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Estado de Minas DISCRIMINA��O RACIAL

Vagas de trabalho online indicam prefer�ncia por brancas ou com 'boa apar�ncia', segundo pesquisa

As buscas foram feitas em junho do ano passado, em sites como LinkedIn, Catho, Vagas.com e Trovit


12/06/2023 15:56 - atualizado 12/06/2023 16:48
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Aperto de mão
(foto: Pixabay/Reprodu��o)
S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Procura-se m�e com experi�ncia, de prefer�ncia branca, para cuidar de um beb� de seis meses e uma crian�a de cinco anos em Pindamonhangaba, no interior de S�o Paulo. As tarefas incluem dar banho, preparar comida, entre outros servi�os dom�sticos.

 

Esse foi o perfil descrito em um dos 285 an�ncios de vagas de emprego analisados em um artigo rec�m-publicado nos Cadernos Ebape.br, peri�dico online mantido pela FGV Ebape (Escola Brasileira de Administra��o P�blica e de Empresas da Funda��o Getulio Vargas). A pesquisa discute as influ�ncias do racismo e do sexismo no recrutamento do mercado de trabalho.

 

As buscas foram feitas em junho do ano passado na rede social LinkedIn e nos sites Catho, Vagas.com e Trovit, que re�nem oportunidades de emprego.

 

 

Os pesquisadores dizem ter dado in�cio � pesquisa depois da repercuss�o do caso de uma cuidadora de Minas Gerais que denunciou, em 2019, um an�ncio da Home Angels Centro-Sul. No an�ncio, a empresa de cuidadores de idosos estabelecia algumas exig�ncias: m�nimo de tr�s meses de experi�ncia e as candidatas n�o poderiam ser negras e gordas.

 

� �poca a Home Angels afirmou que a respons�vel pelo an�ncio n�o possu�a v�nculo com a empresa e n�o havia sido autorizada a divulgar vagas em nome deles. Tamb�m afirmou que "repudia com veem�ncia todo e qualquer ato de inj�ria racial ou racismo, em todas as suas formas de manifesta��o".

 

Segundo Lu�s Fernando Silva Andrade, professor-assistente da Unesp (Universidade Estadual Paulista J�lio de Mesquita Filho) e um dos autores do artigo, ao procurar por termos em refer�ncia � pele negra, os pesquisadores encontraram somente vagas de a��es afirmativas.

"Mas, quando a gente buscou por pele branca ou nariz fino, olhos claros, cabelo liso, que s�o caracter�sticas normalmente vinculadas a pessoas caucasianas, a gente viu, sim, an�ncios que trouxeram esses elementos como fator de predile��o."

 

Em uma das ofertas analisadas, por exemplo, um empregador procurava uma mulher de meia-idade e preferencialmente branca para cuidar de um idoso com 86 anos. "A pessoa a ser cuidada tem limita��es imut�veis nesta altura de sua vida (Alzheimer)", justifica o an�ncio.

As vagas que indicavam explicitamente a prioridade por trabalhadoras brancas -como os an�ncios em busca de bab�, em Pindamonhangaba, e de cuidadora, em Arax�- foram todas encontradas no Trovit, um agregador que re�ne oportunidades de emprego divulgadas por outros sites, como o Infojobs e o Netvagas. Andrade afirma que a situa��o � mais comum para vagas de empregadas dom�sticas e cuidadoras.

 

No entanto, a maioria dos an�ncios analisados nas plataformas informava que o candidato deveria ter "boa apar�ncia", segundo a pesquisa. Para os autores, o termo � usado como um eufemismo para apontar predile��o por pessoas brancas.

 

"A boa apar�ncia � vinculada a caracter�sticas de pessoas negras, que historicamente s�o vistas como sujas. O cabelo, as tran�as, os dreads. Isso tudo s�o exemplos de caracter�sticas que as pessoas relacionam com corpos que n�o est�o limpos. Tamb�m tem a quest�o de relacionar corpos negros a trabalho pesado, suor e odores", diz Andrade.

 

 

Procurado pela Folha, o LinkedIn afirma que apoia iniciativas que estudam como tornar an�ncios de emprego mais igualit�rios e que pesquisas como a publicada no peri�dico da FGV s�o bem-vindas. "A pol�tica global de an�ncios de vagas do LinkedIn pro�be a discrimina��o em an�ncios de emprego com base em caracter�sticas protegidas, incluindo idade, g�nero, identidade de g�nero, religi�o, etnia, ra�a, nacionalidade, defici�ncia e orienta��o sexual."

 

A Vagas afirma que retirou os termos "boa apar�ncia" e "higiene pessoal" de an�ncios veiculados em seu site. A plataforma diz que n�o compactua com qualquer pr�tica discriminat�ria nem aceita termos que possam expressar tal atitude. Ainda segundo a Vagas, embora as empresas sejam respons�veis pelo conte�do publicado nos an�ncios, a plataforma tem uma equipe respons�vel por checar as informa��es.

J� a Catho afirma que o conte�do das vagas veiculadas em seu site � de total responsabilidade dos anunciantes. A plataforma diz que exclui an�ncios que contenham termos discriminat�rios e ofensivos quando identificados.

 

O Trovit n�o respondeu � tentativa de contato da reportagem at� a publica��o deste texto.

 

Uma lei federal, de 1995, pro�be qualquer pr�tica discriminat�ria e que limite o acesso � rela��o de trabalho, ou de sua manuten��o.

Segundo a advogada trabalhista Larissa Salgado, s�cia do escrit�rio Silveiro Advogados, termos como "boa apar�ncia" s�o subjetivos e devem ser evitados na sele��o de um empregado porque podem gerar o entendimento de que h� discrimina��o.

 

Segundo a especialista, h� algumas atividades em que o empregador pode pedir algo espec�fico ao profissional. "Quem trabalha em cozinha tem que ter unha curta e usar touca, por exemplo. Mas, quando eu for fazer o processo seletivo, isso vai ter que estar muito claro", diz.


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