
Hoje (31/03) � celebrado o Dia Internacional da Visibilidade Trans, um dia n�o apenas para mostrar os desafios e preconceitos enfrentados por aqueles que ousam fugir do padr�o e ser quem realmente s�o, mas tamb�m para celebrar a luta e as conquistas desta comunidade.
O dia foi criado pela ativista trans Rachel Crandall, de Michigan, nos EUA, em 2009. O objetivo de Rachel era expor a falta de reconhecimento das pessoas transg�nero como pertencentes � comunidade LGBTQIA+ por parte da mesma. Desse modo, a data promove a conscientiza��o de toda a sociedade para a invisibilidade enfrentada por pessoas trans nas mais diversas esferas.
Confira 11 pessoas trans em destaque no Brasil:
Duda Salabert - Minas Gerais:
Duda � professora de literatura, ambientalista, e ativista. Ganhou visibilidade nacional ao ser a primeira pessoa trans a se candidatar ao cargo de Senadora da Rep�blica, em 2018, em 2020 foi eleita a primeira vereadora trans de Belo Horizonte, e em 2022 foi a deputada federal mais votada da hist�ria de Minas Gerais pelo pelo PDT. Para al�m das pautas identit�rias, Duda se destaca pela luta pela preserva��o do meio ambiente e pela melhoria da educa��o.
Casada com a educadora Raissa Novaes desde 2011, � m�e da Sol e, mesmo n�o sendo gestante ou lactante, conseguiu o direito � licen�a maternidade em 2019, um marco para o movimento transg�nero de Minas Gerais.
Erika Hilton - S�o Paulo:
Erika � vereadora eleita da cidade de S�o Paulo pelo PSOL. Negra e travesti, foi a mulher mais bem votada em 2020 em todo o Brasil. Ativista dos Direitos Humanos, Erika luta por equidade racial e g�nero alem de combater a discrimina��o sofrida pela comunidade LGBTQIA . Al�m disso, aposta na valoriza��o de projetos culturais para jovens perif�ricos. Em outubro de 2022 Erika Hilton se tornou a primeira pessoa trans a presidir uma sess�o na C�mara dos Deputados em sess�o solene em homenagem � vereadora Marielle Franco
Erika foi expulsa de casa aos 15 anos, quando precisou se prostituir para sobreviver, sendo resgatada pela m�e seis anos depois. Formou-se em pedagogia pela Universidade Federal de S�o Carlos (UFSCar), onde ingressou em movimentos sociais. Foi Presidenta da Comiss�o Extraordin�ria de Direitos Humanos em 2021, entrou para a lista “Next Generation Leaders” da revista Time, e foi considerada uma das "100 mulheres mais inspiradoras e influentes do mundo em 2022" pela BBC.
Bruna Benevides - Cear�:
Bruna viveu uma inf�ncia sofrida, sofria viol�ncia f�sica e bullying de colegas e da fam�lia. Aos 18 anos ingressou na Marinha do Brasil, mudou- se para o Rio de Janeiro e adotou uma vida dupla: Vivia como Bruna e se apresentava na noite. Em 2018 iniciou o processo de transi��o.
Ao passar por uma avalia��o psiqui�trica, foi diagnosticada como pessoa portadora de ‘transexualismo’, o que era considerado um ‘transtorno mental’. Foi ent�o afastada do cargo e considerada “incapaz” e lutou na justi�a para voltar a ativa, e mesmo conseguindo foi impedida de trabalhar por ser trans. Em 2014 se tornou secret�ria de articula��o pol�tica da Antra (Associa��o Nacional de Travestis e Transexuais) e organizadora do dossi� anual que mapeia a viol�ncia contra a popula��o trans no Brasil.
Keila Simpson - Maranh�o:
Keila se entendeu enquanto trans aos 14 anos, idade que decidiu sair de casa e se estabeleceu em Teresina. Devido � dificuldades, ingressou na protitui��o nos anos 80 e mudou-se novamente, para o Recife e depois para a Bahia, buscando melhor qualidade de vida e aceita��o. L� se criou a Associa��o de Travestis de Salvador.
Na d�cada de 90 se tornou ativista do Movimento LGBT, per�odo no qual atuou incisivamente na preven��o do HIV entre a comunidade LGBT. Em 2002 criou a Associa��o Nacional de Travestis e Transexuais, registrada como pessoa jur�dica em 2002, da qual � atualmente Presidenta. Em dezembro de 2022 se tornou a primeira travesti Doutora Honoris Causa no pa�s pela UERJ, sendo tamb�m a primeira pessoa trans a receber o t�tulo em vida.

Leandrinha al�m de militante nas causas de PCDs e LGBTs tamb�m atua como fot�grafa, produtora, blogueira e comunicadora. Diagnosticada com S�ndrome de Larsen, que afeta o desenvolvimento dos ossos ainda no �tero da m�e, se apropriou das redes sociais em 2017, defendendo a beleza de todos os corpos.
Em seus v�deos fala sobre sua sexualidade enquanto travesti e mostra seu dia a dia, jogando por terra a ideia capacitista de que pessoas com defici�ncia n�o s�o capazes ou n�o possuem uma vida sexual. Em 2019, foi convidada para discursar na Assembleia Legislativa de S�o Paulo, momento que aproveitou para falar da falta de acessibilidade na institui��o.
Symmy Larrat - Par�:
Symmy se tornou a primeira travesti a atuar em uma secretaria do Governo Federal em janeiro deste ano ao assumir o cargo de Secret�ria Nacional dos Direitos da Popula��o LGBTQIA , do Minist�rio dos Direitos Humanos. Al�m disso, � a atual presidenta da Associa��o Brasileira de Gays, L�sbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), organiza��o LGBTQIA mais antiga do pa�s.
Com cria��o fortemente crist�, se assumiu primeiramente como homossexual para sua fam�lia aos 16 anos. Encontrou um lugar de acolhimento na arte, ao se apresentar como drag queen. Se entendeu como pessoa trans anos mais tarde e aos 30 anos iniciou o processo de transi��o, e foi apoiada pela m�e.
Majur Harachell Traytowu - Mato Grosso:
Majur ganhou visibilidade nacional ao se tornar a primeira mulher trans a liderar uma aldeia ind�gena. Agora cacica, vers�o feminina de cacique, Majur lidera os mais de cem integrantes da comunidade Apido Paru, em Rondon�polis, Mato Grosso.
A ind�gena se descobriu enquanto pessoa trans aos 12 anos e conta que sempre foi respeitada pela comunidade. Apesar disso, afirma que o document�rio que protagonizou em 2018, do diretor Rafael Irineu, no qual conta sobre o processo de se descobrir transexual, foi fundamental para que as pessoas ao redor compreendessem melhor o processo pelo qual passava.
Luca Scarpelli - S�o Paulo:
Luca � um homem trans, bixessual, publicit�rio e influencer. � dono do canal no YouTube chamado Transdi�rio, onde fala abertamente sobre seu processo de transi��o e outros temas do universo LGBTQIA . Em 2022 Luca foi convidado para ser o primeiro homem trans da vers�o brasileira do reality ‘Queer Eye’.
Ano passado participou do document�rio “Eu, Um Outro”, de Silvia Godinho, que retrata a vida de homens trans no Brasil enquanto pa�s que mais mata a popula��o LGBTQIA no mundo. A obra foi exibida em festivais internacionais como o Outfest Los Angeles 2020, Melanin Pride Festival, 52º Festival de Bras�lia do Cinema Brasileiro e no 27º Mix Brasil.
Vit�ria Pinheiro - Amazonas:
Vit�ria, uma jovem travesti, negra e perif�rica, foi a �nica brasileira a ser nomeada como Ponto Focal da ONU em 2022. Integrou a Constituinte de Crian�as e Juventudes em Comunidades Sustent�veis representando internacionalmente crian�as e jovens da Am�rica Latina.
Ativista em defesa do meio ambiente e das causas clim�ticas, foi uma das representantes brasileiras na Confer�ncia do Clima das Na��es Unidas- COP-26 realizada em Glasgow, Esc�cia em 2021, foi selecionada pela TODXS como uma das 26 lideran�as LGBT no Brasil em 2017 e recebeu o t�tulo de Jovem Defensora dos Rios e Oceanos da Embaixada da Fran�a no Brasil.
Jordhan Lessa - Rio de Janeiro:
Jordhan percebeu que era diferente desde muito novo. Ao descobrir que era adotado, sendo seu av� seu verdadeiro pai biol�gico e a quem chamava de irm� era, na verdade, sua m�e. Saiu de casa e foi morar nas ruas, onde foi estuprado e engravidou aos 16 anos.
Concluiu o ensino m�dio j� na fase adulta e prestou um concurso para ser guarda municipal no Rio de Janeiro. Em 2014 Jordhan iniciou a transi��o de g�nero aos 46 anos e no ano seguinte fez a cirurgia de remo��o das mamas. Lan�ou um livro no qual conta sobre sua viv�ncia como homem trans e tamb�m atua como palestrante.
Marcelly Malta - Rio Grande do Sul
Marcelly superou com louvor a expectativa de vida da comunidade trans no Brasil, que � de 35 anos. Atualmente com 71 anos, � presidente da Igualdade RS e vice-presidente da Rede Trans Brasil. Aos 15 anos, se mudou para Porto Alegre, onde mais tarde acabou se prostituindo por n�o encontrar um emprego. Formou-se em enfermagem e atuou como servidora p�blica at� se aposentar.
Em 2016 foi homenageada por seu trabalho na �rea da sa�de e milit�ncia pela Comiss�o de Sa�de e Meio Ambiente da C�mara Municipal de Porto Alegre (COSMAM), no dia Internacional da Mulher. Desde 2020 arrecada cestas b�sicas para doar para a popula��o trans e travesti de Porto Alegre
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