
"Assumir este cargo � um marco hist�rico na cidade de Belo Horizonte. � um lugar desafiador e de total comprometimento. A Diretoria j� existia antes da minha chegada, mas ter a dire��o pela primeira vez de uma pessoa trans � muito importante para que as pessoas LGBTQIAPN consigam se reconhecer na gest�o da sua cidade”, afirma Gisella
“Meu objetivo como gestora n�o ser� de caminhar isolada. Uma das nossas prioridades � aproximar a diretoria da popula��o e dos movimentos sociais. Fazer com que a popula��o tamb�m participe das constru��es de pol�ticas p�blicas e abrir um espa�o de di�logo", completa.
Apesar de ter come�ado sua carreira p�blica, de fato, ao assumir a Diretoria na PBH, Gisella tem um hist�rico extenso envolvendo trabalhos sociais nos �mbitos municipal e estadual em organiza��es n�o governamentais (ONGs) e na administra��o p�blica, tendo destaque em conselhos, comit�s e organiza��o de eventos. Ela j� foi conselheira dos Direitos da Mulher e integrante do Comit� T�cnico de Sa�de Integral LGBT do Estado de Minas Gerais, colaborando na cria��o do Ambulat�rio Trans, que tem como prioridade o atendimento do processo de transsexualiza��o.
“Estar aqui [na Diretoria de Pol�ticas para Popula��o LGBT] � fruto de muitos trabalhos de lideran�as, de refer�ncias com as quais eu j� trabalhei dentro das pautas de direitos humanos, com alguns recortes, como o movimento LGBTQIAPN, o movimento negro, a interseccionalidade destes dois, o feminismo e o transfeminismo”, explica Gisella.
A ativista tamb�m afirma que seu pioneirismo no cargo est� acompanhado de muita responsabilidade – e representatividade.
“Para mim, [assumir a Diretoria de Pol�ticas para a Popula��o LGBT] � uma quest�o de responsabilidade, porque tem uma popula��o que acredita em mim, ent�o isso me deixa com ainda mais responsabilidades. Reconhe�o a import�ncia de estar � frente, at� porque eu trago viv�ncias que podem servir de exemplo para pensar em pol�ticas p�blicas mais pr�ximas da realidade”, conta a diretora.
"Muitas vezes � necess�rio causar esse inc�modo entre pessoas conservadores e preconceituosas. Mas n�o quero ser uma caminhada isolada, e sim coletiva. Posso ser a primeira, mas n�o posso ser a �ltima. A sociedade precisa se acostumar com a gente nesses espa�os", complementa ela.
A posse popular
Gisella conta que a posse popular que ocorreu no �ltimo s�bado j� era uma vontade desde que assumiu o cargo de diretora. Para ela, que � ativista h� cerca de 20 anos, o movimento social tem papel importante no direcionamento do poder p�blico.
“Era um desejo meu me apresentar para a sociedade e abrir esse di�logo. O m�rito � do movimento social, que organizou isso na figura do Cellos-MG (Centro de Luta pela Livre Orienta��o Sexual de Minas Gerais), uma institui��o que tem o respaldo e um compromisso sociais e entende que � importante chamar outras institui��es, outras lideran�as, outras inst�ncias de poder para demarcar esse espa�o e esse momento, afinal todo poder emana do povo”, conta ela.
“Meu ativismo partiu, primeiro, do princ�pio pessoal, compreendendo e buscando refer�ncias de luta por sofrer na pele a transfobia e o racismo. Quando percebi que havia um movimento em que se discutia, ainda que em espa�os diferentes, todas essas quest�es, senti a necessidade de me organizar. Eu n�o estou sozinha no mundo, h� pessoas organizadas discutindo com muita propriedade o combate a esses preconceitos”, completou Gisella.
Antes da posse, o Cellos-MG declarou que “a nomea��o de Gisella significa o protagonismo popular e uma repara��o hist�rica no poder p�blico de Belo Horizonte. � uma dupla conquista: de Gisella e do movimento social. Com isso, queremos estreitar as rela��es, ampliar as pol�ticas p�blicas e abrir novos caminhos”.
A��es na Diretoria
Como diretora de Pol�ticas para Popula��o LGBT, Gisella pretende fortalecer os equipamentos voltados para essa comunidade j� existentes em Belo Horizonte e torn�-los cada vez mais acess�veis � sociedade. Tamb�m pretende investir em pol�ticas de afirma��o e incentivar o di�logo com a popula��o civil, sendo a ponte entre ela e o poder p�blico.
“A gente ainda n�o tem um conselho LGBT, mas temos outros espa�os respaldados institucionalmente para fazermos esse espa�o de escuta e de participa��o cidad�. � n�tido, por exemplo, que pessoas trans est�o em desvantagem com rela��o � escolaridade, emprego, renda, cultura e lazer. Nossa vontade � erradicar de vez [essas diferen�as], mas nosso trabalho � impactar a m�dio e longo prazo", disse Gisella.
Um levantamento interno ser� feito para identificar onde h� aus�ncia de profissionais LGBTQIAPN nas demais secretarias do munic�pio.
A Diretoria
A Diretoria de Pol�ticas para a Popula��o LGBT � um �rg�o da PBH que comp�e o organograma da Secretaria Municipal de Assist�ncia Social, Seguran�a Alimentar e Cidadania (SMASAC). Seus objetivos estrat�gicos envolvem a elabora��o e a implementa��o de pol�ticas p�blicas que busquem combater a discrimina��o por orienta��o sexual e identidade de g�nero e promovam e garantam os direitos humanos e a cidadania da comunidade LGBTQIAPN no munic�pio.
O Decreto 16.580/2017 criou a Coordenadoria dos Direitos da Popula��o LGBT, e reconheceu o Centro de Refer�ncia LGBT enquanto equipamento p�blico constante na estrutura da Prefeitura de BH. Na reforma administrativa de 2017, as Coordenadorias vinculadas � pasta de Direitos Humanos assumiram status de Diretorias, passando a chamar Diretoria de Pol�ticas para Popula��o LGBT.
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