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Estado de Minas ENCONTRO ANCESTRAL

Primeiro casamento LGBT � celebrado no Memorial do Povo Negro em BH

A cerim�nia entre Larissa e Kelma reuniu mais de 100 pessoas na orla da Lagoa da Pampulha no s�bado


28/11/2022 13:04 - atualizado 29/11/2022 10:10

Registro do casamento de Larissa e Kelma, duas mulheres negras, celebrado no Memorial do povo Negro
O Memorial do Povo Negro em BH foi escolhido por Larissa e Kelma para celebrar sua uni�o (foto: Arquivo pessoal)


O pneu do carro da noiva furou a caminho do casamento. �s 16h, com a decora��o preparada, m�sico apostos e convidados ansiosos pela entrada das noivas, uma tempestade atingiu Belo Horizonte. No entanto, nenhum imprevisto poderia impedir o casamento da psic�loga Larissa de Amorim Borges, de 41 anos, e da culinarista Kelma Zenaide, de 50 anos.
 
As duas escolheram o Memorial do Povo Negro, onde fica o Portal de Iemanj�, para realizar a uni�o, que celebrou o amor entre duas mulheres negras. O "encontro ancestral", como foi denominado o momento, reuniu mais de 100 pessoas na orla da Lagoa da Pampulha no s�bado (26/11).

Assim que estiou, as duas entraram pelo altar montado ao ar livre. Mesmo com a chuva forte, os convidados n�o arredaram o p�, aguardaram o c�u limpar, para assistir �s noivas dizerem "sim". Os padrinhos e madrinhas fizeram um corredor, com espada de S�o Jorge e flores amarelas, para receb�-las. "Entramos na pra�a, recebendo o amor de todo mundo, as pessoas molhadas, mas felizes".

Os pais de Larissa entraram antes dela. "Para n�s foi muito importante, porque muitas pessoas LGBT n�o t�m apoio dos pais. �s vezes, a primeira viol�ncia que a gente vive � no �mbito familiar".
 
Larissa foi levada pelo filho Enzo, e Kelma, por duas sobrinhas tamb�m crian�as, Dani e Maria Eduarda.O casamento religioso foi feito pela m�e de santo do Kilombo Manzo, Mametu Muiand�, e celebrado por Vanessa Beco. 
 
Larissa e Kelma, duas mulheres negras com cabelos trançados, se beijando durante a cerimônia de casamento. Seus vestidos remetem à africanidade
A uni�o reuniu cerca de 100 convidados na orla da Lagoa da Pampulha (foto: Arquivo pessoal)

"Tinha uma multid�o de gente preta, parecendo reis e rainhas, felizes. Muito colorido e bonito". Mametu Muiand� soltou uma pomba simbolizando a liberdade. "Fizemos os votos e convidamos a todos a falar com a gente que 'o povo negro tem direito ao amor'". As noivas se beijaram e entregaram uma oferenda para Iemanj�.
 
O momento foi de celebra��o para o casal e significou tamb�m uma conquista coletiva. "O amor foi negado para n�s de tantas formas, precisamos celebrar o amor para demonstrar que todo mundo tem o direito de amar e ser amado", afirma Larissa.
 
Ela est� se referindo ao preterimento das mulheres negros para relacionamentos amorosos. "A gente chega a um ponto que desiste. Somos levadas a desistir e desacreditar", afirma Larissa que defende que o amor � um direito coletivo.

Vestidos

As noivas vestiam trajes que remetem � africanidade que foram confeccionados, exclusivamente, para a cerim�nia por Beth, do BH Ra�zes. Larissa vestiu branco com detalhes com motivos africanos, tinha tran�as nos cabelos enfeites com b�zios e v�u Kelma vestiu amarelo e marrom, colares e enfeites nos cabelos. A estilista tamb�m confeccionou os vesidos das damas de honra e dos pagens, dos pais da noiva.

O in�cio

Kelma e Larissa se conhecem h� muitos anos, quando Larissa era estudante na PUC e Kelma vendia salgados na porta da faculdade. Mas, foi em 2018, que a hist�ria come�ou quando ambas participaram do Encontro Nacional de L�sbicas e Bissexuais em Salvador. A madrinha foi uma importante lideran�a do movimento negro, Benilda Brito.
 
Neste mesmo encontro, no momento de confraterniza��o, Larissa resolveu enviar um correio elegante para Kelma. "Eu sei que a fila est� grande, mas eu queria uma senha que eu vou esperar a minha vez", escreveu.
 
Na �poca que come�aram o namoro, Larissa era rec�m-separada e tinha dois filhos pequenos, Elisa e Enzo. "Kelma convive com eles desde pequenos. Elisa era um beb�". As fam�lias de ambas acolheram muito bem o casal. "Todo mundo acolheu e as fam�lias ajudam e nos protegem".

A cura 

Mametu consultou os orix�s para realizar o casamento entre duas mulheres. As noivas entendem o casamento uma celebra��o, mas tamb�m de espiritualidade, que ajuda a curar sequelas psicol�gicas do racismo e da LGBTFobia. "Foi um processo de cura para todos. H� alguns anos, as pessoas LGBT na n�o podiam nem sair de m�os dadas e, agora, a gente est� ocupando a pra�a p�blica para casar e de bonde, um monte de gente preta."

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