizeram com que o assassinato marcasse a hist�ria dominicana.

"O crime foi t�o horroroso que as pessoas come�aram a sentir-se totalmente inseguras, at� mesmo aqueles que eram mais pr�ximos do regime. Porque sequestrar tr�s mulheres, mat�-las e atir�-las em um barranco para fazer parecer um acidente � horroroso", explica De Pe�a D�az.

Nas palavras de Julia �lvarez, escritora americana de origem dominicana, a chave para explicar por que a hist�ria das irm�s Mirabal � t�o emblem�tica � que foi dado um rosto humano para a trag�dia gerada por um regime violento, que n�o aceitava dissid�ncias e que j� estava h� tr�s d�cadas cometendo assassinatos no pa�s.

"Esta hist�ria foi o 'basta' para os dominicanos, que disseram: quando nossas irm�s, nossas filhas, nossas esposas, nossas namoradas n�o est�o seguras, para que serve tudo isso?", afirma �lvarez, autora do romance El tiempo de las mariposas, que inspirou um filme de mesmo nome.

Nesse sentido, a diretora do Museu Memorial da Resist�ncia Dominicana afirma que todos os envolvidos na execu��o de Trujillo a tiros, em maio de 1961, "citam o crime das Mirabal como a �ltima gota que fez o copo transbordar".

O que se comemora no dia 25 de novembro

"As irm�s Mirabal levantaram os bra�os de seus t�mulos de um jeito muito forte", afirma Pe�a D�az.

Hoje Minerva, Patria e Mar�a Teresa s�o um s�mbolo da Rep�blica Dominicana. No pa�s caribenho, al�m de uma prov�ncia com o nome delas, h� um monumento em uma avendia central da capital Santo Domingo e um museu em sua homenagem, que se transforma em local de peregrina��o a cada 25 de novembro.

Al�m disso, desde 1981 a data de suas mortes se tornou, em toda a Am�rica Latina, um dia para marcar a luta das mulheres contra a viol�ncia.

Nesse dia foi realizado o primeiro Encontro Feminista da Am�rica Latina e do Caribe, em Bogot� (Col�mbia) - no qual as mulheres denunciaram os abusos de g�nero que sofriam no ambiente dom�stico, assim como a viola��o e o ass�dio sexual por parte dos Estados, como a tortura e a pris�o por motivos pol�ticos.

Em 1999, a ONU transformou o dia em uma data comemorativa internacional.

Cenas dolorosas

Para a escritora Julia �lvarez, se as irm�s Mirabal ainda estivessem vivas, teriam muitos motivos para continuar lutando.


Protesto de mulheres com a fotografia das irmãs Mirabal
A imagem das irm�s Mirabal lembra a situa��o de viol�ncia de g�nero na Am�rica Latina. Foto: AFP (foto: BBC)

"No mundo, os direitos de muitas mulheres ainda n�o s�o respeitados e muitas n�o t�m acesso � educa��o", afirma.

A viol�ncia de g�nero chegou a ser classificada como pandemia na Am�rica Latina. Segundo dados da Organiza��o Panamericana de Sa�de (Opas) de 2013, "entre um quarto e metade das mulheres declararam ter sofrido alguma vez viol�ncia por parte de um companheiro �ntimo".

Segundo a ONU, em todo o mundo, a viol�ncia dentro das pr�prias casas das mulheres � a principal causa de les�es sofridas por aquelas que t�m entre 15 e 44 anos.

Por isso, indica �lvarez, mesmo mais de meio s�culo depois da morte das irm�s Mirabal, "ainda � tempo das borboletas".

*Este texto foi publicado originalmente em 25 de novembro de 2017


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